SEM TETO - VISÍVEIS

Vidas sem teto, bem visíveis. Por Flavio F. de Figueiredo

– Para que colecionar números, se providência nenhuma é tomada? –

visiveis - moradores de rua - censo

 

PUBLICADO ORIGINALMENTE NO PORTAL DO ESTADÃO, BLOG FAUSTO MACEDO, 
EDIÇÃO DE 9 DE FEVEREIRO DE 2022

Na semana passada a Prefeitura de São Paulo divulgou o Censo da População de Rua 2021.

Em 2019 já havia apresentado estudo semelhante.

De 2019 para 2021, a quantidade total de pessoas em situação de rua saltou de 24.344 para 31.884.

Em 2019 foram contadas 12.651 pessoas em ruas, praças e espaços públicos e 11.693 em centros de acolhida.

Em 2021, os números passaram para 19.209 nas ruas, praças e espaços públicos e 12.675 em centros de acolhida.

Não seria preciso gastar dinheiro com este Censo de 2021. Bastaria que nossos dirigentes prestassem atenção nas ruas, onde diariamente vemos crescer a quantidade de pessoas abandonadas, em situação degradante.

Bastaria uma passagem pela região central da cidade, a visão das praças e debaixo de viadutos. A Cracolândia se espalhando em mini-cracolândias, como a instalada debaixo da passagem da Avenida Dr. Arnaldo para a Paulista. O camping a céu aberto para onde quer que se olhe.

Para que colecionar números, se providência nenhuma é tomada? A situação piora a cada dia.

Milhões de reais desperdiçados diariamente pelo município com serviços regiamente pagos e precariamente prestados, ou com funcionários que recebem pontualmente seus salários e que muitas vezes não respondem com a necessária dedicação, poderiam ter melhor destino.

A isso se dá o nome de gestão.

Para tanto são necessários gestores competentes, que percebam que toda a cidade só teria a ganhar acolhendo os necessitados e eliminando as ocupações indevidas de espaços públicos, que afastam negócios, moradores, turistas e toda sorte de geradores de empregos e pagadores de impostos. Sem esquecer a questão da violência.

O que o censo mostra de mais cruel é a incapacidade do município de oferecer condições mínimas de dignidade para seres humanos.

Percebam que enquanto a quantidade de pessoas que vivem efetivamente em ruas, praças e espaços públicos cresceu mais de 50%, a de acolhidos aumentou apenas 8%. O que acontece? Inércia? Incompetência? Tudo isso e mais algumas coisas?

Que será que estão esperando para tomar providências?

Contratar o Censo 2023, talvez, para medir quanto a situação piorou mais?

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Flávio F. de Figueiredo – engenheiro civil, consultor, conselheiro do Ibape/SP – Instituto Brasileiro de Avaliações e Pericias de Engenharia de São Paulo. Diretor da Figueiredo & Associados Consultoria.

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