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Como parar Putin? Por José Horta Manzano

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Muito tem sido dito sobre Vladímir Putin.

  • Que foi formado nos serviços secretos da finada União Soviética.
  • Que tem o perfil de chefe mafioso.
  • Que está sozinho no topo de um sistema vertical de governança.
  • Que tem pretensões expansionistas.
  • Que tem olhos mas não tem olhar.
  • Que o pouco que tinha de expressão facial se perdeu, congelado sob baldes de botox.
  • Que é frio, impiedoso e cruel.
  • Que sua imensa fortuna provém da espoliação do maior bilionário russo, que ele mandou condenar, num processo viciado, a pesados anos de masmorra na Sibéria.
  • Que sonha em entrar para a grande História como aquele que recompôs o Império Russo – não somente a URSS, mas o imenso império tsarista do século 19.

No empenho para alcançar o objetivo de reconstruir a Grande Rússia, a anexação da Ucrânia é apenas o primeiro passo. Certos analistas consideram altamente provável que a próxima vítima seja a Moldávia, pequeno país que faz fronteira com a Ucrânia e que tem o azar de não ser membro nem da Otan nem da União Europeia.

A partir daí, a empreitada começa a se complicar, visto que os países seguintes pertencem a uma das duas entidades (Otan ou UE), ou até às duas. Mas para Putin, que tem um dedo em cima do botão nuclear e que não se importa em ver correr sangue, isso não é problema. Será um problema para o resto do mundo. Reagir? Não reagir? Ninguém sabe como pode evoluir.

Como parar Putin?

Sanções econômicas, como se sabe, nunca derrubaram ditador nenhum. Se assim fosse, países que vivem há décadas sob pesado embargo (Cuba, Irã, Coreia do Norte, a própria Rússia) já teriam se livrado dos autocratas. Não ocorreu.

Usar a força bruta? Quem teria a ousadia de lançar um míssil sobre o Kremlin? Poderia ser o sinal de partida para o fim da humanidade.

Este blogueiro só enxerga uma saída. A possibilidade de sucesso, embora pequena, existe.

Primeira consideração

Os russos consideram os ucranianos como povo irmão. Todo russo tem um antepassado, um amigo, um vizinho, um parente ucraniano. Todo ucraniano tem um antepassado, um amigo, um vizinho, um parente russo. A ligação afetiva entre os dois povos é real.

 Segunda consideração

Sabe-se que a informação na Rússia é controlada. Não existe mídia independente. Os poucos jornalistas que ousaram criticar Putin estão hoje enjaulados nas neves siberianas. Ou simplesmente repousam debaixo de uma lápide.

Terceira consideração

A imensa maioria do povo russo, que só recebe a informação oficial filtrada pelo governo, não faz a menor ideia do que está ocorrendo na Ucrânia. Não sabem que soldados russos estão morrendo. Não sabem que o país irmão está sendo atacado com mísseis. Não sabem que tanques de guerra russos passeiam pelas ruas de Kiev. Não sabem que mulheres e crianças estão sendo trucidadas pelas tropas russas.

Se os russos soubessem o que realmente está ocorrendo, há boas chances de que se revoltassem. Se alguém tem poder de derrubar Putin e os mafiosos que o cercam não são as armas, mas o povo nas ruas. Já vimos isso duas vezes no Brasil.

Mas como levar ao povo a verdade sobre o que ocorre na Ucrânia?

Não estou capacitado a dar conselhos de informática, mas sei que há meios de “derrubar” sites e de substituir seu conteúdo. Também isso já vimos no Brasil.

Os países decentes teriam de reunir seus respectivos piratas informáticos (em português: hackers) e pedir que metessem mãos à obra – em esforço conjugado e orientado, não cada um por si. O intuito não é só “derrubar” as redes de informação russas, mas também inserir nelas informação verdadeira. Em língua russa, naturalmente.

Não me pergunte como fazer porque não saberia dizer. Mas imagino ser possível.

Só que tem uma coisa. Isso teria de ser feito rapidamente, enquanto as tropas russas ainda miram civis do país irmão. Daqui a alguns dias, quando tiverem ocupado a Ucrânia inteira e os combates tiverem cessado, será tarde demais. A invasão de uma insignificante Moldávia não é capaz de comover o coração dos russos, que não consideram os moldávios um “povo irmão”. Ou paramos Putin agora, na aventura ucraniana, ou podemos esquecer. A barreira é agora. Se ela for arrombada, ele vai se sentir livre para mandar suas tropas para onde bem entender.

Se o distinto leitor conhece algum hacker, peço-lhe a fineza de soprar-lhe a ideia ao pé do ouvido. Mas tem de ser rápido.

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JOSÉ HORTA MANZANO – Escritor, analista e cronista. Mantém o blog Brasil de Longe. Analisa as coisas de nosso país em diversos ângulos,  dependendo da inspiração do momento; pode tratar de política, línguas, história, música, geografia, atualidade e notícias do dia a dia. Colabora no caderno Opinião, do Correio Braziliense. Vive na Suíça, e há 45 anos mora no continente europeu. A comparação entre os fatos de lá e os daqui é uma de suas especialidades.

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