Traíra, truta. E querem robalo.

Traíra, truta. E querem robalo. Coluna Carlos Brickmann

EDIÇÃO DOS JORNAIS DE DOMINGO, 13 DE MARÇO DE 2022

Conheça os benefícios de 40 tipos de peixe | Veja Saúde

Preocupado com a alta dos combustíveis? Pois virá alta maior, já que o petróleo tipo Brent, padrão dos americanos, oscilava em torno de US$ 120 o barril e, no momento em que o caro leitor estiver lendo esta coluna, talvez já esteja a US$ 130. Traduzindo: no início de 2022, já prevendo que haveria um forte aumento do petróleo, o tradicional grupo Goldman&Sachs estimava em dólar a uns US$ 100 o barril até o fim do ano. Aí veio a guerra, vieram as sanções, e hoje o mesmo grupo calcula uns US$ 180 o barril no fim do ano. Com 10% a mais ou a menos, não se surpreenda se chegar a US$ 200.

Mas esta não deve ser sua maior preocupação. O trigo já subiu uns 50% desde o início da guerra, há umas duas semanas. Deve subir mais, pois tanto Rússia quanto Ucrânia estão entre os maiores produtores e exportadores do mundo. O Brasil consome pouco mais de 13 milhões de toneladas por ano, das quais entre cinco e sete milhões vêm do Exterior. Sobe o trigo, sobem pão, macarrão, alimentos básicos. A alta do petróleo faz com que o trigo suba mais, por causa do transporte. E, embora isso dependa de uma série de outros fatores, a alta (ou falta) de fertilizantes, que importamos da Rússia, Belarus e região, também joga para cima não só o preço do trigo, mas de toda a safra.

Pouco? Quem comanda a economia é Bolsonaro. Que já disse que está louco para largar o bastão e se dedicar à pescaria. Os peixes visados sabemos quais são – esses do título. Pior é que largar o bastão é o que ele menos quer.

Hora dos profissionais

No meio da confusão da economia, e com problemas externos, seria a hora de juntar um grupo de grandes profissionais, talvez até formando um governo de união, para evitar que a economia descambe mais e para garantir a toda a população o essencial: três refeições por dia.

Mas o superministro da Economia está mais preocupado em manter-se no cargo do que em exercê-lo. União nacional nem seria difícil: muitos que apoiaram Dilma e Lula hoje apoiam Bolsonaro, e se Lula ganhar se atiram de novo em seus braços. O problema é fazer a divisão – não do governo, mas dos frutos do governo.

Caminhos a escolher – petróleo

E há como trabalhar enfrentando e vencendo dificuldades. Petróleo, por exemplo: o Brasil produz boa parte do que consome, a custo bem mais baixo que o do óleo importado. Produz biodiesel vegetal, que é misturado ao diesel na proporção de 12% (e poderia elevar a mistura a 14%), produz etanol, e mistura 27% à gasolina. Há setores que defendem o uso de gás natural em caminhões, em vez do diesel. Garantir que a Petrobras não seja assaltada também é bom. Estatal ou privada, a Petrobras é um símbolo do Brasil. Não valeria a pena verificar se tudo na empresa funciona como deve?

Caminhos a escolher – fertilizantes

Há duas lendas sobre fertilizantes no Brasil: uma, de que não temos como produzi-los; outra, de que há matéria-prima, mas só em terras indígenas. São lendas. Sergipe tem potássio (a dona é a Vale) e poderia triplicar a produção, mas ninguém investe. Há potássio do Recôncavo Baiano ao Espírito Santo, mas não se pesquisa o potencial das jazidas. Há muito potássio na Amazônia, da confluência do rio Madeira com o Amazonas a até 400 km de distância.

De fósforo, também essencial, temos uma dúzia de pontos de produção, que já respondem por metade do consumo nacional. É estudar como ampliar a produção. Isso dá trabalho, pede investimento. Botemos a culpa nos russos.

Proposta de paz

O Governo israelense propôs à Ucrânia que leve a sério a possibilidade de atender a algumas exigências russas para fazer a paz. Principais pontos: desistir de Donestk e Donbas, de maioria russa, que se converteriam em repúblicas independentes; declarar-se neutro; e comprometer-se a não aderir à OTAN.

Se não aceitar as condições, disseram os israelenses, os russos irão até o fim, e a Ucrânia, cedo ou tarde, será destruída. Não se trata de um plano israelense de paz: dizem altos oficiais que apenas levam mensagens de um lado a outro do conflito. Israel tem boas relações com os EUA, seus aliados, e a Rússia, que garante o regime sírio, mas não se opõe às incursões dos caças israelenses contra alvos iranianos (que os russos também não querem por lá).

Um rabino para todos

O jornalista Jayme Brener lança na quinta-feira, 17, a biografia “Henry Sobel – o rabino do Brasil”, com novidades sobre a trajetória do rabino que enfrentou a ditadura militar e acelerou o diálogo inter-religioso no país. O lançamento acontece às 19h na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo. Mais informações em www.henrysobel.com.br .

Li o livro e gostei. Fala de qualidades e defeitos, não trata o rabino como um ser perfeito – perfeito, só o Senhor. Humano, muito humano. Fã do rei David, homem também imperfeito, que escreveu salmos religiosos eróticos, unificou o povo judeu e mandou um general amigo para a morte certa, para ficar com sua esposa Betsabá. Um dos filhos do casal foi o rei Salomão.

___________________________________________________________
CURTA E ACOMPANHE NOSSA PÁGINA NO FACEBOOK
NO TWITTER:  @ChumboGordo
____________________________________________________________
ASSINE NOSSA NEWSLETTER NO SITE CHUMBOGORDO (www.chumbogordo.com.br)
___________________________________________________
COMENTE:
carlos@brickmann.com.br
Twitter:@CarlosBrickmann
www.brickmann.com.br
______________________________________________________________________

2 thoughts on “Traíra, truta. E querem robalo. Coluna Carlos Brickmann

  1. A Petrobras, símbolo do Brasil, cuida dos seus: https://www.terra.com.br/economia/presidente-da-petrobras-deve-receber-bonus-milionario-diz-jornal,953923321189b068881c75b9af8f6e590dvttjiw.html .

    Sobel caindo em tentação: o livro cita (e justifica) o lamentável evento da gravata surrupiada em loja de grife?
    Sim, eu sei, atire a primeira pedra…
    Porém só lembro que, de repente, um único evento põe abaixo toda uma vida de credibilidade.

    1. Prezada. Bom dia. Saiba que lhe escrevo estas palavras respeitosamente. Fazia tempo que eu não visitava o Chumbo. Dias atribulados. Ao fazê-lo agora, deparo com tua ‘pedrada’. Não vou discorrer sobre a justiça das pedradas, ainda hoje muita praticada por islâmicos como pena autorizada pela shariah, mas gostaria de lhe emprestar um conselho: antes de apedrejar alguém, mesmo que aparentemente culpado, pense em coisas como perdão, aceitação de nossa precária condição humana comum, direito à chance de reparação e, assim, de redenção. Todos merecem uma chance. Inclusive um rabino, por acaso um grande ser humano. Em suma, minha cara, antes de apedrejar, dê a seu alvo a chance de se desculpar e de, ao menos, tentar reparar o mal que causou. Acredite, a Sra. fará um bem imenso à vítima das pedradas que poderiam ocorrer, e maior ainda a si própria. Todo perdão é um perdão a si mesmo. E creio também que, se a Sra. procurar informações a respeito desse caso, as encontrará facilmente. Nem preciso eu lhe dizer o que realmente ocorreu. Talvez a Sra. descubra que o criminoso não era tão criminoso assim. Talvez descubra, tarde demais, que tua pedrada atingiu alguém que já era uma vítima antes mesmo de a Sra. vitimá-lo mais uma vez. Por favor, deixe os bons mortos em paz. Sobel merece ser lembrado por muito mais que isso. Lembre-se de que a ‘credibilidade’ a que a Sra. alude não é coisa que deve perturbar apenas os mortos. Ela pode faltar aos vivos também…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Assine a nossa newsletter