inimigo - ansiedade

Criar um inimigo. Por Meraldo Zisman

(Seria um artifício para manter o equilíbrio mental?)

Ter ou criar um inimigo é importante para definir a nossa identidade, mas também para auferir o nosso sistema de valores e mostrar, assim, o seu próprio valor. Em política, é um meio de manter a coesão e a lealdade à autoridade. A situação mundial atual é marcada por polarizações não poucas vezes violentas.

Desde a Ilíada de Homero (VIII A.C.), para não irmos para tempos mais passados, nada mudou. As caças às bruxas, guerras frias ou quentes, fazem parte da nossa dinâmica psicossocial e econômica. Destaco que qualquer nação, estado ou tribo necessita ter ou fabricar um inimigo para manter a coesão. Na sua ausência real, deve inventá-lo. O ódio junta mais que a afeição e desconheço algum tempo sem guerra.

No caso dessa invasão de Putin, que já resultou em mais de dois milhões de pessoas brancas e de olhos azuis refugiadas, portanto, mais assemelhadas aos demais europeus, é um problema sem invocação racista! Sei também do perigo do armamento nuclear e que outras guerras estão ocorrendo em regiões mais pobres e sem marquetagem midiática. Todos e todas, bolsões anônimos de iguais morticínios.

Em resumo: a má informação é mais desesperadora do que a não informação… Daí a importância do anonimato.

Arquitetar um inimigo faz-se necessidade, cada vez mais; inventar um oponente é cada vez mais importante.

Sem desejar ser mais um futurista, creio que os vírus, as armas biológicas ou químicas serão ultrapassadas. Os sinais já foram disparados pela mania midiática de assustar os mortais. A pandemia do coronavírus já deu canseira e a guerra da Rússia contra a Ucrânia é agora o noticiário garantido.

Como antigo psicoterapeuta, pergunto: será que a era da ansiedade ficará cada vez mais forte?

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Meraldo Zisman Médico, psicoterapeuta. É um dos primeiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Vive no Recife (PE). Imortal, pela Academia Recifense de Letras, da Cadeira de número 20, cujo patrono é o escritor Alvaro Ferraz.

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