injustiça

Brasil, o país da Injustiça. Por Edmilson Siqueira

…Ora, se achamos normal e até correto grafar “Justiça” então também teremos que achar normal e correto grafarmos “Injustiça” com a inicial maiúscula, pois se a primeira se refere a homens e entidades, a segunda (Injustiça) está muito mais presente no Brasil do que sua oponente…

injustiça

Quando citamos a Justiça brasileira em algum texto, é normal que a primeira letra seja maiúscula, embora ela não seja considerada um nome próprio e se refira a um conjunto de entidades e pessoas reunidas num poder, o Judiciário, este sim grafado com maiúscula por ser nome próprio, assim como Legislativo e Executivo.

Ora, se achamos normal e até correto grafar “Justiça” então também teremos que achar normal e correto grafarmos “Injustiça” com a inicial maiúscula, pois se a primeira se refere a homens e entidades, a segunda (Injustiça) está muito mais presente no Brasil do que sua oponente.

Por exemplo: temos um ex-presidente condenado em três instâncias que não cumpriu nem um décimo da pena e a “Justiça” brasileira, com uma desculpa encontrada no produto de um roubo, decidiu condenar o juiz que o condenou, passou por cima de todas as provas e liberou o condenado de qualquer pena. E ele está prestes a governar o país de novo, apesar das condenações eivadas de provas de corrupção e lavagem de dinheiro.

A tal da “Justiça” brasileira conseguiu, atropelando leis e o bom senso, fazer de um criminoso condenado e que ainda não cumpriu suas penas, o candidato favorito de um eleitorado à deriva, onde uma boa parte troca seu voto por esmolas travestidas de benefícios sociais e outra ideológica, que acha que a esquerda – que não foi solução em lugar nenhum do mundo – vai ser solução por aqui. Não foi, como vimos. Nem será, como veremos.

Há outro exemplo notório: o atual presidente da República, candidato à reeleição, vem cometendo crimes em série desde que assumiu o poder, mas principalmente, a partir da constatação de que o mundo estava enfrentando uma pandemia. A partir daí seus crimes extrapolaram a corrupção rasteira à qual ele estava acostumado e ganharam a proporção de assassinatos em massa. Pregando contra medidas sanitárias, receitando remédios sem ser médico e, pior, remédios e ineficácia comprovada contra a covid 19, promovendo aglomerações, incentivando o não uso de máscaras, berrando contra medidas preventivas como o lockdown e – crime dos crimes – recusando comprar quantidade maior de vacinas e atrasando a compra de outros setores, o atual presidente colaborou, e muito, para que o Brasil se posicionasse no topo das tabelas de mortos pela covid.

Países que adotaram as medidas restritivas, incentivaram e obrigaram até o uso de máscaras e o lockdown, tiveram percentual de mortos bem menor que o do Brasil. Então é óbvio se pensar que, dos mais de 660 mil mortos, uns 300 mil podem ser colocados na conta dele. E a tal da “Justiça” brasileira nada fez, apesar das provas todas do comportamento assassino do presidente.

Há milhares de outros exemplos circulando por aí, como a soltura em série de criminosos comuns e políticos corruptos, com as mais infantis desculpas aceitas por juízes que, se não foram corrompidos para cometer tais absurdos, só podem ser totalmente ignorantes do que manda a lei e, portanto, não poderiam jamais ser juízes.

Esta semana mesmo tivemos o senador filho do presidente dizendo que comprou uma mansão de 5,5 milhões de reais com dinheiro que ganhou como advogado, embora não se saiba que processos ele comandou pois não há qualquer registro de suas atuações e, pior, essa é a segunda versão de como ele conseguiu pagar o imóvel. Já houve uma anterior, que batizava a fortuna como resultado de sua atuação como empresário. Sim ele foi sócio de uma (uma!) franquia de uma loja de chocolates num shopping do Rio. Essa loja tinha uma curiosidade: seu faturamento era sempre muito superior à média das lojas da franquia. E a tal da “Justiça” brasileira, nunca requisitou da dona da franquia a quantidade de chocolate que fornecia à loja para comparar com o resultado das vendas. Por isso, eu jamais direi que a loja era uma fachada para lavagem de dinheiro oriundo de outros crimes.

Ontem, quinta-feira, 2 de junho, li que um ministro do STF derrubou uma decisão colegiada do TSE para livrar da pena um ex notório corrupto (só no Brasil mesmo!) deputado estadual.

E hoje o mesmo ministro livrou mais um deputado cassado, que voltou a ser livre para continuar a fazer o que fazia antes.

Ambos os deputados soltos são bolsonaristas e com essas “decisões”  o ministro do STF paga o capitão do Alvorada, que o indicou e o nomeou para o vitalício cargo contra todas as previsões e contra até o currículo do candidato.

Diante da farra do ministro, o jornalista Diogo Mainardi, escreveu no site O Antagonista: “É o vale tudo eleitoral no STF, que rasga todas as decisões judiciais para beneficiar o bando de cá ou o bando de lá. As urnas já foram fraudadas antes de serem abertas.”

Em suma, a fidelidade de pelo menos quatro ministros da nossa corte maior ao atual presidente que quer se manter no local do crime e ao ex-presidente que quer voltar ao local do crime está garantida. Eles são fiéis a quem os nomeou e não à Constituição e às outras leis que, para eles, só servem quando servem aos seus interesses pessoais.

A nossa maior corte não é de Justiça e sim de Injustiça.

___________________________

Edmilson Siqueira é jornalista

________________________________________________

1 thought on “Brasil, o país da Injustiça. Por Edmilson Siqueira

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Assine a nossa newsletter