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Os arautos da verdade & Os reis das fake news. Por Wladimir Weltman

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“Em tempos de mentiras, dizer a verdade é um ato revolucionário.”

– George Orwell

Um jornal de Cleveland anunciou hoje que Sean Penn e Ben Stiller e outras 23 pessoas de destaque nos EUA estão proibidos de entrar na Russia. O Ministério das Relações Exteriores da Federação Russa anunciou a proibição na segunda-feira, dia 5 de setembro.

O motivo para barrar of dois artistas seria porque Sean Penn tem criticado constantemente a Rússia depois de rodar um documentário sobre a invasão da Ucrânia; e Stiller é embaixador do Alto Comissariado da ONU para Refugiados e visitou a capital da Ucrânia, em junho.

No mesmo mês que Ben Stiller deu seu apoio aos refugiados ucranianos, o Presidente Jair Bolsonaro foi a Moscou levar a “solidariedade brasileira”, ao presidente russo, Vladimir Putin. O líder russo então nomeou o Brasil como o parceiro mais importante da Rússia na América Latina…

Bolsonaro gosta de se inspirar em “grandes” líderes internacionais como Putin e Donald Trump em suas ações e palavras. Certamente já deve ter dado ordens ao Itamaraty para negar visto a artistas e celebridades como Lauren Jauregui, Halsey, Michelle Visage, Aja, Rina Sawayama, Raymond Braun e Indya Moore, pois eles foram às redes sociais escancarar sua oposição à candidatura de Bolsonaro nas próximas eleições. Os brasileiros Pabllo Vittar, Gloria Groove e Aretuza Lovi certamente perderão os passaportes e a cidadania se o Bozo for reeleito, porque também participaram desse protesto.

Outro que certamente será barrado no aeroporto é Leonardo DiCaprio. É que o ator recentemente foi às mídias sociais incentivar os jovens brasileiros a só votar em candidatos preocupados em preservar os ecossistemas do Brasil. Na época, o ator escreveu: “O Brasil abriga a Amazônia e outros ecossistemas críticos para as mudanças climáticas. O que acontece lá é importante para todos nós e o voto dos jovens é fundamental para impulsionar a mudança para um planeta saudável”. Não creio que alguém no Planalto tenha ficado satisfeito com isso, ainda mais em ano de eleição…

Em 2016, quando ainda era apenas deputado federal, Jair Bolsonaro foi entrevistado pela atriz norte-americana Ellen Page (aquela que recentemente assumiu oficialmente sua mudança de sexo de mulher para homem). Na época, Page rodava a série documental “Gaycation” sobre lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros ao redor do mundo. No seu jeito “brilhante”, Bolsonaro deu uma cantada na moça dizendo que não tem nada contra ela, “porque é muito bonita”, e completou dizendo que quando era jovem não havia tantos gays, “mas agora, graças aos hábitos liberais, drogas, mulheres trabalhando, o número de homossexuais aumentou muito”. A imagem que o documentário exibiu dele não foi das mais positivas, por isso acho que Page seria outra impedida de entrar no Brasil.

Juntando-se a essa galeria de VIPs da sétima arte barrados no país, tem o ator inglês Stephen Fry, que em 2013 também entrevistou Bolsonaro, então deputado, para seu programa OUT THERE da BBC. Era uma série sobre homofobia ao redor do mundo. Após o encontro Fry disse que sua entrevista com Bolsonaro foi um ‘confronto horripilante’ e pediu aos brasileiros que não votassem nele em 2018. Infelizmente ninguém ouviu seu pedido.

Não é de hoje que governos autoritários e de tendências fascistóides costumam buscar caminhos para impedir, isolar, calar e, se possível, aniquilar críticas e qualquer oposição.

Exemplo máximo disso foi Adolf Hitler, que fez uma lista de desafetos que queria riscados do mapa. Nomes como Charles Chaplin, Jean Renoir, Winston Churchill, Baden Powell, Noel Coward, Virginia Woolf, John Wayne, os três patetas e uma infinidade de políticos, escritores, atores, cientistas, músicos, chefes de indústria e líderes religiosos, num total de 2.820 “inimigos do Estado, traidores e indesejáveis  marcados para punição ou morte”. Stalin efetivamente deu fim a toda e qualquer oposição que havia contra ele dentro e fora da União Soviética.

Na hora de votar. Por favor, pense nisso.

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WLADIMIR WELTMAN – é jornalista, roteirista de cinema e TV e diretor de TV. Cobre Hollywood, de onde informa tudo para o Chumbo Gordo

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(DIRETO DE LOS ANGELES)

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