Esses benditos pênaltis! Blog Mário Marinho
Esses benditos pênaltis!
Você imaginaria o centroavante goleador do São Paulo, Calleri, perdendo um pênalti decisivo para o seu time?
E o atacante Lucas que voltou ao Tricolor depois de festejada passagem de 10 anos pelo futebol europeu?
E o Zico, o Galinho de Ouro?
E o doutor Sócrates?
E Raí, craque e irmão do doutor Sócrates?
E, por que não, Pelé?
Difícil de imaginar, não é?
Mas acontece.
Pois com o São Paulo perdendo por 1 a 0 seu jogo de vida ou morte contra o Botafogo, nesta quarta-feira, valendo a classificação para a Libertadores, a torcida foi ao delírio quando o juiz marcou pênalti contra o Botafogo. E vibração ainda maior quando o craque Lucas Moura colocou a bola na chamada marca fatal.
Confiante, respirou fundo, correu, bateu e mandou a bola lá nas alturas.
Quase terminando o jogo, eis que o goleador aparece e, de cabeça, empata e manda a decisão para os pênaltis.
Diz a tradição desse tipo de decisão, que as duas mais importantes cobranças são a primeira e a última. Portanto, os melhores batedores são reservados para esses relevantes momentos.
E lá se foi, portanto, Calleri bater o primeiro pênalti da decisão.
Cheio de natural confiança, correu, bateu e mandou a bola nas mesmas alturas que o outro craque, Lucas Moura.
Seguiram-se as cobranças e o Botafogo acabou eliminando o São Paulo da Libertadores.
Resultado até justo por um primeiro tempo muito, mas muito melhor que o adversário. É verdade que o São Paulo equilibrou o jogo no segundo tempo e levou a decisão para a marca fatal.
Mas, aí, falou mais alto a tranquilidade do time de Mané Garricha que venceu a disputa 5 a 4, e se classificou.
Nem pense em sacrificar seus ídolos pela perda de um pênalti.
Zico é considerado até hoje o maior ídolo do Flamengo. Perfeito nos dribles, nos lançamentos, nas cobranças de faltas inclusive de pênaltis. Quase um Pelé.
Mas naquela tarde, 21 de julho, em que o Brasil disputava com a França a classificação para a semifinal da Copa de 1986, no México, o Galinho falhou.
O jogo estava empatado, 1 a 1, quando Zico foi derrubado dentro da área e o juiz marcou o pênalti.
Nada mais natural que ele mesmo, Zico, fizesse a cobrança. E lá foi ele com a calma de sempre.
Se posicionou, correu e bateu… e bateu mal, muito fraco, e o goleiro francês Bats defendeu. Se tivesse convertido, o Brasil teria vencido por 2 a 1 e se classificaria.
Ao invés disso, o jogo foi para a prorrogação que terminou sem gols e daí fomos nós para o sofrimento dos penais.
E o primeiro a bater foi o doutor Sócrates que nem tomou muita distância, tamanha era sua confiança. Correu, bateu e o goleirão Bats defendeu mais uma vez.
Na sequência, o craque Michel Platini também perdeu a sua cobrança.
Tudo empatado.
O zagueiro Júlio César cobrou o último pênalti brasileiro. Tomou enorme distância, correu e encheu o pé. Uma pancada. A bola explodiu no travessão.
Fernandez, que era atacante do PSG, foi lá e bateu com tranquilidade, eliminando o Brasil.
Raí, o irmão do doutor Sócrates que brilhou no Brasil e no francês PSG, perdeu não só uma, mas duas cobranças num mesmo jogo.
Foi no dia 28 de novembro de 1999, no Morumbi.
São Paulo e Corinthians jogavam para decidir quem iria para a final do Brasileirão.
O jogo estava 3 a 2 para o Corinthians quando o juiz assinalou um pênalti contra o Timão.
O craque Raí, que um ano antes havia retornado da França para o Morumbi, claro, foi o encarregado da cobrança.
Correu, bateu no canto esquerdo. Exatamente para onde pulou o goleirão Dida, do Corinthians, que defendeu.
Aos 46 minutos do segundo tempo, outro pênalti. E lá se foram os dois mesmos atores: Raí e Dida.
Mudou só o canto: Raí bateu no canto direito, para onde pulou e defendeu o goleirão para nova defesa.
Naquele ano, após eliminar o São Paulo em mais um jogo, o Corinthians enfrentou o Atlético Mineiro e sagrou-se campeão Brasileiro.
Mas, e Pelé?
Pelé não perdeu apenas um, mas cerca de duas dezenas.
Explica-se:
Ele era o cobrador oficial de pênaltis do Santos. Muito natural, portanto, que ele acabasse perdendo algumas cobranças, até porque o time do Santos tinha ataque avassalador e quase sempre esse ataque era parado com falta. E falta dentro da área. Ou seja: pênalti.
Lá ia o Rei que até inventou a paradinha que depois foi proibida pela Fifa.
Um de seus primeiros pênaltis perdidos aconteceu contra o Corinthians, no dia 7 de dezembro de 1958. Pelé tinha 18 anos e o jogo, válido pelo Campeonato Paulista, foi disputado na Vila Belmiro.
Pelé perdeu um pênalti defendido pelo goleiro Cabeção, mas não fez muita falta: o Santos venceu por 6 a 1, com 4 gols de Pelé.
Para matar saudades, eis os dois times:
SANTOS: Manga; Getúlio, Ramiro, Zito e Urubatão; Dalmo, Dorval, Jair Rosa Pinto e Pagão; Pelé e Pepe.
Técnico: Luiz Alonso Perez (Lula)
CORINTHIANS: Cabeção; Olavo, Oreco, Idário e Walmir; Roberto, Bataglia, Índio e Zague ; Rafael e Tite.
Técnico: Cláudio.
Os gols da quarta-feira:
https://youtu.be/GhNcSwMx-bk?si=u6ZPM-UD8qnhttMR
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
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