Ráshitágui AgoraÉQueSomosTodosNós

MARLI GONÇALVES

Acabou uma semana rashitagueana, pelo menos como estava previsto na campanha #AgoraÉQueSãoElas, na qual colunistas homens cederam seus espaços nos jornais a mulheres para que elas se expressassem nas mais diversas áreas de conhecimento. E agora? Será que daqui a uns dois anos alguém vai lembrar de novo da desigualdade e dar o quê? Eu terei 137 anos quando nós, mulheres, teremos igualdade de oportunidade, segundo mais um desses estudos malucos

Valeu. Interessante. Palmas para todos os participantes. Mais palmas. E vaias, muitas vaias para o Deputado Eduardo Cunha, seu Projeto de Lei ridículo e toda a penca de deputados sórdidos que pretendam votar a seu favor. Homens, claro; todos muito religiosos, ciosos da moral e dos costumes. Vamos jogar uma praga boa neles se fizerem isso, daquelas que não haverá remédio azul que resolva. Se houver mulheres que aceitem essa Lei, rogaremos fortes pedidos para que quebrem suas unhas, desfiem sua meias, que a calcinha dê aquela entradinha e elas não possam puxar. Não é sexo e vaidade, não é liberdade com o corpo o que querem acabar?

Claro que já ouvi exageros como o de que começou a “primavera feminista”, uma vez que grupos de mulheres têm se posto mais decididas e nas ruas e que finalmente o tema aborto, sua legalização e ou descriminalização está na pauta. É tanta sede que a gente corre ao pote ao menor sinal. O deputado dos olhos perversos e desculpas péssimas acendeu o pavio. Mas falta muito para que seja primavera, embora muitas mártires já tenham sido sacrificadas.

Não foi só essa ráchitágui – eu sei que escreve hashtag, mas abrasileirei – que se espalhou nos últimos dias; essa foi só a mais intelectual, palatável aos grandes senhores. Teve a #MeuPrimeiroAssedio que acendeu a memória de milhares de mulheres sobre episódios de nossa meninice brejeira natural que sempre teve algum abusado por perto. Li muitas histórias, algumas até me lembraram como foi a minha própria vez; é uma vez que marca a memória como ferro em brasa, com seus sons, cores e cheiros que voltam durante toda a vida. Ótimo ouvir a expressão, a expulsão desse demônio. Teve ainda a #ChegaDeFiuFiu, em prol de mais respeito com as mulheres nos espaços públicos.

Ando feliz demais vendo na boca-do-povo a questão da libertação feminina pela qual me bato há tantas décadas. Feminista, ainda sinto que há um peso na palavra, mas pouco importa isso agora. Mulheres estão se dando as mãos novamente e saindo em busca de seus direitos e de sua dignidade. Vamos apitar publicamente contra o assédio sexual no transporte, no trabalho, contra a violência doméstica e a falta de amparo na saúde.

Talvez consigamos avançar mais alguns passos e que eles sejam largos e fortes o suficiente para chutarmos para bem longe o retrocesso, o atraso e o convervadorismo. Nós, mulheres, sabemos cruzar as pernas, mas também sabemos bem como nos defender com elas.

Vamos tentar fazer tudo sem isolamento, sem divisão, para que seja ainda mais completa a faxina e a reforma que buscamos.

#AgoraSomosTodosNós. #ForaCunha. E fora todos esses e essas que deixaram esses piolhos se criarem em nosso solo.

São Paulo. 2015.

MARLI GONÇALVES, JORNALISTA – Por mais colunistas mulheres na mídia.

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