O Artilheiro. Coluna Mário Marinho

O Artilheiro

COLUNA MÁRIO MARINHO

O gol é a vitamina que mantém vivo o futebol.

A meta do jogo é esta mesmo: vazar a meta adversária defendida por um goleiro que teima e faz o possível para impedir o glorioso momento do gol.

Por ser difícil, o gol é comemorado ao paroxismo.

Nos meus tempos de criança e adolescente, nos tempos de várzea e nos raros jogos profissionais a que assistia, procurava logo identificar o número nove, pois era ele o homem do gol.

Também me identificava muito com o goleiro. Coisa genética: meu pai, nos seus tempos de rapazola, também foi goleiro nos pastos onde o campo de futebol era improvisado na pequena Piumhi, no interior de Minas. Meu irmão mais velho, o Márcio também foi goleiro. E dos bons. Chegou ao profissionalismo.

Eu também fui goleiro. Digamos que com razoáveis atuações.

Depois de Pelé, as atenções se voltaram para o número 10. Ao chegar aos campos, logo procurávamos saber quem era o 10, pois só vestia aquela camisa o melhor do time.

Pelé tomou conta, também da lista de artilharias.

Durante 9 anos, de 1957 a 1965, ele foi o artilheiro do Campeonato Paulista. Em 1958, estabeleceu o recorde até hoje não batido, de 58 gols, numa competição com 20 participantes – portanto, 38 jogos, como o Brasileirão de hoje.

O primeiro grande artilheiro do Campeonato Paulista foi Arthur Friedenreich que, em 1919, marcou 20 gols defendendo Paulistano. No ano seguinte, Neco, o primeiro grande ídolo do Corinthians, marcou 19.

Já na era do profissionalismo (a partir de 1933), o primeiro grande artilheiro foi Teleco, do Corinthians, 1939, com 32 gols.

Outro grande artilheiro foi Humberto Tozzi, do Palmeiras, que marcou 36 vezes no Paulistão de 1954.

Daí, veio a era Pelé.

Em 1969, Toninho Guerreiro marcou 27 gols pelo Santos.

Serginho Chulapa, defendendo o São Paulo, chegou aos 32 gols, em 1977.

Maior artilheiro da era pós-Pelé foi Jorge Mendonça que, defendendo o Guarani em 1981, chegou aos 38 gols.

E o último grande artilheiro do Paulistão foi Neymar, defendo o Santos, com 20 gols em 2012.

Futebol

Carioca

O maior artilheiro Emma temporada do Campeonato Carioca foi o centroavante Pirilo que, em 1941, defendendo o Flamengo marcou 41 gols.

Mas outros artilheiros também brilharam. Como Zico, até hoje o maior artilheiro do Maracanã com 333 gols, que marcou 30 vezes no campeonato de 1975.

Antes do Galinho, Ademir de Menezes, apelidado de Queixada, por motivos óbvios, foi o artilheiro em 1950, defendendo o Vasco, em 25 gols.

O grande Zizinho, 1952, marcou 19 gols.

Romário atingiu sua melhor marca, 20 gols, em 1986.

E o folclórico Túlio Maravilha marcou 27 vezes em 1995.

Futebol

Mineiro

Até hoje o maior artilheiro em um só campeonato das Minas Gerais é o atacante Ninão, do Cruzeiro, que no Campeonato Mineiro de 1928, marcou incríveis 43 gols. Ninão fez história também no futebol italiano, onde foi artilheiro defendendo a Lazio.

Em tempos mais modernos, Jair Bala (América, 1964) e Tostão (Cruzeiro, 1968) marcaram 25 gols cada. A marca deles foi superada por Dario, em 29 gols em 1969.

Futebol

Pernambucano

Fernando Carvalheira foi o primeiro grande artilheiro do Campeonato Pernambucano com 31 gols, em 1935, quando defendia o Náutico. Conta a história que ele nunca perdeu um pênalti. E mais: ele avisava ao goleiro que canto iria chutar.

Acredite quem quiser!

Outro grande goleador pernambucano foi o atacante Baiano, que na verdade era capixaba, que marcou 40 gols em 1982 e repetiu a dose em 1983.

Futebol

Gaúcho

Um dos mais famosos camisa 9 do futebol gaúcho foi Alcindo que defendeu a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1966. No Gauchão de 1986 ele foi o artilheiro com 17 gols. Alcindo, que marcou 630 vezes no Campeonato Gaúcho, morreu no ano passado, aos 71 anos, por complicações de diabetes.

Outro grande artilheiro gaúcho foi Baltazar (na verdade nascido em Goiânia-GO), com 28 gols em 1980.

Baltazar ganhou o apelido de Artilheiro de Deus por ter sido um dos primeiros jogadores do futebol brasileiro a se declarar evangélico.

E, por tantos gols, vale a pena homenagear o jovem Carlinhos, do Corinthians, que marcou 10 gols em 9 jogos da Copa São Paulo e foi decisivo na conquista de seu time que, pela décima vez, é campeão da Copinha.

É de Carlinhos a foto do alto desta coluna.

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FOTO SOFIA MARINHO

Mario Marinho É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em livros do setor esportivo

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

 

 

2 thoughts on “O Artilheiro. Coluna Mário Marinho

  1. Caro Mario,
    Seu texto esta’ bastante informativo. Todavia, chama atencao a ausencia da mencao a Roberto Dinamite, maior artilheiro da historia do Campeonato Carioca, com 279 gols. Zico e’ o maior artilheiro do Maracana mais ou menos no mesmo periodo porque o Flamengo so’ jogava la’, inclusive contra os times pequenos, enquanto que o Vasco via de regra mandava os jogos contra os pequenos em Sao Januario.

    E tambem poderia ser acrescentado que Romario foi artilheiro do Carioca sete vezes (o recorde), sendo quatro pelo Vasco e tres pelo Flamengo.

    Um abraco,

    Mauro

  2. Caro Mauro Prais,

    Você tem razão, deveria ter citado Roberto Dinamite que, no Carioca de 1981, marcou 31 gols, um gol a mais que o Zico que foi citado. As citações que fiz foi com referência a número de gols marcados em uma única edição e não em todos os campeonatos. Nesse quesito, Roberto Dinamite foi realmente o melhor. E a melhor tarde de Roberto Dinamite foi, acredito eu, no dia 4 de maio de 1980, quando ele marcou os cinco gols da vitória do Vasco, 5 a 2, sobre o Corinthians. Mais de cem mil pessoas estavam no Maracanã para aquele jogo que era reestreia de Dinamite que voltava do futebol espanhol. Agradeço a sua leitura e as suas observações, Mauro Prais, Você que é um dos grandes historiadores do futebol brasileiro. Voltarei ao assunto. Abraços.

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