Reforma, mas sem revolta! Por Vera Vaia

Reforma, mas sem revolta!

Por Vera Vaia

É verdade que em poucos lugares do mundo as pessoas se aposentam com menos de 65 anos. Mas temos de considerar que nesses países o Estado garante o bem estar do cidadão e consequentemente, a sua longevidade, ao contrário do que acontece aqui…

Post publicado no Facebook da autora, 18 de março/2017

Nesta semana, o brilhante jornalista e querido amigo Sérgio Vaz publicou no Facebook um post sobre a necessidade da reforma da Previdência e pediu a quem concordasse que compartilhasse o texto.

Todos concordamos que essa reforma é mesmo urgente e necessária, usando a matemática em sua fórmula mais simples: mais gente se aposentando cedo e menos jovens contribuindo. Claro que vai chegar o dia em a Previdência vai explodir, e que medidas precisam ser tomadas.

O problema é querer se fazer uma reforma nos moldes de outros países, usando o argumento de que lá fora o trabalhador se aposenta mais tarde. Só que aqui, se a proposta do governo for aprovada como está, vai ser um “aposentadicídio” em massa.

É verdade que em poucos lugares do mundo as pessoas se aposentam com menos de 65 anos. Mas temos de considerar que nesses países o Estado garante o bem estar do cidadão e consequentemente, a sua longevidade, ao contrário do que acontece aqui, onde pessoas, longe ainda de atingirem essa idade, estão morrendo nas portas dos hospitais por falta de leitos, de remédios, de médicos, de funcionários, etecetera e tal.

E quem paga os salários às famílias dos graduados do Exército já falecidos? Salários esses que passam para filhos, netos, bisnetos, tataranetos, tatatatatatataranetos, com valores incompatíveis com a realidade brasileira.

E, se formos copiar outros países, que seja em tudo. Aqui a gente vê o dinheiro saindo pelo ladrão (e para o ladrão), diariamente, a céu aberto. Não se fala em cortar mordomias do governo, por exemplo. Em países mais civilizados, ministro anda de metrô. Aqui, políticos de vários escalões têm à sua disposição jatinhos para transportar mulher, filhos, sogra e papagaio para uma praia paradisíaca num fim de semana.Em alguns países, políticos moram por conta própria, em minúsculos apartamentos, e não em mansões à beira do lago, bancadas pelo cidadão.

É revoltante saber que, além da contribuição ao INSS retirada diretamente do contracheque do trabalhador, ele também paga impostos já abusivos e que podem ficar mais abusivos ainda se o governo cumprir sua ameaça, para sustentar a aposentadoria de quem nunca contribuiu.

Quem paga o benefício para as famílias de presidiários, que em alguns Estados, passa de um salário mínimo, ou seja, mais do que muitos aposentados recebem? O trabalhador, claro! Com quanto essas famílias e seus presos de estimação contribuíram para a Previdência ao longo da vida?

E quem paga os salários às famílias dos graduados do Exército já falecidos? Salários esses que passam para filhos, netos, bisnetos, tataranetos, tatatatatatataranetos, com valores incompatíveis com a realidade brasileira.

E vá você dizer para um político que ele vai ter de contribuir por 49 anos com a Previdência e que vai se aposentar com um salário máximo de R$ 5.531,31. E pior, sem mordomias! Se disser, não espere pela resposta. Saia correndo!

Aproveite a corrida pra falar para o funcionário público que ele não vai mais ter estabilidade no emprego e que não vai mais ter aposentadoria integral, e que ele agora vai ser tratado como um mortal comum, como manda a Constituição.

…Não adianta trocar só o piso se o teto está caindo. Tem de trocar piso, teto, encanamento e todo o resto…

Como se não bastasse tudo isso, ainda bancamos as viagens de uma ex-presidenta e comitiva, pra ela sair pro mundo falando: é golpê! Puxarrrram mon tapetê!

Isso gera uma revolta muito grande naquele que sai cedo pra trabalhar, que paga seus impostos e que contribui mensalmente com a Previdência, na esperança de um dia poder ter um certo conforto. (Dependendo de quanto foi sua contribuição, vai ter de esquecer o conforto para poder pagar sua conta na farmácia.)

Então, meu caro Sérgio, temos de pensar em reforma, sim, mas uma reforma geral, igual se faz numa casa velha. Não adianta trocar só o piso se o teto está caindo. Tem de trocar piso, teto, encanamento e todo o resto. (Só temos de ter o cuidado pra não chamar nenhuma dessas empreiteiras famosas).

Vamos cutucar as feridas dos outros também, e não só a do trabalhador que ainda tem de agradecer a Deus por ter um emprego pra chamar de seu, e pelo prato de arroz com feijão que ele encara todo dia. E muitas vezes sem feijão, quando o preço do produto está lá em cima!

Eu sei que uma coisa é uma coisa, e que outra coisa é outra coisa, e que a reforma é necessária, e que isso pode parecer, para alguns, um discurso socialista, mas não é! É só o desabafo de uma filha revoltada que teve um pai que trabalhou por mais de 40 anos dentro de uma fábrica de tecidos, exercendo o cargo de contra-mestre, que se aposentou aos 60 com UM, eu disse UM, salário mínimo e que passou seus sete anos restantes entre o sofá da sala e a cama hospitalar do quarto, depois de ter tido um AVC!

E ele é só um exemplo!

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veravaiaVera Vaia – é jornalista

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