Festas por este Brasil afora. Coluna Mário Marinho

Festas por este Brasil afora

Coluna Mário Marinho

Volta e meia leio, escuto e vejo pessoas criticando os campeonatos estaduais, principalmente os cronistas esportivos. O argumento é simples ou simplório: são competições deficitárias, tanto financeira como tecnicamente.

Eu até posso concordar com esses argumentos.

Mas o futebol tem o seu lado lúdico que, aliás, foi o seu nascedouro.

A rivalidade é maior quanto mais próximo está o rival.

Se o jardim do vizinho está bonito, vou querer fazer o meu ainda mais bonito.

O corintiano adora vencer o Palmeiras; o palmeirense adora vencer o São Paulo; o são-paulino adora vencer o Santos que ama derrotar o Corinthians.

Isso sem falar na rivalidade entre pequenas cidades.

Por isso, vimos o Brasil quase que por inteiro em festa neste fim de semana.

É disso que vamos falar.

São Paulo: o poder
Da Quarta Força.

O Corinthians entrou neste Paulistão como a quarta força.

Em primeiro lugar, em todas as pesquisas e rodinhas de boteco, esteve sempre o Palmeiras. O Santos, com sua garotada, era apontado como a segunda força. O São Paulo, com Rogério Ceni, ocupou o terceiro lugar.

Em quarto lugar, sem Tite, Renato Augusto, Jadson, Elias e uma penca de jogadores esteve sempre o Corinthians.

Desde a saída de Tite para a Seleção Brasileira, passaram Cristóvão Borges, Osvaldo de Oliveira e Fábio Carille.

Sem o futebol vistoso da época de Tite, o Corinthians foi levando seus adversários de vencida.

Eu, particularmente, não gosto da filosofia medrosa do técnico Fábio Carille. Mas, mesmo sem dar grandes espetáculos, lá foi ele até chegar à decisão.

O melhor momento corintiano, sem dúvida, foi na espetacular vitória sobre a Ponte Preta, 3 a 0, no primeiro jogo da decisão.

E com o empate, 1 a 1, sacramentou seu 28º estadual.

Em 18 jogos, o Timão venceu 10, empatou 6 e perdeu 2. Marcou 22 gols e sofreu 11.

Seu índice de aproveitamento foi de 66,7%. Teve a média de 27.570 pagantes (a terceira do Paulistão, atrás do Palmeiras e do São Paulo).

Rio: deu
Guerrero do Mengão.

Artilheiro do Carioca com 10 gols, Paolo Guerrero comandou mais uma vez o Flamengo. Foi dele o primeiro gol da vitória por 2 a 1 (o segundo foi de Rodnei aos 50 minutos do segundo tempo). O Flamengo havia vencido o primeiro jogo e precisava apenas do empate. Mas, aos 3 minutos de jogo, levou o gol do Fluminense marcado por Henrique Dourado. Depois, veio a virada e o Mengão é campeão carioca depois de três anos. Foi seu 34º título.

Em 11 jogos, o Flamengo venceu 8 e empatou 3 (campeão invicto); marcou 30 gols e sofreu 7. Índice de aproveitamento: 81,8%. Teve a média de público de 14.884 pagantes, a melhor do Estadual.

Minas:
Galo cantou alto.

Dono da melhor campanha do campeonato mineiro, o Atlético empatou o primeiro jogo contra o Cruzeiro no Mineirão, e só precisava do empate na tarde de ontem, no estádio Independência.

Fez mais: venceu por 2 a 1. Robinho marcou primeiro; Ramon Abilia empatou e Elias fez o gol da vitória.

Em 11 jogos, o Galo venceu 9 e empatou 2 (título invicto). Marcou 26 gols e sofreu 9. Aproveitamento: 81,8%

A média de público foi de 14.644 (ficou em segundo lugar, abaixo do Cruzeiro que teve 18.185).

No Sul, um
Campeão novato.

Com 106 anos de existência, o Novo Hamburgo chega pela primeira vez ao título gaúcho. O Noia – apelido carinhoso dado ao clube como desinência da pronúncia alemã Neue Hamburg – empatou o primeiro jogo com o Internacional, 2 a 2, em Porto Alegre e voltou a empatar, 1’ a 1, em sua casa. Nos pênaltis, teve mais tranquilidade e venceu por 3 a 1.

Em 11 jogos, o Novo Hamburgo venceu 7, empatou 2, perdeu 2. Marcou 19 gols e sofreu 9. Índice de aproveitamento: 69,7%.

Ficou em 9º lugar na média de público pagante em jogos nos quais foi mandante, com 1.192 pagantes. O líder em torcida foi o Grêmio com média de 15.143 pagantes.

No Paraná,
deu Coritiba.

No primeiro jogo, o Coritiba venceu o Atlético com facilidade: 3 a 0, na Arena da Baixada. Ontem, em casa, segurou o 0 a 0 para levantar seu 38º título.

Na Bahia, o
Título é do Vitória

Foi um jogo muito disputado, mas não saiu do 0 a 0, embora tenha sido muitas as chances de gols. Assim, o Vitória sagrou-se campeão baiano por ter feito a melhor campanha do campeonato.

E o Pernambucano,
Quando será?

Indignado, o velho companheiro Toinho Portela, escreve dizendo que o primeiro jogo valendo o título de Pernambuco, terminou com o empate entre Sport e Salgueiro.

O jogo, disputado na Ilha do Retiro (campo do Sport) terminou 1 a 1 e apresentou uma novidade: o juiz de vídeo, pela primeira vez no futebol brasileiro.

E ele foi usado.

O jogo estava para terminar com a vitória do Sport, 1 a 0, quando o juiz apitou pênalti em favor do Salgueiro.

Imparcial, já que é torcedor do Náutico, Toinho Portela considerou a decisão correta.

Porém, o juiz resolveu ver funcionar a novidade e foi consultar o árbitro de vídeo (quem sabe, ele poderia ser chamado de telejuiz?).

Foram cinco minutos de repetições do lance até que o juiz se deu por satisfeito: foi pênalti.

O Salgueiro, da cidade sertaneja de mesmo nome, cobrou e marcou: 1 a 1.

Foi dada a saída e terminou o jogo.

O segundo e decisivo jogo será em Salgueiro. Mas, sabe quando? Será no dia 18 de junho. Isso mesmo, 18 de junho.

Os torcedores, com toda razão, estão fulos da vida e fazem protesto. A Federação disse que está estudando uma brecha no calendário para que a decisão, que pode dar o título pela primeira vez em 112 anos de disputa a um time do interior, não fique assim tão distante.

Eis os campeões
dos Estaduais de 2017:

Alagoano: CRB
Baiano: Vitória
Brasiliense: Brasiliense
Capixaba: Itapemirim
Carioca: Flamengo
Catarinense: Chapecoense
Cearense: Ceará
Gaúcho: Novo Hamburgo
Goiano: Goiás
Mato-grossense: Cuiabá
Mineiro: Atlético
Paraense: Paysandu
Paraibano: Botafogo
Paranaense: Coritiba
Paulista: Corinthians
Potiguar: ABC
Sergipano: Confiança
Sul-mato-grossense: Corumbaense

Veja os
Gols do Fantástico

https://youtu.be/-A7OeqvmdpY

Reparem no garoto camisa 10 na entrada dos jogadores do Corinthians: é o Vinicius, meu neto campeão.

_____________________________

FOTO SOFIA MARINHO

Mario Marinho É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

1 thought on “Festas por este Brasil afora. Coluna Mário Marinho

  1. MMarinho. O grande problema é que estamos na melhor idade e tivemos a oportunidade de ver um Brasil campeão do Mundo em 1958, Bi em 1962 , tri , e o fantástico time nas mãos do Tele e que não se tornou campeão. Depois disso os craques foram indo embora, perdeu-se o vínculo dos “fenômenos” com as torcidas. As corrupções no futebol vieram a público, altíssimos salários aos poucos novos craques que surgiam, a população empobrecida. Não dá para comparar o que vimos e o que insistimos ainda hoje em prestigiar. Essa é a grande barreira. Abçs.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Assine a nossa newsletter