Estarão os astros se enfileirando? Coluna Mário Marinho

Estarão os astros se enfileirando?

COLUNA MÁRIO MARINHO

Lá pelo longínquo ano de 1970 (ou 71 talvez) o então jovem jornalista Fernando Portela, um dos grandes textos do Jornal da Tarde, escreveu saboroso, irônico e criativo artigo em que dizia que o Corinthians só seria campeão paulista quando os astros se alinhassem em uma perfeita reta.

Seria, portanto, a conjuminação dos astros.

Aquela era uma época em que o Corinthians vivia as agruras de formação de times ruins, má administração e um tabu que parecia coisa de outro mundo. O Último título conquista havia sido em 1954 (na verdade, o título foi conquistado em 1955, comecinho do ano, mas referente ainda ao campeonato de 1954).

Corintianos eram sofredores nos campos e nas mãos dos amigos e adversários. Não existia bullying ainda. Mas os corintianos amargavam as gozações as mais cruéis, pois assim era chamados os bullyings da época.

Eis que em 1977 os astros se enfileiraram e o Timão foi campeão e acabou com aquele sofrimento. E olha que o time não era assim… um timão. Daí, até, poder-se pensar que foi mesmo obra da conjuminação dos astros.

E o que está acontecendo agora no Brasileirão? Enfileiram-se novamente os astros?

Não que o Corinthians esteja vivendo um drama como aquele.

Mas, no fim de semana, ventos benfazejos sopraram em direção ao Timão da populosa Zona Leste paulistana.

No sábado, o Corinthians recebeu a Ponte Preta e, com exceção dos primeiros minutos em que o time campineiro tentou surpreender os donos da casa, o que se viu foi absoluto domínio corintiano.

Um gol no final do primeiro tempo e um gol no começo do segundo.

E ainda por cima, o goleirão Cássio, em ótima fase, defendeu um pênalti que poderia das forças novas ao adversário se transformado em gol.

Cássio defender pênalti não exige uma total conjuminação dos astros.

Mas, no domingo, aí, sim, os astros resolveram se enfileirar.

Lá em Minas, o Cruzeiro sapecou 3 a 1 no Verdão que ameaçava se aproximar do líder do Brasileirão. A vitória do Cruzeiro é um resultado normal, pois tratou-se do encontro de dois grandes, onde a vitória de qualquer um não pode ser apontada como zebra.
Mas, lá em Porto Alegre, com certeza, fizeram-se presentes os astros em linha.

O Grêmio, sempre acompanhado por sua torcida que vai mesmo a pé onde o Grêmio estiver, defendia sua posição de vice-líder, não colado ao líder, porém perigosamente próximo. O adversário, o vice-lanterna, o desacreditado Avaí.

Eis que, porém, o Avaí marombou 2 a 0 nos tchês.

E quando os guris tentaram reagir, encontraram pela frente o goleiro Douglas Friedrich, gaúcho, por sinal, que defendeu tudo e até mesmo um pênalti.

Aí, amigo, é coisa mesmo de astros atentos, ordenados e perfilados.

Assim, o Corinthians terminou a rodada completando 10 vitórias em 12 jogos, acumulando 32 pontos ganhos que são 9 a mais que o Flamengo; 10 a mais que o Grêmio, agora terceiro colocado; 12 a mais que o Santos e 13 a mais que o Verdão, adversário do Timão na próxima quarta-feira.

Sofrimento
Tricolor

Perder para o Santos não é demérito nem desonra.

Mas, para a atual situação do São Paulo, qualquer derrota pesa e pesa muito. Tanto pesou esta, 3 a 2, que o Tricolor foi despachado para a ponta da tabela.

Como se diz lá em Minas, está na tábua da beirada (lá, na verdade, se falava talba). É vice-lanterna com apenas 11 pontos conquistados em 36 disputados.

Vem aí novo técnico.

Dorival Jr. é um técnico competente. Mas o São Paulo está precisando mais do que isso. Precisa reavaliar seu método de contratações. Já virou um lugar comum, mas é absolutamente verdadeiro: o São Paulo vende como time grande e contrata como time pequeno.

Se não olhar para seus problemas internos, o chamado Soberano, vai sobrar. E quem sobra, cai.

Assistam aos
Gols do Fantástico

https://youtu.be/6NnSNAzF6hY

 

Violência
Mais uma vez

Nas décadas de 1960/70, a Portuguesa de Desportos tinha uma torcida uniformizada chamada Leões da Fabulosa. Sua fama era a de mais violenta torcida de São Paulo.

Tanto era verdade, que quando os Leões não encontravam adversário para brigar, brigavam entre eles mesmos.

Foi o que aconteceu no jogo Vasco x Flamengo.

Torcedores do Vasco, alguns partidários do presidente Eurico Miranda e outro grupo contra, entraram em confronto e o que se viu foram cenas lamentáveis após o jogo.

Vascaínos dando porradas em vascaínos.

Jogadores, jornalistas, juízes, ilhados em campo, não tinham por onde escapar.

Senhoras, crianças apavoradas correndo, sabe-se lá para onde, tentando escapar do perigo.

E agora, o que fazer?

Num quadro como esse, nem torcida única resolve.

O saldo de toda a violência, um torcedor morto. Alguém que vai ao estádio para torcer pelo seu time, para se divertir e perde a vida. Um absurdo sem nome.

Vejam as tristes cenas:

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FOTO SOFIA MARINHO

Mario Marinho É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

2 thoughts on “Estarão os astros se enfileirando? Coluna Mário Marinho

  1. Achei de péssimo gosto a frase “marombou 2×0 nos tchês”….bem como a outra onde alude a frase famosa do hino do grêmio, que diz até a pé nós iremos…sou colorado e quero que eles percam sempre..no entanto você não conseguiu esconder seu bairrismo atrás de seus comentários engraçadinhos, irônicos ou ainda, de péssimo gosto. Seja profissional isento.

  2. Denis,
    Antes de mais nada, muito obrigado por ler a minha coluna. E agradeço ainda mais por se dar ao trabalho de escrever.
    Fico feliz quando um leitor escreve, porque é excelente essa interatividade. Mesmo quando não concorde comigo. Na frase que Você considerou de péssimo gosto, não sei o que te ofendeu. Foi o verbo marombar? Ele tem diversos significados e eu empreguei no sentido de aplicar, tascar, lascar. Coisa do tipo: tascou 2 a 0. Terá sido o “tchês”.? Sabe, a primeira reportagem de esportes que fiz, ainda em Belo Horizonte, trabalhei com um grande fotógrafo, gaúcho, que era conhecido por quase toda imprensa esportiva como “Tchê” que era a forma como ele tratava as pessoas que não conhecia. Sempre entendi como uma forma carinhosa, bem humorada. Quanto ao meu bairrismo, acho que não falei de nenhum time mineiro, falei? A citada frase do hino do Grêmio, é uma remenda frase. Sabe quem foi o autor? Ninguém menos que Lupicínio Rodrigues, meu amigo! E foi citada para enaltecer a torcida gremista que, literalmente, foi a pé assistir ao histórico jogo do Grêmio. Não esse jogo da coluna, mas o jogo que deu origem ao hino. Grande abraço. Mário Marinho

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