Um casal no dia que o Homem chegou à Lua. Por Ricardo Kotscho

Um casal no dia que o Homem chegou à Lua

Por Ricardo Kotscho

“Este é um pequeno passo para o homem, um gigantesco salto à frente para a humanidade”.

                           Publicado originalmente no Balaio do Kotscho, 24 de julho de 2017

20 de julho de 1969, um dia para não esquecer.

“Parabéns!”, veio me cumprimentar minha mulher logo cedo, sem que num primeiro momento eu descobrisse o motivo.

Afinal, tudo faz muito tempo.

Deve ter sido uma feliz coincidência. No mesmo dia em que o homem pisou pela primeira vez na Lua, há exatos 48 anos, eu tinha começado a namorar com esta mulher, a Marinha.

Às 23 horas, 56 minutos e 20 segundos, quando Neil Armostrong quase escorregou da pequena escada da nave e afundou o pé esquerdo no solo lunar do Mar da Tranquilidade, nós vimos juntos a cena histórica pela televisão, sentados no sofá da casa de praia dos pais dela, em Caraguatatuba.

Ela tinha só 16 anos, eu era cinco anos mais velho e, o que é pior, já trabalhava como jornalista, algo muito mal visto pelas famílias da época.

“Amor de praia não sobe a serra”, costumava-se dizer naquele tempo.

Pois o nosso subiu e ficou até hoje, os dois aposentados e avós de cinco netos.

A 384 mil quilômetros daqui, ouvimos o comandante Armstrong proferir a célebre frase que ficou na memória de um bilhão de pessoas que testemunharam aquele momento histórico (um entre cada quatro habitantes da Terra; hoje, já somos 6 bilhões).

“Este é um pequeno passo para o homem, um gigantesco salto à frente para a humanidade”.

Sem dúvida, a partir da viagem espacial bem sucedida, vivemos uma fantástica revolução tecnológica que me permite escrever este texto na internet no sítio de Porangaba, embora a conexão continue caindo a toda hora.

Parece tudo um milagre, e até hoje tem gente que não acredita que o homem chegou à Lua e nós dois continuamos juntos, tão diferentes somos.

Tudo faz muito tempo, e a memória já não ajuda.

Compramos este sítio -na verdade, uma terra pelada com a casa caindo – já faz quase quarenta anos.

Sentados na varanda, contemplamos a nossa obra, os lagos, os bosques, tudo verde, bem cuidado e bonito, graças à Marinha e à família do Zé Telles, que trabalha com a gente desde o começo.

Ao som da galinha botando ovo, dos passarinhos em festa e das crianças jogando bola na quadra, ouvindo Tonico e Tinoco, nos olhamos sem falar nada.

Parece tudo um milagre, e até hoje tem gente que não acredita que o homem chegou à Lua e nós dois continuamos juntos, tão diferentes somos.

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**Ricardo Kotscho é jornalista. Trabalhou nos principais veículos da imprensa brasileira como repórter, editor, chefe de reportagem e diretor de redação. Foi correspondente na Europa nos anos 70 e Secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República no governo Luiz Inácio Lula da Silva. Ganhou os prêmios Esso, Herzog, Carlito Maia e Cláudio Abramo, entre outros.

1 thought on “Um casal no dia que o Homem chegou à Lua. Por Ricardo Kotscho

  1. É muito estranho que haja, ainda, pessoas que não creem ter o homem chegado à Lua. Mas é estranho, também, que alguém muito chegado, não à Lua, mas ao Lula, continue a acreditar na pessoa mais danosa que este país já teve que é o sindicalista Luiz Inácio “Nunca Dantes” Lula da Silva. Para mim, jornalista sério é o José Nêumanne Pinto que publicou em livro os muitos defeitos e as poucas virtudes da principal figura da política brasileira, que, ao mesmo tempo, veio a ser o maior algoz dos pobres deste país. Não dá para entender a parceria e a amizade que se estabeleceu entre um jornalista premiado como Ricardo Kotscho e um escroque como Lula.

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