O Clássico mais antigo. Coluna Mário Marinho

O Clássico mais antigo

COLUNA MÁRIO MARINHO

Em papo numa tarde ensolarada do feriado de ontem, Sete de Setembro, regado a cerveja gelada e acompanhado de deliciosa paleta suína assada lentamente ao forno, uma de minhas especialidades, o assunto volta e meia foi o futebol.

Na roda de amigos estavam Ricardo Abud, médico e torcedor do São Paulo, Sérgio de Arruda Mendes, contador e santista; e o corintianíssimo Gilberto Mendes advogado dos batutas, acompanhado de seu filho Guilherme, 12 anos, corintianamente uniformizado.

Em papo onde se encontram corintianos e santistas é claro que temas como tabu, Pelé, goleadas são recorrentes.

Cada um tinha uma história para contar, um detalhe a ser lembrado.

Eu também, claro.

Assim, lembrei aos amigos presentes ao ágape no aprazível Continental Clube, que o meu primeiro clássico Corinthians x Santos, ao vivo, foi no dia 6 de março de 1968, exatamente o dia em que o Corinthians colocou ponto final no amargo tabu que durou 11 anos sem vencer o Santos.

Época em que, dizem, na véspera do jogo sempre aparecia um aviso no quadro negro do vestiário santista: “Amanhã tem bicho garantido”.

O Tabu começou no dia 29 de dezembro de 1956, quando o Santos venceu por 2 a 1, jogo pelo Campeonato Paulista. Daí até aquela noite de 6 de março de 1968, foram 22 jogos sem os corintianos sentirem o sabor da vitória.

Eu havia chegado de Belo Horizonte para o Jornal da Tarde há pouco mais de um mês e jamais imaginava que iria presenciar um momento tão importante.

O tabu começou um pouquinho antes da era Pelé, no sábado, 29 de dezembro, em jogo válido pelo campeonato paulista. O Santos venceu por 2 a 1. Com a vitória conquistou o direito de disputar a final do Paulistano que ocorreu no dia 3 de janeiro seguinte contra o São Paulo, vencida pelo Santos. Além do título, o Santos inaugurou o tabu que só seria quebrado 11 anos depois.

Naquele sábado, o Santos jogou com este time: Manga; Hélvio e Ivan; Fioti, Ramiro e Zito; Alfredinho, Jair, Del Vechio, Álvaro e Tite.

O Corinthians: Gilmar, Olavo e Alan; Idário, Julião e Goiano; Cáudio, Luizinho, Paulo, Rafael e Zague.

Foi duro e longo o período de sofrimentos para os corintianos e que só acabou naquela noite de 6 de março de 1968: 2 a 0, gols de Paulo Borges e Flávio.

Nesse período, o Corinthians fez de tudo para acabar com o tabu. Contratou e dispensou técnico e jogadores a rodo.

No jogo da quebra, por exemplo, o Corinthians tinha dois pontas direitas: Paulo Borges e Buião. O carioca Paulo Borges, apelidado de Risadinha, porque vivia sorrindo, foi contratado junto ao Bangu, do Rio de Janeiro, onde fazia muito sucesso.

Já o tímido Buião, da cidade de Vespasiano-MG, foi contratado junto ao Atlético Mineiro, onde também fazia muito sucesso.

O jogo teve um primeiro tempo absolutamente normal e terminou em 0 a 0.

Aos 13 minutos do segundo tempo, Paulo Borges acertou uma pancada de fora da área, impossível de ser defendido pelo bom goleiro Cláudio.

A torcida corintiana comemorou com contida vibração, pois já havia assistido a esse filme que terminava sempre com a vitória santista.

Mas, aos 30, o centroavante Flávio, que perdia muitos gols, mas também marcava, fez o segundo: Corinthians 2 a 0.

A comemoração só foi total quando o juiz argentino Roberto Goicochea, apitou o final do jogo. Aí, sim, explodiu a festa para cerca de 40 mil corintianos que estavam no Pacaembu e milhares, milhões de corintianos nas ruas da cidade, do estado, naquela noite e nas noites seguintes.

O Corinthians jogou com Diogo; Osvaldo Cunha, Ditão, Luís Carlos (Clóvis) e Maciel; Edison e Rivelino; Buião, Paulo Borges, Flávio e Eduardo.

O Santos: Cláudio; Carlos Alberto, Ramos Delgado, Joel e Rildo; Lima e Negreiros (Oberdan); Kaneko, Toninho, Pelé e Edu.

Vejam imagens do inesquecível Canal 100:

Santos e Corinthians fazem o mais antigo dos clássicos paulistas. O primeiro deles foi disputado em 1913. O maior artilheiro desse clássico, como não poderia deixar de ser, foi Pelé que marcou 50 gols em 50 jogos.

Sem o charme do velho Tabu, Santos e Corinthians voltam a jogar neste fim de semana, pelo Brasileirão, na Vila.

O Corinthians é o líder, com 50 pontos, e o Santos é o terceiro colocado com 38.

O Timão vem de uma incrível derrota para o Atlético Goianiense, em Itaquera. Já o Santos vê de um bom empate com o Cruzeiro, no Mineirão.

Depois de uma longa paralisação, o Brasileirão retoma os jogos nesta tarde de sábado, com o Galo mineiro jogando em casa contra o Palmeiras. Jogão.

Na Copa do
Brasil, justo empate.

Flamengo e Cruzeiro fizeram um bom jogo no Maracanã na noite desta quinta-feira.

Foi bom principalmente pelos segundo tempo quando foram criadas mais oportunidades de gols e marcados os dois da partida.

Apesar de o gol do Flamengo ter sido marcado em impedimento, o empate, 1 a 1 , acabou sendo justo.

Claro que os flamenguistas não gostaram, mas o cruzeirenses saíram de campo comemorando. A decisão vai ser no dia 27, no Mineirão. Outro jogão.

Veja os melhores lances e os gols do empate:

https://youtu.be/BBXie5uUqJU

LEGENDA DA FOTO DE ABERTURA: Arrascaeta marcou o gol de empate do Cruzeiro

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FOTO SOFIA MARINHO

Mario Marinho É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

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