A escolha de Sofia. Coluna Carlos Brickmann

A ESCOLHA DE SOFIA

COLUNA CARLOS BRICKMANN

EDIÇÃO DOS JORNAIS DE 23 DE SETEMBRO DE 2018

Meryl Streep, obrigada pelos nazistas a decidir qual de seus dois filhos iria morrer (e, caso ela não o escolhesse, ambos seriam mortos), ganhou o Oscar pelo filme A Escolha de Sofia. Os eleitores brasileiros, obrigados a escolher entre dois candidatos que se destacam pelo radicalismo, também serão premiados: receberão o prêmio que Luzia ganhou atrás da horta.

É difícil para o eleitor anticomunista votar num candidato que, quando Hugo Chávez chegou ao poder na Venezuela, elogiou-o (“uma esperança para a América Latina”) e comparou-se a ele. Disse que Chávez não era anticomunista e ele, Bolsonaro, também não era. “Não há nada mais próximo do comunismo do que o meio militar”.

É difícil para o eleitor petista que vai ao delírio só de ver o retrato de Lula ser obrigado a votar num laranja confesso, que troca seu nome de família, aquele que seus pais utilizam, para, como o Chefe, usar o sobrenome de Lula (e não é só o sobrenome: faz-se chamar de Luís Fernando Lula Haddad). Usa máscaras de Lula para induzir eleitores a votar em seu nome. E confessa não ter a menor ideia do que fará sem viajar a Curitiba para visitar o Chefe na cadeia. Cafezinho com açúcar ou adoçante? É Lula que sabe.

Jaques Wagner, lulista entre os lulistas, rejeitou o papel subalterno que lhe queriam atribuir, de boneco de ventríloquo. Haddad se rebaixou, feliz.

Tudo atrasado

Fernando Henrique, a 16 dias da eleição, propôs aos candidatos de centro que se unam para evitar que o segundo turno seja disputado pelo homem da bala e o laranja de Lula. Boa ideia – mas agora, quando não dá mais tempo? E imaginemos que houvesse tempo: somar Alckmin, Marina, Álvaro Dias, Meirelles, Amoedo é como juntar moedinhas para enfrentar o volume de dinheiro e joias do vice-presidente da Guiné Equatorial. Uma candidatura se articula ao longo do tempo. O tempo passou e não há um nome sequer do Centro que não seja nanico. Até Alckmin: quatro vezes governador de São Paulo, uma vez, em 2006, candidato à Presidência (tomou uma surra de Lula, após garantir que os tucanos eram contra as privatizações – justo eles, que privatizaram com sucesso a Vale e a telefonia), até agora não conseguiu tornar-se conhecido do Nordeste. Perde em São Paulo, sua base eleitoral, reduto dos tucanos, para Jair Bolsonaro.

Ciro, talvez

Ciro Gomes, que se mantém vivo na disputa, poderia ser a solução para o centro. Já foi da Arena Jovem, já foi ministro de Itamar Franco (concluiu a implantação do Plano Real). Mas qual dos outros candidatos o aceitaria?

Meio tarde

Fernando Henrique, conversando com Bernardo Mello Franco, de O Globo, concordou que seu apelo tem poucas chances de ser ouvido. “Mas temos de fazer algum esforço. Não sei se algo vai acontecer”.

Não, não vai.

Fale o que eu quero

Paulo Guedes, que deve ser ministro da Economia se Bolsonaro for eleito, conhecido como Posto Ipiranga, já sabe de seus limites: foi só falar na volta da CPMF, o Imposto do Cheque, para tomar uma chamada do candidato. Bolsonaro deixou claro que quer eliminar impostos, não criar novos. Guedes explicou que o novo imposto iria substituir cinco ou seis impostos federais, mas Bolsonaro não gostou. “Não é a CPMF, seria um imposto único”, disse Guedes.

Não adiantou: o Brasil já experimentou o Imposto Único, e descobriu que o Imposto Único era apenas mais um.

É demais

Bolsonaro acompanhou também as declarações de seu vice, general Hamílton Mourão, sobre uma Constituição redigida por pessoas não eleitas e o papel de mães e avós, que sem ter o pai e o avô em casa, não impediriam o recrutamento das crianças pelo tráfico. Mourão foi contido por Bolsonaro: nada de propor temas ainda não discutidos com ele.

Doce prêmio

A Chocolat du Jour, excelente chocolateria paulistana, acaba de ganhar dois prêmios internacionais (e pelo quarto ano consecutivo): o International Chocolate Awards, medalha de ouro, pelo bombom de paçoca recoberto de chocolate ao leite, e o ICA, medalha de prata, pela Choco Pops, pipoca com chocolate ao leite. Além de fabricar ótimos chocolates, que seriam ótimos na Bélgica ou na Suíça, a Chocolat du Jour foi criada por uma amiga deste colunista, Cláudia Landmann, que estudou chocolateria em Bruxelas.

Adoniran na cabeça

Adoniran Barbosa recebe amanhã, 24, em memória, o título de Cidadão Paulistano. A festa será no Farol Santander, às 19 h, na rua João Brícola, 24. Lá estará a adorável Maria Helena Rubinato Rodrigues de Souza, filha de Adoniran e colunista do Chumbo Gordo – www.chumbogordo.com.br

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8 thoughts on “A escolha de Sofia. Coluna Carlos Brickmann

    1. Todos os pretensos leitores concordam plenamente. Como é incompetente o programador da página! Acho que ele é os articulistas não leem a página.

    2. Discordo, adoro a coluna.
      Gosto da visão do do Brickmann , os artigos mirando a impressa e outras cositas más postas aqui.
      Além disso amo os gatos e o miau da Jade me interessa demais. As opiniões dos gatos são sempre interessantíssimas

    3. Val: do que você discorda? Eu reclamei da APARÊNCIA e não do CONTEÚDO!!! Assim fica difícil um entendimento: parece a “barafunda” política que vivemos…

    4. Silvana , estamos fazendo ajustes. Por favor, tenta aumentar em seu computador. Prometo que logo voltaremos. Não consigo mudar a fonte com esse tema que estamos usando agora. Abração
      Marli

  1. Sabe como seria possível levar a sério a proposta do FHC? Bastava o PSDB voluntariamente retirasse a candidatura do Alckmin para fortalecer o centro. Quem sabe assim alguém acreditasse ser uma proposta séria, e não uma malandragem pra tentar ajudar seu candidato.

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