Contra competência não há argumentos. Coluna Mário Marinho

CONTRA COMPETÊNCIA NÃO HÁ ARGUMENTOS

COLUNA MÁRIO MARINHO

A vitória do Cruzeiro sobre o Corinthians e o consequente título da Copa do Brasil não foram resultados de apenas um ou dois jogos, mas, sim, de um planejamento bem feito e bem aplicado.

Em condições normais de temperatura e pressão, a vitória do Cruzeiro era esperada e já cantada. Time por time, elenco, técnico, em todos esses quesitos, a Raposa mineira supera e muito o Timão paulista.

Somente algum imprevisto (arbitragem, por exemplo) ou muita raça poderia virar esse placar.

Até que não faltou raça, luta e apoio da torcida.

Mas essas são forças limitadas, modestas e até mesmo comezinhas diante de uma disparidade técnica muito grande, como é o caso em questão.

De um lado, um time que há dois anos mantém o mesmo técnico, um profissional experiente, com passagem pela Seleção Brasileira e um currículo recheado de títulos.

Do outro, um time que há dois anos vem fazendo experiências com técnicos desde que perdeu Tite para a Seleção Brasileira.

De um lado, um time que investiu, contratou, renovou contratos.

Só nas aquisições do volante Bruno Silva, do meia Mancuello e do atacante David foram gastos cerca de R$ 22 milhões.

Outros, como o lateral Edilson e os atacantes Fred e Barcos chegaram sem custos, mas são mantidos com altos salários.

Os contratos do zagueiro Dedé (o melhor jogador em campo ontem), do volante Ariel Cabral e do atacante Raniel foram renovados. Além disso, a Diretoria recusou proposta de R$ 13 milhões para negociar o meia Thiago Neves com o Al-Hilal, da Arábia Saudita. Thiago Neves é o hoje o jogador referência para o time em campo.

O Corinthians levantou o título brasileiro de 2015 e, de lá para cá, perdeu Felipe, Gil, Ralf, Jadson, Renato Augusto, Malcon, Vagner Love, Pablo, Guilherme Arana, Jô, Rodriguinho…

Além da troca de técnicos que não obedeceu a nenhum critério: saiu Tite, entrou seu ex-auxiliar Fábio Carille, saiu Carille entrou seu ex-auxiliar Loss; saiu Loss entrou o também novato Jair Ventura.

De um lado, há planejamento; de outro, não.

Isso, fora os investimentos pontuais.

No mês passado, a diretoria investiu R$ 30 mil para trazer o zagueiro Dedé que estava nos Estados Unidos, jogando pela Seleção Brasileira.

Ele jogou lá num dia e no outro estava em campo na vitória sobre o Palmeiras, no Allianz Parque. E foi um dos melhores em campo.

Agora, investiu R$ 50 mil para trazer de volta, do Japão, o atacante Arrascaeta que defendia a seleção uruguaia em jogos amistosos.

O atacante viajou de avião durante 25 horas, chegou em São Paulo ontem, 17, às 16 horas, foi para o hotel descansar, entrou no segundo tempo do jogo e fez o gol da vitória, do título da Copa do Brasil que valeu a bagatela de R$ 50 milhões ao Cruzeiro.

Isso tudo refletiu dentro de campo.

Como uma cobra bem ensaiada, o Cruzeiro ficou à espera do momento certo para dar o bote. Teve duas oportunidades e fez dois gols. Fora bolas na trave corintiana.

Os corintianos, sabedores de sua inferioridade técnica, tentaram se desdobrar em muita garra. Essa vontade de acertar, mostrou todo o nervosismo dos corintianos: aos 25 minutos de jogo já havia levado três cartões amarelos.

Assim, não há o que contestar na vitória do Cruzeiro.

Além de merecida, a vitória é exemplar: ficou claro que para alcançar objetivos é preciso planejamento, investimento, profissionalismo.

 Nada de improvisos.

As confusões

do tal de VAR

Há muito anos, assisti a uma palestra do cartola João Havelange, na época presidente da Fifa. Havelange era contra a informatização nas arbitragens de futebol. Defendia a tese de que a polêmica faz parte do futebol.

– O dia que ninguém discutir nas padarias, na manhã de segunda-feira, os lances do jogo de domingo, o futebol estará fadado a morrer, disse ele.

Aí chega o tal de VAR, o auxiliar de arbitragem que com seus aparatos tecnológicos deveria dirimir as dúvidas e reclamações dos amantes do futebol.

Na verdade, nunca passou pela minha cabeça que qualquer engenhoca, por mais sofisticada que fosse, iria acabar com todos os problemas de arbitragem.

O jogo de ontem foi prova disso.

Nos dois lances em que foi chamada a intervir, a arbitragem de vídeo mais atrapalhou que ajudou.

Em minha opinião, se a decisão tivesse ficado a critério do juiz, a polêmica seria a mesma.

No lance do pênalti a favor do Corinthians não houve falta, em minha opinião. E também na opinião do juiz que só marcou o pênalti depois de consultar o vídeo.

No lance de anulação do gol corintiano – aliás, belíssimo gol do Pedrinho – também não houve falta do Jadson em Dedé. Em minha opinião, lance normal de jogo. E também na opinião do juiz que só anulou o gol depois de consultar o vídeo.

Esse tal de VAR me faz lembrar histórica frase do grande comunicador Chacrinha:

– Eu não vim para explicar, eu vim para complicar.

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FOTO SOFIA MARINHOMário Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
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