Há cem anos. Coluna Mário Marinho

HÁ CEM ANOS

COLUNA MÁRIO MARINHO

O dia 24 de dezembro de 1918 caiu numa terça-feira.

O jornal O Estado de S.Paulo ainda falava nos jogos do domingo, notadamente o clássico entre Paulistano e Corinthians que lideravam o campeonato paulista.

Na edição do domingo, o Estadão dedicou bom espaço para falar do jogo em sua página 5. É bem verdade que a primeira notícia da seção “Sports” foi dedicada ao “turf”.

Na coluna seguinte, abaixo da palavra “Football” vem o noticiário do campeonato. Assim:

“A tabella da Associação Paulista de Sports Athleticos marca para hoje três jogos oficiciaes do campeonato a primeira divisão: Corinthians vs. Paulistano, Ipiranga vs. Palmeiras e São Bento vs. Internacional.

O jogo que mais interesse desperta é, sem dúvida,o que nomeamos em primemiro logar. Qausi que se pode dizer que de seu resultado depende a posse da taça “Cidade de São Paulo”. O Corinthians e o Paulistano são os dois mais fortes clubs de São Paulo e difficilmente poderão ser batidos pelos outros concorrentes”.

Na edição de segunda-feira, 21 de dezembro de 1918, o Estadão se desmanchava em elogios ao jogo.

“Que lindo o “match” que hontem se realisou no campo do do Corinthians! Não se podia esperar melhor prova do valor dos dois valorosos contendores que hontem disputaram a hegemonia do “football” paulista.

O insufficiente campo do ex-campeão da Liga Paulista transbordou de uma multidão enorme, que acompanhou com o maior  interesse e o mais vivo enthusiasmo a luta empolgante e leal que se feriu entre os dois campeões da cidade, que deram ao mesmo tempo que uma prova da sua incontestável pujança, um exemplo de retidão e disciplina inatacáveis.”

Equipe Campeã – Club Athletico Paulistano (ARQUIVO MEMÓRIA CAP)

O cronista segue rasgando sedas e jogando lantejoulas no grande clássico que terminou com a vitória, 1 a 0, do Paulistano.

Foi um resultado justo, apesar do empenho dos corintianos, mas o Paulistano era mais forte e tinha em seu time o grande Friedenreich, artilheiro da competição com 25 gols em 16 jogos (foto ao alto da coluna). E, claro, o Paulistano foi o campeão.

O campeonato só teve o seu final no ano seguinte, no mês de janeiro, por ter sido interrompido no mês de outubro por causa da “Gripe Hespanhola”.

A Gripe Espanhola, também chamada de Gripe de 1918, foi uma pandemia que se espalhou sobre o mundo causando a morte de milhões de pessoas, com os números variando de 50 a 100 milhões. Os números variam de acordo com as fontes, mas todas concordam que a Gripe foi muito mais letal que a Primeira Guerra Mundial que matou cerca de 15 milhões de pessoas.

Calcula-se que, no Brasil, foram 35 mil os mortos – entre eles, o presidente da República Rodrigues Alves.

Números divulgados pelo Instituto Butantan dão conta que no Rio de Janeiro morreram 12.700 pessoas; em São Paulo, 6.000; em Porto Alegre, 1300; em Recife, 1250. Nenhum estado brasileiro foi poupado.

O campeonato paulista foi interrompido no mês de outubro.

A Associação Paulista de Esportes Athletico, APEA, protestou contra a forma como a interrupção se deu.

Faltava apenas uma hora para começar os jogos da rodada do dia 20 de outubro quando agentes da polícia sanitária chegaram aos estádios para impedir a realização dos jogos, alegando o perigo do ajuntamento de grande quantidade de pessoas.

O perigo realmente existia, mas, a APEA alegou que as autoridades poderiam ter agido antes.

De todo jeito, os clubes se irmanaram no combate ao terrível mal.

O Palestra Itália, por exemplo, cedeu sua sede da rua Líbero Badaró para a Cruz Vermelha instalar 30 leitos.

Já o Paulistano instalou 150 leitos em sua sede e incentivou os associados e fazerem doações para ajudar a combater a Gripe.

Na volta do campeonato, temendo pela saúde dos jogadores, a APEA diminuiu 10 minutos na duração de cada jogo que passou a ter dois tempos de 35 minutos.

Voltando

ao Natal

A Edição do dia 24 de dezembro de 1918 do Estadão, trazia este anúncio do Mappin:

O Natal servia também de incentivo à leitura, conforme este anúncio:

 

E já que estávamos em fim de ano, nada como a Mega Sena acumulada. Veja este anúncio:

E vem aí nosso Natal e nossa Mega-Sena.

Bom Natal para Você, leitor amigo.

Quem sabe a Mega-Sena lhe sorri?

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FOTO SOFIA MARINHO

Mário Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
 NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

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