De repente, chuva de gols. Coluna Mário Marinho

De repente, chuva de gols.

COLUNA MÁRIO MARINHO

O tempo andou ruim na noite desta quarta-feira para o Corinthians, lá em Itaquera, no outrora excelente gramado verde e hoje cheio de falhas.

Andou ruim porque o simpático, pequeno e bravo Esporte Clube Avenida meteu dois gols com 10 minutos de jogo, deixando perplexos e embasbacados os 25 mil corintianos presentes e os milhões que acompanhavam nas telas da televisão.

E, quando vencia por 3 a 1, o abusado Avenida, jovem time gaúcho da cidade de Santa Cruz do Sul, ainda meteu bola na trave do goleirão Cássio que teve momentos de muito aperto.

Passados os primeiros momentos de estupefação, o técnico corintiano Fábio Carille tomou sua primeira providência, tirando o volante Ralf e colocando em seu lugar o atacante Wagner Love, substituição acertada que só veio a surtir efeito no segundo tempo.

O primeiro tempo foi de um Corinthians tonto com os dois golpes que recebeu, andando em campo sem rumo e sem destino.

O pequeno e brioso Avenida peitou o Timão, botou as manguinhas de fora e não se intimidou nem um pouquinho.

Bem armado e estruturado em campo, soube se defender sem apelar para faltas violentas, ceras ou mesmo forte retranca. Se defendia como podia e atacava como sabia – sempre com perigo.

Ao apagar das luzes do primeiro tempo, o Corinthians achou seu primeiro gol, com o zagueiro Henrique.

No segundo tempo, os donos da casa voltaram com outra postura.

Sem brilhantismo, porque o time é fraco, porém com mais vontade e determinação, o Corinthians foi tomando pé da situação.

Teve maior posse de bola o tempo todo, mas não conseguia vencer o bom goleiro Fabiano.

Até que aos 32 minutos, o lateral Danilo Avelar conseguiu o gol de empate.

Parecia que a decisão iria para os pênaltis, o que deixava torcedores corintianos apreensivos, quando o volante Júnior Urso chutou de fora da área e o destino, caprichoso, colocou um defensor do Avenida no caminho: a bola bateu no seu corpo e tirou toda e qualquer chance de defesa do bom goleiro Fabiano. Isso, aos 43 minutos.

Era o gol da vitória, mais ainda havia água para correr.

O Avenida foi ao ataque, mas o Timão também não se deu por satisfeito com o placar e foi à luta.

Aos 46 minutos, Gustavo, o Gustagol, deixou sua marca com um belo gol e fechando o placar em 4 a 2.

Se a vitória foi merecida, os números não fizeram justiça a nenhum dos dois. Nem o Corinthians jogou tanto para vencer de 4, nem o Avenida jogou mal para perder de 4.

Com a vitória o time de Fábio Carille avançou na charmosa e agora rica Copa do Brasil.

Avançou, trouxe alegria para seu torcedor, mas a interrogação continuará martirizando: como será o próximo jogo?

Veja os gols da quarta-feira:

Álbum

das Minas Gerais

Diretamente de Portugal, onde espertamente foi morar, meu sobrinho Bruno Peixoto me manda a foto abaixo.

Trata-se de uma foto que reúne jogadores do Atlético e do Cruzeiro, verdadeira seleção, da década de 1970.

Embora tenha visto jogar todos esses jogadores e entrevistado alguns deles, fui atrás de mais informações já que a foto viralizou nas verdejantes montanhas das Minas Gerais, porém sem muitas informações.

Na legenda enviada pelo Bruno havia um erro. O primeiro jogador agachado, o cabeludo, está identificado como Eduardo Rabo de Vaca Amorim; e o último dos agachados, como Joãozinho.

Está invertido: o cabeludo é o Joãozinho, um grande driblador que teve até apelido de Bailarino no Cruzeiro. O último dos agachados é, sim, Eduardo Amorim, que, segundo alguns, teria sido o inventor do Drible da Vaca.

Não sei se isso é verdade, mas o Eduardo aplicava muito esse drible que consiste em jogar a bola por um lado do marcador e sair pelo lado oposto para pegar a bola.

Na foto, da esquerda para a direita, começando com os de pé, temos:

Nelinho – Lateral direito – Carioca, hoje com 58 anos, começou no América do Rio, passou por Portugal e viveu seus melhores momentos no Cruzeiro, que defendeu de 1973 a 1980. Foi quando, aliás, defendeu a Seleção Brasileira na Copa de 1974. Encerrou sua carreira no Atlético, em 1987. Tinha um chute fantástico onde aliava força e um efeito mortal para os goleiros.

Zezinho Figueroa –  Zagueiro Central, paulista da cidade de Colina. Um dos jogadores que mais atuaram pelo Cruzeiro, de 1977 a 1983, 305 jogos. Em 1986 foi emprestado para o Internacional, da cidade de Limeira, mas não chegou a fazer nenhum jogo: teve um aneurisma cerebral durante um treino. Morreu com 33 anos de idade.

Vantuir – Quarto zagueiro – Tem hoje 69 anos e foi revelado pelo Atlético Mineiro, que defendeu de 1969 a 1978, quando se transferiu para o Grêmio. A encerrar a carreira de jogador, passou a trabalhar como técnico. Seu último time foi o América tão mineiro quanto eu, em 2007.

Raul Plasmann – Goleiro –  Hoje com 74 anos, foi um dos grandes goleiros do futebol brasileiro. Fez remendo sucesso no Cruzeiro usando vistosa camisa amarela que combinava com seus longos e fartos cabelos loiros. Defendeu o Cruzeiro de 1965 a 1978. Transferiu-se para o Flamengo onde ficou ate 1983 e encerrou a carreira. Teve poucas chances na Seleção Brasileira: apenas 8 jogos. Merecia mais.

Vanderlei – Lateral esquerdo – Está com 72 anos de idade. Defendeu o Cruzeiro de 1969 a 1978, com um total de 526 partidas. Garoto humilde, deixou de ser servente de pedreiro para tentar o futebol no Nacional, de Uberaba, sua cidade Natal. Foi revelado pelo América mineiro.

Toninho Cerezo – Volante hoje com 63 anos de idade. Um craque. Numa época em que os volantes costumavam se duros e fortes na marcação, verdadeiros brucutus, Cerezo foi um jogador clássico. Defendeu o Galo de 1972 a 1983. Trasferido para a Roma, da Itália, brilhou na Europa.

Fez 73 jogos pela Seleção Brasileira, de 1977 a 1985. Encerrou a carreira n interior de São Paulo e iniciou carreira de técnico no Atlético Mineiro, em 1999, e encerrou no Kashima Antlers, do Japão, que dirigiu de 2013 a 2015.

Agora, os agachados:

Joãozinho – Ponta esquerda, 65 anos – Apelidado de Bailarino, está hoje com 64 anos. Foi um excelente ponta, driblava, às vezes até em excesso, com muita facilidade. Daí, o apelido. Era ireverente e genioso no trato cm técnicos e jogadores.

Disputou 482 jogos pelo Cruzeiro, de 1973 a 1982.

Não se entendia bem com técnicos, principalmente os mais disciplinadores. Em um desses momentos, chegou a fazer um apelo público através da imprensa: “Me deixem sair dessa Toca”.

Pouco depois, ele se transferiu para o Internacional de Porto Alegre. Encerrou a carreira em 1987 no futebol paranaense.

Marcelo Oliveira – Meia – Nasceu em Pedro Leopoldo, Minas Gerais, há 63 anos. Foi um jogador extremamente habilidoso e se tornou ídolo do Atlético cuja camisa vestiu 285 vezes de 1972 a 1984. Pendurou as chuteiras em 1985 no América mineiro.

Tornou-se excelente técnico, sério, exigente, mas respeitador, talvez com um único defeito: exigir dos jogadores a mesma classe e categoria que ele teve como jogador.

Reinaldo – Atacante, hoje com 62 anos – O maior ídolo e artilheiro do Atlético Mineiro, onde fez sua estreia no time profissional com apenas 16 anos. Foram 475 jogos e 255 gols, de 1973 a 1985.

Por sua habilidade, faro de gol e grande competência sofreu muito enfrentando zagueiros botinudos que só conseguiam pará-lo na base da violência. Por isso, além também de jogar em gramados ruins, aos 20 anos de idade já havia operado os dois joelhos.

Após abandonar o futebol tentou a carreira de técnico e também de político – nessas duas, nem de longe teve o brilho que alcançou nos gramados.

Flamarion Nunes – Meia, hoje com 67 anos – É mineiro da cidade de Ouro Fino, mas foi revelado para o futebol pelo Guarani, de Campinas, em 1968 e lá ficou te 1977. Nos dois anos seguintes, defendeu o Cruzeiro. Ao pendurar as chuteiras iniciou a careira de técnico no futebol árabe. Seu último clube foi o Garani, em 2010.

Eduardo Amorim – Ponta direita, tem hoje 68 anos –  Defendeu o Cruzeiro de 1969 a 1981 em 556 jogos. Transferiu-se para o Corinthians onde jogou 336 vezes, de 1981 a 1987. Encerrou a carreira no Santo André, em 1988.

Saindo dos gramados, foi técnico do Corinthians e do Atlético Mineiro entre outros. Passou também pelo futebol grego.

Ao contrário dos pontas da época, que eram muito velozes, Eduardo fez da classe e da categoria suas grandes marcas. Além, é claro do Drible da Vaca que, segundo alguns, ele foi o inventor.

Esses jogadores estiveram juntos, ao que parece, para receber o Troféu Guará, uma premiação história da rádio Itatiaia de Belo Horizonte.

Embora o site da rádio não tenha o registro, tudo indica que eles formaram a seleção do Campeonato Mineiro daquele ano. A foto, pelo que parece, foi tirada na varanda de um restaurante.

A Seleção, possivelmente, teria sido esta:

Raul; Nelinho, Zezinho Figueroa, Vantuir e Vanderlei; Cerezo e Flamarion; Eduardo, Marcelo Oliveira, Reinaldo e Joãozinho.

Um timaço!

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FOTO SOFIA MARINHO

Mário Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
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