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Jovens aceleram soluções. Por Aylê-Salassié Filgueiras Quintão*

Jovens aceleram soluções para salvar o planeta 
Jovens aceleram soluções para salvar o planeta

…São vozes de, pelo menos 26 jovens de vários países e regiões do Planeta, envolvidas em, pelos menos, 1.000 ações locais de efeitos globais, compartilhadas no the #Solving It, e que terão oportunidade de se manifestar na conferência de Glasgow. Conectadas digitalmente, eles confrontam os acordos comerciais de Doha, no Catar. Não eram sequer nascidos quando aconteceu, no Rio de Janeiro, em 1992, a Conferência Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento…

A delegação brasileira, com quase 100 representantes, vai tentar, de maneira oportuna, atrair, para o Brasil, uma parte dos US$ 65 bilhões do fundo que a Conferência da Biodiversidade – COP-26 pretende arregimentar, em Glasgow, na Escócia, no final deste mês, dos 190 países adeptos das convenções ambientais. Deverá ser anunciado um novo Pacto Global, com 21 metas sustentáveis para os próximos dez anos, com vistas a reduzir os índices de aquecimento global e a proteger a biodiversidade.

Essas novas COPs são, ao mesmo tempo,  compromissos e prestação de contas à população e às novas gerações, já que não foram cumpridas as recomendações do  Protocolo de Quioto, no Japão, de 1997, para a redução da emissão de gases tóxicos na atmosfera; nem o Acordo de Paris, de 2020 com propósitos similares pelos países e segmentos, sobretudo produtivos, o que levou os Estados Unidos, de Trump, a desligar-se do tratado. Agora volta com Biden.

Tudo tem em vista, de fato,  as novas gerações, essas mesmas que, desconfiadas com o ritmo das providências globais,  procuram, por si mesmo, acelerar as soluções para problemas que afetam a perenidade dos recursos naturais e a qualidade de vida no Planeta, despertando a consciência e  mobilizando a juventude  em todo o mundo, como fez recentemente a norueguesa Greta Thunberg, de 17 anos.

Falando, digitalmente para 240 mil seguidores adolescentes, a jovem irlandesa, Alicia O’Sullivan, de 20 anos, lançou um desafio: “As políticas, leis e estratégias de desenvolvimento no mundo precisam de um novo foco, e “vocês” – dirigindo-se aos jovens – tem poder para fazer isso!” .  Foi completada pela chinesa, de 19 anos, Howey Ou, perseguida em seu país por defender as causas ambientais: “Nós nos recusamos a ser prisioneiros da injustiça, precisamos desafiar o capitalismo consumista”. Catalina Silva, Chile, 20 anos, ambientalista, defensora dos glaciers, dos oceanos, do uso racional da água na Patagônia, arremata: “Ninguém vai nos dar o mundo que sonhamos”.

São vozes de, pelo menos 26 jovens de vários países e regiões do Planeta, envolvidas em, pelos menos, 1.000 ações locais de efeitos globais, compartilhadas no the #Solving It, e que terão oportunidade de se manifestar na conferência de Glasgow. Conectadas digitalmente, eles confrontam os acordos comerciais de Doha, no Catar.

Não eram sequer nascidos quando aconteceu, no Rio de Janeiro, em 1992, a Conferência Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento, reunindo, no Rio Centro, reis, rainhas,  chefes de Estado, cientistas no que foi chamado de “A Cúpula da Terra”,  em que se firmou um Pacto Global em defesa do meio ambiente, pela sustentabilidade. Denunciavam as mudanças climáticas e seus efeitos nocivos como o aquecimento global, provocado pelo o uso de combustíveis, gases e matérias  fósseis (petróleo, carvão, etc), que elevam sistematicamente as temperaturas na terra; a destruição dos recursos naturais, pelas queimadas e desmatamentos; os impactos sobre a biodiversidade terrestre e nos oceanos; a poluição do ar e das águas, o consumo  e desperdício de recursos pelo ideologia do consumerismo.

Descrentes de todo aquele aparato montado institucionalmente para a realização da Conferência Mundial (UNCED-92), as organizações não-governamentais do mundo promoveram uma conferência “Paralela”, ocupando fisicamente o Parque do Flamengo e redondezas. Dela foram tiradas conclusões e recomendações, avançando em exigências para além das recomendações do documento da Conferência da ONU, em direção a uma vida mais saudável, a redução do uso e do consumo exagerado dos recursos naturais.

A geração “Z” – nascidos entre 1995 e 2012 – quer mais. Clama por uma sociedade mais justa. Reivindica uma imediata transição energética, com a suspensão do consumo de combustíveis fósseis (petróleo, carvão), redução do uso de pesticidas, fertilizantes e vantagens tributárias, e defendem a criação de novas áreas protegidas na terra e nos oceanos.   Alguns participantes daquela Conferência Paralela, hoje são membros das organizações de governo e de instituições ocupadas em estabelecer um novo Pacto Global para a defesa do planeta e da vida na Terra.

Em Glasgow estará também certamente a índia Artemisa Xakriaba, do Brasil, à busca de apoio para sua luta incansável pela preservação da Amazônia e a proteção dos povos indígenas: “Posso ver um futuro, onde nós faremos a diferença, mas para isso precisamos ser ouvidos e respeitados. Xakriaba vai ter o apoio da delegação brasileira. São belos ganchos para captar para o Brasil uma parte dos recursos que alimentarão um fundo universal de apoio às lutas contra as mudanças climáticas e destruição da biodiversidade.

Nós lutamos por nossa sobrevivência. A crise do clima é a nossa realidade. – diz Disha Ravi, da India, (21)., que viaja pelo seu país, como um Ghandi, explicando e defendendo o meio ambiente em diferentes comunidades e línguas. Joshua Oluwaseyi, da Nigeria (21),” informa que, ao invés enfrentar governos e as velhas gerações, procura educar a minha sobre os impactos no meio ambiente e no nosso futuro”. 

Nyombi Morris, da Uganda, lidera, a partir de seu país, um movimento em favor da proteção climática chamada “O Levante da África” (Rise up for the people and the planet), que tem mais de um milhão de seguidores. Sem as ações, de certa forma,  atrevidas e urgentes, a Terra não resistirá e não haverá outras gerações. Jovens ativistas podem fazer a diferença em Glasgow, diz Ségolene Royal (68), ex-candidata (2007) a Presidência da República na França.

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Aylê-Salassié F. QuintãoJornalista, professor, doutor em História Cultural. Vive em Brasília

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