Ah, se inveja matasse!

Ah, se inveja matasse! Por José Horta Manzano

Essa foi a reação do capitão ao referir-se à acolhida do Lula pelo presidente da França, dias atrás. Ai, se inveja matasse!…

“A França não é exemplo para nós, muito menos o seu Macron. Seu Macron está muito bem acompanhado do Lula, e Lula, muito bem acompanhado do seu Macron. Eles se entendem, falam a mesma linguagem.”

 

Ah, se inveja matasse!

Se Bolsonaro pôde viajar a Nova York para comer pizza na calçada e, dias depois, fazer turismo na Itália para cuspir na tumba dos pracinhas, é sinal de que está apto a viajar para qualquer parte do globo. O chato é que ninguém o convida nem o quer receber.

Na verdade, ninguém quer saber dele. Aparecer em foto a seu lado? É o pesadelo de qualquer mandatário que se preze! O capitão é pestiferado, como aqueles infelizes da Idade Média, que, infestados pela bubônica, não tinham sequer permissão para pôr os pés no vilarejo onde viviam. Xô!

O máximo que o capitão conseguiu foi ser recebido nos ouros e nos mármores dos potentados médio-orientais, gente com petróleo de mais e escrúpulos de menos. Visitas assim rendem fotos cintilantes, mas não dão prestígio a ninguém – e Bolsonaro sabe disso.

Já o Lula, apesar de ter instaurado corrupção sistêmica no país e ter gramado ano e meio de masmorra (de 1ª. classe), ainda goza de boa imagem lá fora. Veja só, se um ex-presidiário condenado por corrupção é paparicado enquanto o presidente em exercício é enxotado, é porque este último é ruim de fato. Não tem nada que se aproveite.

“A França não é exemplo para nós, muito menos o seu Macron. Seu Macron está muito bem acompanhado do Lula, e Lula, muito bem acompanhado do seu Macron. Eles se entendem, falam a mesma linguagem.”

Essa foi a reação do capitão ao referir-se à acolhida do Lula pelo presidente da França, dias atrás. Ai, se inveja matasse!…

Em três anos de mandato, nenhum chefe de Estado ofereceu ao capitão hospitalidade tão prestigiosa quanto essa que o Lula acaba de receber de “seu” Macron. Aliás, que eu me lembre, tirando as viagens que fez a Netanyahu e a Trump logo no início do mandato, nenhum chefe de Estado jamais convidou o capitão.

Talvez seja uma das razões pelas quais nosso presidente se tranca no banheiro, de madrugada, para chorar, o pobrezinho. Não estou inventando, foi ele mesmo quem confessou. Não deve ser fácil pra ninguém se achar o rei da raspadinha e, ao mesmo tempo, ser rejeitado pelo mundo ingrato.

Vamos esperar que nenhum dos dois ETs, nem o Lula nem o Bolsonaro, venha a ser o próximo presidente da República. É verdade que o Brasil tem carma pesado, mas nossa geração já pagou boa parte da dívida. Que sobre um pouco para a próxima.

Quatorze anos de PT, mais dois de Temer, mais quatro de Bolsonaro: são vinte anos! Há duas décadas estamos resgatando os pecados cometidos ao longo dos últimos 5 séculos. Bem que podia dar uma refrescadinha. Que venha um outro qualquer. Desde que não seja malandro como um nem maluco destrambelhado como o outro, terá o apoio da nação agradecida.

Para explicar o título

“Ah, se inveja matasse”, o capitão estaria em estado de rigidez cadavérica, pronto pra receber sete palmos de terra por cima. Sem choro nem vela.

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JOSÉ HORTA MANZANO – Escritor, analista e cronista. Mantém o blog Brasil de Longe. Analisa as coisas de nosso país em diversos ângulos,  dependendo da inspiração do momento; pode tratar de política, línguas, história, música, geografia, atualidade e notícias do dia a dia. Colabora no caderno Opinião, do Correio Braziliense. Vive na Suíça, e há 45 anos mora no continente europeu. A comparação entre os fatos de lá e os daqui é uma de suas especialidades.

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2 thoughts on “Ah, se inveja matasse! Por José Horta Manzano

  1. Ainda bem que não mata! Assim os invejosos terão mais tempo de vida para remoer suas frustrações e despeito e incompetência
    a cada sucesso de quem o mereceu.

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