IMBROCHÁVEL

O dia em que o imbrochável brochou. Coluna Carlos Brickmann

EDIÇÃO DOS JORNAIS DE QUARTA-FEIRA, 28 DE SETEMBRO DE 2022

IMBROCHÁVEL

Quando perguntaram ao curitibano Rafael Greca se era homossexual, ele respondeu que não pretendia governar com a bunda. Caro leitor, adivinhe:  qual o instrumento que Jair Bolsonaro, o Imbrochável, pretende usar se reeleito? Errou: ele pretende usar a mentira. Conforme disse em entrevista, em 2011, o Imbrochável já brochou e era bem mais jovem do que hoje.

Como disse o próprio Bolsonaro, em entrevista à revista Playboy, em 2011, “quem diz que nunca brochou está mentindo”. E está trazendo a debate um tema que não interessaria a ninguém – e amplificado. Agora, explica o que quis dizer com Imbrochável: “Não vou dar pra trás”. Para quem gosta de fofoca: site revista Playboy, 29 de junho de 2011, entrevista a Jardel Sebba.

E Lula, com que instrumento pretende governar, se eleito? Não conta de jeito nenhum: não divulgou seu programa. Como diziam aqueles senhores paraguaios nos tempos da importação desburocratizada, “la garantia soy yo”.

Em resumo, nós só não votamos no escuro porque ambos já governaram o Brasil. Vota-se no mal menor, mesmo que ainda assim seja muito mal.

Talvez as pesquisas indiquem Lula por ter conseguido sair de seu eleitorado habitual e conquistado eleitores que normalmente não votariam nele; talvez por ser acusado basicamente de corrupção, não por vontade de golpear as instituições. Ou, quem sabe, por ter obtido avaliação muito boa, no primeiro mandato. E por decidir que sexo não é tema eleitoral.

 Frase 1

Da candidata do União Brasil à Presidência, Soraya Thronicke, que já foi bolsonarista e hoje o rejeita especialmente por ver nele o desprezo pelas mulheres: “Não cutuque a onça com sua vara curta”.

Soraya cita a novela Pantanal, na qual uma mulher vira onça.

 Frase 2

Do candidato do PMB a deputado federal por São Paulo, Abraham Weintraub, que já foi bolsonarista de primeira linha, que foi ministro, que foi diretor do Banco Mundial e que o rejeita depois de ter sido traído – Bolsonaro lhe prometera apoio para ser candidato ao Governo paulista e o abandonou sem maiores explicações. Em entrevista, lhe perguntaram se o presidente é corrupto ou faz vista grossa para casos de corrupção em seu Governo. Weintraub, que não tem nada de lulista, que declarou voto nulo, respondeu:

“Rabo de porco, orelha de porco, pé de porco, focinho de porco. Bicho, se não é porco, é feijoada. Respondido?”

 Tudo pela eleição

A informação foi divulgada pelo excelente colunista Lauro Jardim, de “O Globo”: o chanceler Carlos França foi a Miami para acalmar a comunidade brasileira, que já estava aderindo a teorias conspiracionistas de que haveria uma articulação vermelha para provocar uma abstenção gigante na região, em prejuízo de Bolsonaro. Motivo da indignação: o Consulado brasileiro, que era no centro de Miami, mudou-se para um local a uns 40 minutos de carro de distância. Ali há 40 mil brasileiros; ali Bolsonaro teve 91% do total de votos.

Ainda não se sabe qual a fórmula que o chanceler usará para que a comunidade brasileira se acalme (e deixe de acreditar que o Itamaraty seja um antro de comunistas). Mas que a missão tem muito mais cunho eleitoral do que qualquer outra coisa é dificílimo discutir.

 Sangue, mais sangue

Aconteceu em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, ocorreu durante a campanha, mas não tem nada a ver com ódios eleitorais. Saulo Batista da Silva, 40 anos, foi esfaqueado por uma amante, que o descobriu num caso amoroso com outra amante. A esposa do candidato está fora da confusão, na cidade em que moram, já que ele viaja sozinho para fazer campanha.

Saulo foi internado, na manhã de segunda-feira, na Santa Casa de Campo Grande, com facadas nos braços e arranhões no tórax. Fugiu na tarde de ontem. Até a hora em que esta coluna era encerrada, não tinha sido achado.

 Caros ministros

Comparação entre a Coroa britânica, as Supremas Cortes de diversos países e o Supremo Tribunal Federal, elaborada pelo colunista Cláudio Humberto (www.diariodopoder.com.br): o STF custa mais que a família real britânica. A Coroa custa algo como R$ 601 milhões por ano, informa Cláudio Humberto, e o Supremo R$ 851,7 milhões.

Nos Estados Unidos, o custo da Suprema Corte é R$ 755 milhões. Na Índia, com quase sete vezes nossa população, o custo é de 25% do nosso. Na Austrália, grande como o Brasil, o custo é de R$ 97 milhões.

 Filmaço – vale a pena

Quando a Alemanha nazista e a URSS comunista se aliaram, dividiram a Polônia. Os soviéticos mataram em Katyn alguns milhares de poloneses. Depois, puseram a culpa nos nazistas e reconheceram o massacre 50 anos depois. “Os carrascos de Stalin” estreia no Curta! e Curta On! dia 30.

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2 thoughts on “O dia em que o imbrochável brochou. Coluna Carlos Brickmann

  1. Frase atribuída a Carlos Drummond de Andrade: “Uma eleição é feita para corrigir o erro da eleição anterior, mesmo que o agrave.” Outra, do poeta maior: “Democracia é a forma de governo em que o povo imagina estar no poder”. No Brasil, valia o escrito; agora, vale o digitado – ou, o indigitado(…)?

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