Ruy Castro

Um novo Ruy na academia. Por Arnaldo Niskier

Ruy Castro

Com significativos 32 votos, o jornalista e escritor mineiro Ruy Castro foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, na vaga que pertenceu a Sérgio Paulo Rouanet, ex-ministro da Cultura do nosso país.

É o segundo Ruy na vida da ABL. O primeiro foi o famoso Rui Barbosa, que substituiu Machado de Assis na presidência dessa importante casa de cultura. Agora chega Ruy Castro, com uma relevante bagagem de obras de grande relevo para a cultura brasileira. Hoje, é um dos principais biógrafos do Brasil, com obras como “Carmen, uma biografia”, de 2005; “Garrincha, uma estrela solitária”, de 1995 e “Nelson Rodrigues, o anjo pornográfico”, de 1992.

Em algumas oportunidades, consultado por Ruy, com quem trabalhei nos idos de 1960 na revista “Manchete”, sob a direção de Justino Martins, tive o ensejo de contar o que sabia sobre o convívio de mais de 10 anos com Nelson Rodrigues, a começar na “Última Hora” e depois na “Manchete Esportiva”, e sobre o jogador Garrincha, que acompanhei bem de perto nos treinamentos da seleção brasileira de 1958, em Poços de Caldas e Araxá. Ruy queria saber se era verdade que Garrincha era um beberrão contumaz e se isso teria prejudicado a sua incrível carreira de futebol brasileiro. Por dever de justiça, repórter atento que sempre fui, desmenti que isso fosse verdade, pois logo eu saberia. E um fato dessa natureza não passaria despercebido do treinador Vicente Feola, que conduziu com muita competência e dedicação a seleção canarinho ao seu primeiro grande título internacional, na Copa da Suécia.

Tudo isso firmou entre nós dois (Ruy e eu) uma sólida admiração. Fui chefe de reportagem da Manchete, nos primórdios de carreira do jovem repórter de Caratinga, que hoje chega com brilho e amplos méritos à Casa de Machado de Assis.

Nas comemorações da sua vitória, o colunista da “Folha de São Paulo” destacou que a Academia, em vários momentos da história do Brasil, teve participação relevante nos destinos da nação. E lembrou alguns nomes da sua maravilhosa galeria de mitos, como Oswaldo Cruz, Euclides da Cunha e Joaquim Nabuco, para só ficar nesses exemplos. Como escritor, Ruy escreveu livros importantes, como o “Chega de Saudade” e “Ela é carioca”. Prometeu seguir na sua carreira vitoriosa, mas não quis revelar o que tem em mente.

Foi uma bela conquista da ABL.

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Arnaldo Niskier | Academia Brasileira de LetrasArnaldo NiskierImortal. Sétimo ocupante da Cadeira nº 18 da Academia Brasileria de Letras. Professor, escritor, filósofo, historiador e pedagogo. Foi presidente da Academia Brasileira de Letras e secretário estadual de Ciência e Tecnologia e de Educação e Cultura do Rio de Janeiro. 

 

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