Medicina, Literatura, Psicossomática

Medicina, Literatura, Psicossomática. Por Meraldo Zisman

Medicina, Literatura, Psicossomática

Após uma extensa experiência de observação, tratamento e interação com crianças ao longo do tempo, pude compreender a importância do envolvimento familiar na prática pediátrica. Com frequência, são os avós, tios, padrinhos, vizinhos e outros parentes que escolhem o médico, tornando-se os principais influenciadores no tratamento. Durante os exames das crianças, é notável que as mães, avós ou sogras são as que mais atentamente observam, até mais do que o próprio paciente. Uma estrutura familiar funcional é essencial para garantir o crescimento saudável de uma criança, adolescente ou jovem.

Com base nessa percepção, decidi que não abandonaria meus pacientes à medida que crescessem. Por eles e por mim, permaneço ao lado deles, cuidando de sua saúde durante a fase juvenil. Mesmo quando já são casados e têm famílias, eles me procuram em busca de conselhos. Para atender a essa demanda, especializei-me em medicina para jovens, sem deixar de lado a pediatria. Após ser aprovado no concurso para titular de Clínica Pediátrica Médica na Universidade de Pernambuco, tive a oportunidade de ser acolhido pela Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES/PE), graças às mãos amigas, seguras e generosas do Professor Veloso Costa.

Na SOBRAMES, pude compartilhar meus modestos escritos e aprender muito, além de efetuar novas amizades. Considero a SOBRAMES um verdadeiro refúgio de paz em meio ao conturbado mundo médico. Também estabeleci uma conexão significativa com o psicanalista Dr. José de Almeida Lins, que introduziu a psicanálise nessa região. Seus ensinamentos proporcionaram uma visão mais humanista da vida, tanto no aspecto profissional quanto no pessoal. Deixei de ser um médico focado exclusivamente no aspecto orgânico para me tornar cada vez mais um profissional de saúde, compreendendo a importância das pessoas em sua totalidade, embora saiba que a relação entre medicina e literatura sempre foi conflituosa, assim como as disputas entre membros da mesma família.

Os escritores nos veem como meros repetidores do que eles já conhecem, enquanto nós, médicos, acreditamos em suas premonições. Ambos defendem o bem-estar dos seres humanos. Aconselho aqueles que desejam se tornar médicos a se conhecerem melhor, algo que não é ensinado nas Faculdades de Medicina. Escolher a profissão médica por si só já é um desafio, imagine quando se adiciona a literatura. Existem tantas profissões menos árduas, ou pelo menos mais alegres. Mas vamos em frente! Tenho lutado para ter uma visão abrangente e completa da minha atividade, como um soldado da psicossomática (ciência transdisciplinar que engloba várias es pecialidades da medicina e da psicologia, estudando os efeitos de fatores sociais e psicológicos nos processos orgânicos do corpo e no bem-estar das pessoas).

No entanto, não perco de vista os avanços técnico-científicos e jamais deixo de lado a ética e a moral. Além disso, a literatura descreve a beleza, seja por meio da escrita ou da oralidade, e é uma forma de conforto e inspiração para pessoas de todas as idades.

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Meraldo Zisman Médico, psicoterapeuta. É um dos primeiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Vive no Recife (PE). Imortal, pela Academia Recifense de Letras, da Cadeira de número 20, cujo patrono é o escritor Alvaro Ferraz.

Acaba de relançar “Nordeste Pigmeu”. Pela Amazon: paradoxum.org/nordestepigmeu

 

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