Carro elétrico.

… Assim como a mentalidade estreita de Bolsonaro via no confinamento da covid apenas uma ameaça à economia nacional, Zema vê no carro elétrico “uma ameaça aos nossos empregos”. Sua visão afunilada não consegue vislumbrar o futuro…

Carro elétrico.

Em 2019, quando Romeu Zema (governador de Minas Gerais) concedeu a cidadania honorária do estado a Jair Bolsonaro, o governo do capitão estava apenas começando. Ainda não se falava em covid, nem em cloroquina, nem em jet ski, nem em pizza na calçada. Era admissível que alguns cidadãos ainda tivessem esperança de ter um governo decente.

Em 2023, encerrada a era bolsonárica, as ilusões já haviam morrido. Não era mais permitido dar ao capitão o benefício da dúvida, porque dúvida já não havia: seu governo havia sido calamitoso.

Senhor Zema, reeleito governador das Gerais em 2022, não precisava dar vexame, mas deu. Com a cumplicidade da Assembleia Legislativa, organizou uma festa em homenagem ao cidadão honorário. Em agosto passado (dois meses atrás), recebeu Bolsonaro com pompa e entregou-lhe o diploma. Não era obrigado a fazê-lo. Podia ter deixado o título honorífico continuar cochilando na gaveta do esquecimento. Se levou o caso até o fim, foi porque quis.

Vê-se que, para Romeu Zema, o 8 de Janeiro, as joias contrabandeadas, a minuta do golpe, a fuga para Orlando, o escândalo da covid, as vacinas sonegadas, a propaganda de remédios falsos, as bíblias negociadas contra barras de ouro – tudo isso não foi suficiente para mudar sua ideia. Para ele, Jair Bolsonaro continua merecedor da honra de ser declarado mineiro.

De um homem com essa mentalidade, pode-se esperar tudo. Até essa barbaridade que aparece no recorte acima.

Assim como a mentalidade estreita de Bolsonaro via no confinamento da covid apenas uma ameaça à economia nacional, Zema vê no carro elétrico “uma ameaça aos nossos empregos”. Sua visão afunilada não consegue vislumbrar o futuro. Não deve estar a par da determinação de numerosos países de simplesmente proibir o emplacamento de veículos com motor a combustão a partir de 2025 ou 2030.

Se estivéssemos no fim do século XV, esse senhor estaria denunciando a perda de emprego dos copistas medievais suplantados pela imprensa de Johannes Gutenberg.

Mas deixe estar. Não será um sabujo qualquer que vai fazer o mundo parar de girar. Quer doutor Zema goste ou não, o futuro da indústria automobilística estende os braços aos veículos elétricos e a hidrogênio. E isso vai acontecer antes do que ele imagina.

Carro ELÉTRICO

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JOSÉ HORTA MANZANO – Escritor, analista e cronista. Mantém o blog Brasil de Longe. Analisa as coisas de nosso país em diversos ângulos,  dependendo da inspiração do momento; pode tratar de política, línguas, história, música, geografia, atualidade e notícias do dia a dia. Colabora no caderno Opinião, do Correio Braziliense. Vive na Suíça, e há 45 anos mora no continente europeu. A comparação entre os fatos de lá e os daqui é uma de suas especialidades.

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1 thought on “Carro elétrico. Por José Horta Manzano

  1. ECZEMA, O ZEMA, NÉ , GOVERNADOR DE MINAS GERAIS ESTÁ PROVANDO A CADA DIA A INTENÇÃO DE DESTRUIR O PATRIMÔNIO HISTÓRICO E MORAL DOS GRANDES POLÍTICOS MINEIROS. TRANSFORMOU MINAS EM CHACOTA E QUER ARRUINAR OS BELOS MONUMENTOS NATURAIS DO ESTADO APOIANDO A MINERAÇÃO EM QUALQUER LUGAR E QUALQUER PREÇO. NÃO CONSIGO ENTENDER COMO POVO MINEIRO ” TÃO DESCONFIADO E CAUTELOSO” CAIU NESSE CONTO DE EMPRESÁRIO DE SUCESSO E GRANDE HONESTIDADE

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