RIO CAOS

Rio, beleza e caos. Por Fernando Gabeira

O que será preciso para entender o Rio como purgatório da beleza e do caos descrito na canção? Os sinais são inequívocos. O território perdido aumenta, os tiroteios se intensificam, as armas tornam-se mais pesadas, a munição cada vez mais abundante…
RIO, CAOS
PUBLICADO ORIGINALMENTE EM O GLOBO E NO SITE DO AUTOR,
 www.gabeira.com.br, 5 DE MAIO DE 2025
Na minha primeira viagem ao Haiti, hospedei-me na casa de um diplomata brasileiro. Na hora de dormir, na primeira noite, ouvi alguns tiros ao longe. Relaxei a pensei: estou em casa, isto parece o Rio. Passadas algumas décadas, não reconheço mais aquele Rio de estampidos esparsos. No fim de semana, fui acordado por um intenso tiroteio, com o matraquear de metralhadores e balas de fuzis. Durante alguns minutos, pensei que estava no centro de uma guerra, Ucrânia, talvez Gaza.
Voltei para a cama pensando: posso dormir em paz porque gastaram toda a munição. Impossível manter um tiroteio intenso todo esse tempo. Ilusão. Minutos depois, os tiros voltaram com intensidade maior. Parece que o matraquear das metralhadoras ganhou mais volume, e os fuzis se faziam ouvir com mais clareza. De novo, voltei para a cama, certo de que tinham gastado todas as balas da cidade. E não é que a guerra explodiu de novo, pela terceira vez, com a mesma intensidade?

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