
Educação disfuncional. Por Paulo Renato Coelho Netto
Educação no Brasil…Quase quatro em cada dez brasileiros não conseguem entender a leitura e a escrita no dia a dia… A análise piora ainda mais por faixa etária. Entre 50 e 64 anos, mais da metade (51%) dos brasileiros são analfabetos funcionais.
Dos 203 milhões de brasileiros, população estimada em 2022 pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), 29% dos habitantes são analfabetos funcionais, quase 59 milhões de pessoas.
A pesquisa foi divulgada no início da semana, segunda-feira, dia 5 de maio, pelo Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf).
Em 2024, a população da Inglaterra somava aproximadamente 56 milhões de habitantes. Se fossem brasileiros, seriam 56 milhões de analfabetos funcionais, com reserva para mais três milhões de ingleses ainda não nascidos. Adultos, passariam a vida sem entender um parágrafo curto de um livro de William Shakespeare.
Sorte dos ingleses que não nasceram no país que já usou o lema “Pátria Educadora” como marketing oficial.
Quase quatro em cada dez brasileiros não conseguem entender a leitura e a escrita no dia a dia.
O analfabeto funcional consegue ler frases simples, mas é incapaz de compreender uma notícia escrita em sites ou jornais.
Ele compreende história em quadrinhos, identifica o ônibus que pega para ir e voltar ao trabalho, mas é incapaz, literalmente, de ler e entender o mundo que o cerca.
A educação brasileira é um sistema que perpetua a servidão.
De acordo com o Inaf, o número de estudantes do ensino médio caracterizados como analfabetos funcionais aumentou de 14%, em 2018, para 17%, em 2024.
A análise piora ainda mais por faixa etária. Entre 50 e 64 anos, mais da metade (51%) dos brasileiros são analfabetos funcionais.
São zumbis que vagueiam pela civilização.
Na semana passada, 28 de abril, outra notícia gritante sobre a decadência da educação brasileira.
De acordo com o Instituto Todos Pela Educação, apenas 5,2% dos alunos da rede pública terminam o ensino médio com conhecimentos adequados em matemática.
No Brasil, incapaz de interpretar textos, o ideal é desenhar. Em outras palavras, 94,8% dos brasileiros não sabem fazer conta. Se tudo der certo, vão viver pulando de subemprego em subemprego.
Os que não tiverem o privilégio do subemprego humilhante, vão trabalhar no mercado informal ou serão cooptados para servir como soldados do crime organizado.
Um dos problemas deste país é que as notícias gritantes não são escutadas por quem tem o poder e o dever de mudar os rumos do Brasil. Fazem ouvidos moucos.
Exemplos de educação de qualidade não faltam para serem estudados e seguidos.
Desde 1960 a Coreia do Sul investe pesado em educação para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. Hoje, 100% da população é alfabetizada. Em 65 anos, o país saiu da pobreza e se transformou em potência econômica e tecnológica mundial.
A Coreia do Sul investe 7,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação. Depois da Islândia e da Dinamarca, é o terceiro país mais desenvolvido no setor.
Se o Brasil fizer o mesmo, começar a investir seriamente hoje em educação de qualidade, os frutos de um novo país começarão a brotar em maio de 2090.
Por enquanto, o sistema educacional brasileiro serve apenas para perpetuar no poder uma das elites mais burras, perversas e mesquinhas do mundo.
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Paulo Renato Coelho Netto – é jornalista, pós-graduado em Marketing. Tem reportagens publicadas nas Revistas Piauí, Época e Veja digital; nos sites UOL/Piauí/Folha de S.Paulo, O GLOBO, CLAUDIA/Abril, Observatório da Imprensa e VICE Brasil. Foi repórter nos jornais Gazeta Mercantil e Diário do Grande ABC. É autor de sete livros, entre os quais biografias e “2020 O Ano Que Não Existiu – A Pandemia de verde e amarelo”. Vive em Campo Grande.