Mais uma inútil canetada. Coluna Mário Marinho

Mais uma inútil canetada

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… É preciso atitude. E atitude firme, lei nacional e não poucas e improdutivas iniciativas isoladas a cada confronto, a cada morte, a cada lágrima.

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O Brasil é um país repleto, inundado de leis.

Para qualquer mal surge logo uma lei salvadora. Uma catástrofe leva a discussões indignadas, protestos irados, promessas de atitudes, leis e projetos de leis são apresentados, discutidos e, muitas vezes, aprovados ou, simplesmente, não saem da gaveta.

O vento do tempo leva tudo embora.

A recente morte de uma pessoa durante o confronto de torcedores corintianos e palmeirenses, acirrou novamente a discussão.

A vítima não fazia parte do confronto e nem se sabe se ela gostava de futebol.

Pois bem, agora vem a autoridade (in)competente e determina: nos jogos entre os grandes paulistas, os chamados clássicos, só haverá torcida de um time.

É algo que tem a mesma utilidade prática de se baixar leis proibindo enchentes, deslizamento de terra, acidentes nas estradas, morte de motoqueiros etc.

soccerball4Já existe lei de mais, o que falta é sua aplicação. O que falta é a punição.

Todos nós sabemos que tentar contra a vida de uma pessoa, feri-la gravemente ou não, matar é crime previsto em lei.

Nos últimos 20 anos, quase duas dezenas de pessoas foram mortas em confrontos de torcida em São Paulo. Quantos foram punidos?

Torcedores, ou melhor vândalos, pegos em flagrante são proibidos de assistir a jogos de seus times. Mas, não raramente, lá estão eles nos estádios e até postam fotos zombando da pena que lhes foi imposta.

No caso da pessoa morta antes do confronto Corinthians e Palmeiras, no último domingo, cerca de 60 pessoas foram presas. Na segunda-feira, quantas estavam ainda detidas? Nenhuma. Quantas vão responder a processo? Não sei. Quantas vão ser condenadas? Eu sei: nenhuma.

No meu modo de ver, a única canetada que pode começar a melhorar esse clima de violência é a canetada acabando com as torcidas ditas organizadas. Que organiza crimes com o beneplácito dos cartolas. Mas essa canetada ninguém dá.

Torcedores, ou melhor vândalos, pegos em flagrante são proibidos de assistir a jogos de seus times. Mas, não raramente, lá estão eles nos estádios e até postam fotos zombando da pena que lhes foi imposta.

Mas como?

Eles não são obrigados a se apresentar a autoridades nos dias e horários de jogos de seus times? Se estão em campo, não se apresentaram. E se não se apresentaram, cadê a punição?

Enfim, não adianta chá de camomila aqui, pomada minâncora ali: é preciso atitude séria e determinada das autoridades. Chega de reuniões com os representantes das tais torcidas, chega de conversa mole.

É preciso atitude.

E atitude firme, lei nacional e não poucas e improdutivas iniciativas isoladas a cada confronto, a cada morte, a cada lágrima.

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FOTO SOFIA MARINHO
MARIO MARINHO

Mario Marinho É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em  livros do setor esportivo

A COLUNA MÁRIO MARINHO É PUBLICADA TODAS AS SEGUNDAS E QUINTAS AQUI NO CHUMBO GORDO.

… e sempre que tiver alguma novidade

 

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