Não dá para não comparar. Coluna Mário Marinho

Não dá para não comparar.

Coluna MÁRIO MARINHO

Há entre as competições masculinas e femininas verdadeira maratona e meia de distância.

Vamos falar do futebol.

Como princípio básico, na verdade um dogma, eu não acredito que o jogador entre em campo e se esconda do jogo, não participe porque está com o bolso cheio de dinheiro, que não tenha interesse quando veste a camisa da Seleção Brasileira. Há uma única exceção: quando eles querem derrubar o técnico.

Então, vem a pergunta que não quer calar: os meninos da Seleção Olímpica amarelaram? As meninas têm mais raça?

Há um pouco de cada coisa, somado a outros fatores.

As duas seleções são boas. As meninas, não dependeram apenas da Marta, cinco vezes eleita pela Fifa como a melhor jogadora do mundo, enquanto os meninos dependeram mais de Neymar.

A seleção das meninas está formada há mais tempo, já participou de outras competições – Olimpíada, inclusive – com o time formado por muitas das jogadoras que estão atuando agora.

Os meninos, não.

O fator pressão pesa sobre os dois.

Mas pesa um pouco menos para as meninas.

Os meninos, todos profissionais com altos salários, entram em campo com duas obrigações: a primeira, vencer; a segunda, jogar bem.

Um erro da batalhadora Marta, que joga há anos fora do Brasil por que nosso futebol feminino é pífio, é perdoado. Alguém vai dizer: “Pôxa, ela é batalhadora, tá fora do Brasil, se esforça” etc. etc.

Um erro do Neymar não terá a mesma compreensão. Todos vão dizer: “É mascarado!”, “Só joga no Barcelona!”, “Não tá nem aí para o Brasil!”, “Baladeiro!” e daí, vêm as vaias.

Esse é o aspecto, digamos, emocional.

No aspecto técnico também existem diferenças.

As meninas enfrentaram um bom time, a China, que não se preocupou em jogar tão retrancado.

O futebol feminino, em termos mundiais, não tem, lógico, a mesma expressão do masculino. Talvez por isso, a China tenha entrado em campo sem tanta preocupação defensiva.

A Seleção da África do Sul, também um bom time, se colocou em eficiente e forte retranca. Na frente, apenas um jogador, o eficiente Dolly, que perturbou bastante a nossa defesa.

Mas o futebol ensina, também, o seguinte: quando a estratégia não dá certo, o que vale é a individualidade.

E foi aí que ficaram visíveis os erros dos nossos craques: cadê Neymar com seus dribles estonteantes? E o Gabriel de Jesus, artilheiro e craque do Palmeiras? E o Gabigol, virou apenas Gabriel?

O futebol dificilmente resiste a uma análise fria e lógica. É mais paixão do que razão.

Por isso, dá para compreender a indignação que ouvi hoje pela manhã, na padaria:

– Tira o Neymar e coloca a Marta, pô!!!

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Zona
de proteção

 “Não entre na área, senão os beques vão quebrar suas pernas!”

Rivellino foi um dos maiores jogadores e ídolos do Corinthians. Um craque. Tinha um drible fantástico que aplicava em pouco espaço ou na corrida. Chutava como ninguém e foi até apelidado de “Patada Atômica”. Cobrava faltas usando a força ou a habilidade.

Marcou muitos gols.

Mas eu nunca vi, pelo menos não me lembro, do Rivellino fazendo gols de dentro da área.

É que o pai deles, seu Nicola, repetia para o filho: “Não entre na área, senão os beques vão quebrar suas pernas!”. E assim, foi durante toda a vida.

Ontem, ouvi do Fenômeno Ronaldo uma boa explicação para a grande área:

– Ali, é a zona proteção do atacante. O zagueiro não vai dar ponta pé, não será violento para não cometer pênalti. Por isso, o atacante deve procurar a área.

Quem sabe, sabe.

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Queira,
Deus!

Não consigo pensar na cerimônia de abertura da Olimpíada sem me lembrar daquele fiasco, aquele vexame que foi a abertura da Copa de 2014, aqui no Brasil. Queira Deus ajudado por todos os deuses do Olimpo, que tudo dê certo, que seja simples, que tenha gambiarra, mas que seja criativo.

Torcendo para que tudo dê certo, ouça Ary Barroso na voz de Gonzaguinha.

https://youtu.be/ykv9mqOC8pE

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FOTO SOFIA MARINHO

Mario Marinho É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em livros do setor esportivo

A COLUNA MÁRIO MARINHO É PUBLICADA TODAS AS SEGUNDAS E QUINTAS AQUI NO CHUMBO GORDO.

(E SEMPRE QUE TIVER NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR. )

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