Kindle: primeiras impressões

Comprei e estou usando um Kindle DX (9.7”). Espetacular.
Em primeiro lugar pela comodidade da coisa. Qualquer livro disponível é entregue em segundos e facilmente navegável. No caso baixei o This Time is Different do Ken Rogoff e da Carmen Reinhard (prometo comentar o livro mais tarde, quando acabá-lo). É possível usar mecanismos de busca para achar nomes, temas, passagens, etc (adeus índices remissivos); há links para apêndices, notas, gráficos, tabelas, boxes e coisas do gênero (chega de segurar a página que se está lendo enquanto se procura o gráfico mencionado no texto, que pode estar em outro capítulo); há um dicionário incorporado, o que permite saber o sentido da palavra só colocando o cursor ao lado dela. Quer anotar? Há como. Quer sublinhar o texto? Não tem problema. Quer marcar a página? OK.
Assinei o Financial Times e agora, todo dia de manhã, lá está ele pronto para ser lido (não há a diagramação de jornal, é um texto de cada vez e, cá entre nós, o índice podia ser melhor, mas bate de longe ler pela internet). Há quase uma centena de jornais (só três brasileiros: o Globo, Zero Hora e Diário Catarinense, se não me engano), muitas revistas (a “The Economist” não, pelo menos por enquanto).
A qualidade da tela é impressionante. Quase tão boa quanto papel. Os ajustes permitem, entre outras coisas, aumentar ou diminuir o tamanho da letra, e reduzir o número de palavras por linha. O tamanho da tela é bom e o peso não é maior que o de um livro parrudo. A bateria dura muito.
O acesso à Amazon é bom, mas depende de sinal de celular (com sinal fraco vai demorar um bocado). Se o leitor já tem um histórico bom com a loja as recomendações que normalmente aparecem no sítio são “carregadas” para o Kindle, isto é, no momento que você acessou a loja irão aparecer os livros que a Amazon normalmente recomendaria (não há ainda “graphic novels” – quadrinhos, para quem, como eu, gosta da coisa).
Obviamente, quem comprar estará se ligando à Amazon, única provedora – até onde sei – de conteúdo, mas, no fim das contas, os preços são menores do que os vigentes para cópias físicas do livro (há a desvantagem, pelo menos para mim, da inexistência do objeto livro, mas as vantagens de entrega imediata e, para quem tem pouco espaço físico, a capacidade de armazenamento de mais de 3 mil volumes). É verdade que o custo de distribuição deve ser perto de zero e a Amazon deve espremer as editoras para manter o custo marginal do livro bem baixinho (desconfio que a margem deste negócio é boçal).
Não achei muita coisa de Economia. Quem está pensando que pode ser uma boa solução para livros-texto é melhor esperar mais um tanto. A ver também como ele lida com equações.
No geral é, como disse, espetacular.

52 thoughts on “Kindle: primeiras impressões

  1. Também achei espetacular. Para a minha área (Medicina Nuclear), a ausência de cores é um problema – mas no restante, é mesmo sensacional poder carregar uma biblioteca de referência debaixo do braço. Ah, e a exibição dos texto em pdf poderia ser um pouquinho melhor também. Os dispositivos eletrônicos de leitura chegaram para ficar.
    Parabéns pelo blogue de altíssimo nível, mas que ao mesmo tempo permite que um médico, portanto leigo em economia, acompanhe sem muita dificuldade (bom, quase sempre…)discussões relevantes para o cidadão.

  2. "Mas excelente oportunidade pra falar de tarifas sobre produtos importados, mesmo sem similares nacionais. Quanto pagou pelo produto pelo fato de ser brasileiro?'

    Excelente mesmo. Saiu pelo dobro do preço…

  3. http://www.leonardi.adv.br/blog/liminar-para-importacao-do-kindle-sem-o-recolhimento-de-impostos/

    "A decisão destaca que “a atinente imunidade tributária deve ser interpretada de forma teleológica, visando aferir a finalidade da norma e se adequar à realidade e às inovações tecnológicas. Atualmente surgiram novos mecanismos de divulgação da cultura e informação, como os livros, jornais e periódicos eletrônicos, dentre eles o produto “Kindle”, que se refere a um leitor digital de livros, basicamente, que também devem ser alcançados pela imunidade tributária estabelecida no art. 150, inciso VI, alínea “d”, da Constituição Federal”."

  4. Tenho um Kindle 2 faz dois meses e estou muito contente com ele. Mas, diferente do que pensava, a maioria dos livros que leio pelo Kindle são livros já em dominio publico que antes eu lia pelo pc. As obras completas de Machado e Pessoa na palma da mão nao tem preço.
    O que mais sinto falta é "The Economist". Como ela está presente na Kindle Store americana, sua ausencia na Kindle Store da america latina deve-se a algum motivo obscuro (Contrato).

  5. ""A decisão destaca que “a atinente imunidade tributária deve ser interpretada de forma teleológica, visando aferir a finalidade da norma e se adequar à realidade e às inovações tecnológicas. Atualmente surgiram novos mecanismos de divulgação da cultura e informação, como os livros, jornais e periódicos eletrônicos, dentre eles o produto “Kindle”, que se refere a um leitor digital de livros, basicamente, que também devem ser alcançados pela imunidade tributária estabelecida no art. 150, inciso VI, alínea “d”, da Constituição Federal”.""

    Conheço o argumento, mas acho que não voa.

  6. Voa sim.Você ta importando um "livro",pela constituição livro não paga imposto.

    Segundo ele não tem nenhum artíficio tecnológico como camara digital,mp3.

    Essa lei existe para garantir o acesso à cultura, por isso não se pagam impostos na importação de livros. Ela também fala na isenção de papel para a impressão de textos, que já foi estendido para CD-ROMs e mídias eletrônicas em geral. O Kindle se encaixa nessa categoria, pois tem como única finalidade a leitura”, explicou o advogado ao G1.

    Em sua decisão, a juíza federal substituta Marcelle Ragazoni Carvalho, da 22ª Vara Federal de São Paulo, afirmou: “ainda que se trate o aparelho a ser importado de meio para leitura dos livros digitais vendidos na internet, aquele que goza efetivamente da imunidade, assim como o papel para impressão também é imune”.

    http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL1416018-6174,00-ADVOGADO+CONSEGUE+LIMINAR+PARA+COMPRAR+KINDLE+SEM+IMPOSTOS+NO+BRASIL.html

  7. Alex,

    no Kindle só dá para ler conteúdo baixado diretamente nele ou dá para baixar num PC e transferir para ele? O que for baixado para o Kindle pode ser copiado para outra máquina, por um pendrive, por exemplo?

  8. Consegue "TIO".Poderia ter pesquisado antes (orkut,forum,twitter).

    Eu você perguntaria á algum Advogado de sua confiança a respeito disso.Mostraria a decisão da juíza.

    Na minha opinião você foi "roubado" sem razão.

  9. Se existe lei que lhe isenta de pagamento de tarifas e você mesmo assim paga, a ineficiência é patente. Duplamente, primeiro, porque, se você for à justiça, tem custo. Segundo, ainda pode perder. Pela sentença favorável ao cidadão que impetrou a ação e a sua não validade para qualquer outro cidadão mostra o custo Brasil para os cidadãos comuns. Depois de tudo, pagar imposto para importar CD, MP3 ou qualquer quinquilharia que faz com que o produto dobre de preço é o fim da picada. É bom lembrar que, importando produtos como esses ou qualquer outro, temos, além de usufruir do produto, noção do que se faz no mundo e só assim poderemos saber se estamos ou não consumindo porcaria que, para piorar, nos traz aumento de custos. Para aqueles que cantam loas de que políticas com impostos de importação nas nuvens estaríamos protegendo a indústria nacional e assim o emprego de muitos, vale lembrar que ,pelo fato de estarmos comprando produtos baratos, estaríamos liberando poder de compra que se dirigiria a outros produtos e assim haveria um efeito positivo sobre a renda e o emprego. Se dependesse de mim, cobraria uma tarifa uniforme e baixa, no máximo de 10% com o fim claro de se cobrir custos alfandegários. Esse é o tipo de assunto que deveria estar na agenda presidencial de qualquer candidato a.

  10. "Alex,

    no Kindle só dá para ler conteúdo baixado diretamente nele ou dá para baixar num PC e transferir para ele? O que for baixado para o Kindle pode ser copiado para outra máquina, por um pendrive, por exemplo?"

    É possível baixar num PC e transferir para o Kindle (arquivos PDF), mas, até onde sei, não é possível (ainda) transferir do Kindle para um pendrive.

  11. " O que seria o Kindle? E quanto custa???"

    O Kindleé um e-book, i.e., um aparelho para o qual é possível transferir livros (textos em geral) em lê-los. Ao contrário de um computador (que tem uma tela brilhante), a tela do Kindle usa uma tinta eletrônica que vai formando as páginas.

    Com ele você pode comprar vários livros pela Amazon, e transferi-los imediatamente para o aparelho.

    Preço e outras informações voc^eencontra no link abaixo.

    http://www.amazon.com/kindle-store-ebooks-newspapers-blogs/b/ref=topnav_storetab_kinh?ie=UTF8&node=133141011

  12. Também adorei o Kindle, mas fiquei meio decepcionado com a pequena quantidade de textos mais acadêmicos disponíveis. Vou atrás desse Rogoff, mas se você for achando coisas bacanas de economia, muito nos ajudaria se pudesse ir avisando pelo blog.

    Quanto às HQs, acho que não ficariam muito bem no Kindle, não. Mas, se desse, eu não queria mais nada da vida.

    PS: esse texto do Rogoff é o que você citou no programa da Waldvogel? Bom programa, aliás.

  13. De Long responde a Krugman sobre iPad vs. kindle…

    Easy Answers to Simple Tech Questions

    "Paul Krugman asks:

    whyPad?: I’ve been reading all the stories about the iPad and sort of wishing I could find some reason to get one. But I can’t come up with a justification. Right now, I carry a dumb phone — GSM, so it works all over the world and in parts of New Jersey; a Lenovo X61 (with an aircard, so that New Jersey Transit is my mobile office); and a Kindle 2. I lug all of them almost everywhere, so I’m kind of a beast of burden. If the iPad were an adequate substitute for the notebook, it would let me lighten that load. But from what I’m seeing, it isn’t: I need lots of files available, number-crunching capacity, basically the ability to do whatever I would do sitting at my regular desk. So I’m still stuck with my backpack-sized briefcase."

    Answer: The iPad dominates the Kindle.

    http://delong.typepad.com/sdj/page/3/

    Abs, Lucas

  14. Alex,

    1. Se você tem um iPhone também pode baixar o APP da Kindle e sincronizar o Kindle com o iPhone, permitindo ler os mesmos livros baixados no Kindle também no iPhone, e abrindo na mesma página onde vocÊ parou de ler.
    2. Quanto ao iPad matar o Kindle, vai demorar, pois a lea do iPad não permite a leitura "na praia" pois é como a tela dos "notebooks".
    3. No dia 01Fev2010, no mesmo dia do lançamento, comprei o livro do Henry Paulson, "On the Brink".

  15. Alex,

    Mais um detalhe: para comprar o livro do Paulson, que não estava disponível para o Brasil, bastou que eu colocasse um endereço, de um amigo que está nos EUA, como sendo meu e cadastrasse na Amazon para que pudesse comprar o referido livro.
    Abs.

  16. Alex,

    Reza a lenda que a Amazon paga às editoras +- metade do que paga por um livro completo, e chega a ter margem negativa com cada livro – e ganha mais na venda dos aparelhos mesmo.
    Agora com o iPad, a situação piorou para eles…

  17. No VALOR: Em relatório divulgado ontem, o economista-chefe do Banco Santander, Alexandre Schwartsman, diz que a evolução das contas de São Paulo entre 2006 e 2009 foi muito semelhante à do governo federal, o que não confirma a avaliação que o governador José Serra tenderia a ser mais duro que Dilma na questão fiscal.

  18. "ALGUEM AQUI PODE EXPLICAR COMO PODERIA HAVER ATAQUE ESPECULATIVO QUANDO HÁ CÂMBIO FLEXÍVEL? E PRO EURO É POSSÍVEL ATAQUE ESPECULATIVO?"

    Não no sentido tradicional do termo, porque é muito difícil ganhar quando a moeda flutua.

    Mas vamos por partes. Como funciona um “ataque especulativo”? Em primeiro lugar, alguém que acredite que a taxa de câmbio de determinado país é insustentável (se ela é fundamentalmente insustentável ou se trata de caso de equilíbrios múltiplos é um ponto importante, mas não para esta discussão em particular) vai vender esta moeda, isto é, tomar passivos na moeda local e adquirir ativos denominados em moeda estrangeira.

    Caso a moeda flutue, porém, esta atividade faz a taxa de câmbio se depreciar imediatamente e parece que o especulador ganhou. Só que, quando for desfazer a operação, isto é, pagar seus compromissos em moeda local e vender os ativos em moeda estrangeira, isto tende a desfazer o efeito inicial. Ou seja, o ataque em si não produz ganhos para o especulador (se a moeda se depreciar por um outro motivo qualquer, por exemplo, porque os termos de troca pioraram, haverá ganho, mas não derivado do ataque propriamente dito).

    Se, porém, estivermos num regime de câmbio fixo, o especulador pode, no momento de formar a posição, tomar passivos em moeda local e comprar ativos em moeda estrangeira sem afetar a taxa de câmbio, isto é, sem depreciá-la. Assim, no momento da desvalorização há ganho inequívoco.

    Neste aspecto, não me parece possível um ataque especulativo contra o euro. Mas acho que sua questão é outra: seria possível um ataque apostando no caso de uma economia em particular abandonar o euro? Ou seja, seria possível tomar recursos no país X (que seriam pagos na hipotética moeda do país X em caso de abandono da união monetária) e aplicá-los em ativos denominados em euros? Em tese sim, mas me parece muito difícil, não só porque a hipótese de abandono de uma união monetária é remota, mas também porque envolve saber de antemão quais os ativos financeiros que ficariam denominados na hipotética moeda local (depósitos em conta corrente? depósitos a prazo?) e quais permaneceriam denominados em euros (dívida pública?).

  19. Um livro ótimo e de nível intermediário que trata sobre isso todo (ataques especulativos e demais) é International Macroeconomics by Robert Feenstra e Alan Taylor. É muito bom. O recomendo.

    Abrs,

    A

  20. Como é feito o backup dos livros adquiridos para o Kindle? Imagino que exista a opção de transferir os arquivos para um computador e daí para qualquer tipo de drive externo. É isso mesmo?

    Obrigado,
    Ed

  21. The Economist grátis no Kindle
    Alex, entendo o seu entusiasmo com o e-book, realmente é uma quebra de paradigma. Só tenho algumas dicas para dar, a primeira é um ebook manager chamado Calibre (http://calibre-ebook.com). O programa tem um módulo de download de periodicos que é incrível, com ele é possível baixar a "The Economist" inteira, inclusive fotos e índice (para baixar a revista toda, precisar ter a senha), além de dezenas de outras revistas e jornais). Só dá para carregar através do cabo USB, mas é muito simples.

    A segunda dica é um site chamado http://www.4shared.com, é na minha opinião a melhor fonte para encontrar ebooks em portugues, a disponibilidades de títulos é imensa, muita coisa de domínio público e, como quase tudo na internet, muita pirataria também.

  22. Não tem nada a ver com o assunto. Só achei que combina com o espirito do blog, segue:

    Um professor de economia na Universidade Texas Tech disse que ele nunca reprovou um só aluno antes, mas tinha, uma vez, reprovado uma classe inteira.
    Esta classe em particular tinha insistido que o socialismo realmente funcionava: ninguém seria pobre e ninguém seria rico, tudo seria igualitário e 'justo.'
    O professor então disse, "Ok, vamos fazer um experimento socialista nesta classe.. Ao invés de dinheiro, usaremos suas notas nas provas."
    Todas as notas seriam concedidas com base na média da classe, e portanto seriam 'justas.' Isso quis dizer que todos receberiam as mesmas notas, o que significou que ninguém seria reprovado. Isso também quis dizer, claro, que ninguém receberia um "A"…
    Depois que a média das primeiras provas foram tiradas, todos receberam "B".
    Quem estudou com dedicação ficou indignado, mas os alunos que não se esforçaram ficaram muito felizes com o resultado.
    Quando a segunda prova foi aplicada, os preguiçosos estudaram ainda menos – eles esperavam tirar notas boas de qualquer forma. Aqueles que tinham estudado bastante no início resolveram que eles também se aproveitariam do trem da alegria das notas.
    Portanto, agindo contra suas tendências, eles copiaram os hábitos dos preguiçosos. Como um resultado, a segunda média das provas foi "D".
    Ninguém gostou.
    Depois da terceira prova, a média geral foi um "F".

    As notas não voltaram a patamares mais altos mas as desavenças entre os alunos, buscas por culpados e palavrões passaram a fazer parte da atmosfera das aulas daquela classe. A busca por 'justiça' dos alunos tinha sido a principal causa das reclamações, inimizades e senso de injustiça que passaram a fazer parte daquela turma. No final das contas, ninguém queria mais estudar para beneficiar o resto da sala.

    Portanto, todos os alunos repetiram o ano… Para sua total surpresa.

    O professor explicou que o experimento socialista tinha falhado porque ele foi baseado no menor esforço possível da parte de seus participantes.

    Preguiça e mágoas foi seu resultado. Sempre haveria fracasso na situação a partir da qual o experimento tinha começado.

    "Quando a recompensa é grande", ele disse, "o esforço pelo sucesso é grande, pelo menos para alguns de nós. Mas quando o governo elimina todas as recompensas ao tirar coisas dos outros sem seu consentimento para dar a outros que não batalharam por elas, então o fracasso é inevitável."

    "É impossível levar o pobre à prosperidade através de legislações que punem os ricos pela prosperidade. Cada pessoa que recebe sem trabalhar, outra pessoa deve trabalhar sem receber. O governo não pode dar para alguém aquilo que não tira de outro alguém. Quando metade da população entende a idéia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação.

    É impossível multiplicar riqueza dividindo-a."

    Adrian Rogers, 1931

  23. Ataque especulativo só tem sentido se for dirigido para algo que tem valor, como as reservas externas que estariam sendo usadas com alguma finalidade de política econômica, privilegiando algum setor ou grupo econômico. O regime de câmbio fixo retrata essa possibilidade. Já um regime de câmbio flutuante não tem esse compromisso e deixa o preço (próprio câmbio) fazer os ajustes, reflexo de distorções ou condições específicas do mercado externo. De qualquer sorte, para mim ficou claro de que as bobagens que os jornais vinham falando sobre ataque especulativo na área do Euro não tinham pé nem cabeça.

  24. "O",

    o professor Oreiro conseguiu se superar desta vez. Quando você disse que, no longo prazo, um país com elevada poupança tende a apreciar o cambio, ele disse que este argumento era um "reductio ad absurdum".

    Numa entrevista recente ele se apóia neste seu argumento para defender a necessidade de uma politica cambial mais ativa, tanto no curto quanto no longo prazo. E nem te dá os devidos créditos.

    E reduz a discussão sobre o cambio e a poupança à mesma questão sobre quem nasceu primeiro, se é o ovo ou a galinha. Ou seja, tenta justificar a desvalorização na marra do câmbio brasileiro reduzindo a discussão a um dilema de causalidade.

    No esforço de rebater ao artigo dos professores Cavalcanti e Fragelli sobre o cambio chines, novamente faz uso de seus raciocinios falaciosos.

    Na argumentação dele, a enorme poupança na China é causada pelo cambio chinês desvalorizado.

    O cambio desvalorizado alavanca as exportações chinesas, o que aumenta o lucro das empresas, e os lucros retidos destas empresas respondem por metade da poupança privada chinesa.

    Então a poupança chinesa seria um resíduo, causada pela enorme desvalorização do cambio chines.

    Assim, a sábia decisão estratégica do governo chinês de desvalorizar o cambio, seria responsável por criar uma enorme poupança na China.

    Tudo é uma questão de decisão politica.

    Mas o detalhe enorme que o professor Oreiro faz questão de não citar, é como a decisão do governo chinês vira realidade.

    O governo chinês só consegue operar uma politica cambial por causa da enorme poupança na China. E isto é bem explicado no artigo dos professores Cavalcanti e Fragelli. A enorme poupança interna absorve os titulos publicos chineses emitidos para esterelizar a expansão da base monetaria ocasionada pela compra de divisas estrangeiras oriundas das exportações.

    O pequeno detalhe, que é o enorme serviço prestado pela poupança interna na desvalorização do cambio, é omitido pelo professor Oreiro no caso da China. Mas, curiosamente, faz parte do mundialmente famoso programa do "neo-desenvolvimentismo" de desvalorização do cambio a criação de uma poupança publica. E para que servirá esta poupança publica? Vemos aqui mais uma vez outra contradição do professor Oreiro.

    Além da questão de causalidade ou precedência entre poupança e cambio que o professor Oreiro faz questão de confundir, ele parece desconhecer como funciona a operacionalidade da política monetária que dá sustentação ao cambio desvalorizado chinês.

  25. A primeira vez que vi os valores do auxilio-reclusão, que são maiores que os valores do bolsa-familia, pensei que, para alguém no limite da pobreza, seria um incentivo ao crime.

    Mas como nem todos são inclinados ao crime, o incentivo dado talvez seja outro: a solução de crimes insolúveis.

    Nem todos gostam de lidar com o remorso ou a culpa, então não seria preciso cometer um crime, a pessoa procura se informar sobre algum crime não esclarecido e vai lá e assume a culpa.

    Pode ser assassinato, roubo de carro ou trafico de drogas, a depender do tempo que ele quer ficar recebendo o auxilio-reclusão.

    Vai faltar crime sem solução.

    Talvez até desincentive alguns assassinos em série, pois o charme da investigação desaparecerá (ao mesmo tempo que deixará outros livres para matarem à vontade).

    E mesmo que algum dia o crime seja esclarecido, e o verdadeiro culpado seja preso, mentir para a justiça também é crime e leva para a cadeia, ou seja, mesmo quando você é pego, mais um tempo de auxilio-reclusão é garantido.

    E quando você contratar algum assassino de aluguel, o preço pode até descontar o auxilio-reclusão.

    (É uma piada, quando conto ela pessoalmente é mais engraçado…)

  26. Alex,

    To aguardando as segundas impressões do Kindle para decidir a compra!

    E aí, vc continua gostando? Já tem mais títulos para economia? É possível baixar papers da J-Stor, EBSCO… ou se nao pode baixar direto, se eu copiar o pdf para o kindle ele funciona direito?

    Quanto está em média o e-book? Ele funciona bem no brasil?

    Abraços!

  27. Ainda há poucos títulos em economia (uma importante exceção é o "This Time is Different").

    Tudo que baixei em PDF funciona bem, embora não tenha algumas das vantagens do texto "original" do Kindle (dicionário, tamanho de letra, leitura em voz alta, possibilidade de sublinhar ou anotar).

    Na Amazon o preço modal é US$ 12 (11,99, é claro).

    Funciona bem no Brasil (recebo todos os dias o Financial Times logo de manhã). O que não funciona (ao contrário dos EUA, onde testei com sucesso) é a navegação na Internet.

    Sucesso.

    Abs

    Alex

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