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A ditadura socialista cubana vai cair? Por Edmilson Siqueira

 

 

… A indústria cubana fazia charutos enrolando as folhas de fumo nas coxas das cubanas e só. Nenhum outro produto de exportação e mesmo para consumo interno foi produzido por lá por muito tempo.

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A população cubana, quem diria, se sentiu suficientemente forte para, ao invés de morrer de fome dentro de casa, enfrentar os trogloditas que fazem a “segurança nacional” do regime e, correndo sérios riscos de vida, sair às ruas contra uma das mais longevas ditaduras de esquerda do mundo, que matou boa parte da população, não só para se impor como um governo autoritário, mas também para sobreviver ao longo dos mais de 60 anos em que imperou com seu regime de força. Cárceres cheios de contrários à ditadura como escritores, jornalistas, artistas, gays (sim, os socialistas que se consideram tão progressistas sempre reprimiram os homossexuais) misturados a marginais clássicos, tendo apenas a tortura diária como elemento comum entre eles.

Toda ditadura é cruel, mas o socialismo, desde os primórdios da Rússia de Lênin e Trotsky e, depois, de Stálin, se aprimorou nos métodos de forçar confissões através da dor imposta aos prisioneiros. Tanto que, no início do regime nazista de Hitler na Alemanha, quando tudo eram flores entre o chefe alemão e o russo, oficiais da temida SS passaram boa temporada nos campos de concentração soviéticos, onde a ditadura stalinista depositava quem quer que ousasse levantar as sobrancelhas contra o regime, para aprender os métodos que depois usariam contra, principalmente, judeus de boa parte da Europa.

Cuba, cópia do regime soviético, também se aprimorou na repressão, matou milhares de cubanos e exterminou qualquer oposição que porventura surgisse na ensolarada e bonita ilha. Implantou um governo tão autoritário que até a indústria da pesca foi abolida. Afinal, com Miami a poucas milhas dali, seria fácil para qualquer barquinho se aventurar para a liberdade. Cuba deve ser a única ilha do mundo que não tem indústria da pesca.

Enquanto a ditadura soviética sustentou Cuba – na base de um milhão de dólares por dia – comprando açúcar superfaturado e charutos a preços exorbitantes, a ilha-prisão que os irmãos Castro construíram conseguiu sobreviver sem grandes mudanças e sem qualquer progresso, seja econômico, social e, muito menos, político.

A indústria cubana fazia charutos enrolando as folhas de fumo nas coxas das cubanas e só. Nenhum outro produto de exportação e mesmo para consumo interno foi produzido por lá por muito tempo. Carros, maquinários, televisores, geladeiras, fogões etc. tudo tinha que vir do exterior. A economia dependia dos favores dos países da União Soviética e o dinheiro que circulava em Cuba não valia quase nada na própria ilha. Já a política… Eleições se sucederam sem candidatos ou partidos de oposição, fazendo com que Fidel Castro fosse sempre reeleito com quase 100% dos votos, numa eleição tão verdadeira quando as notícias que o jornalismo chapa branca estampava e estampa diariamente sobre a “pátria socialista”.

Sem indústria e sem qualquer possibilidade de um futuro melhor, grande parte da juventude cubana viu nos esportes uma saída menos ruim. Por sorte, a ditadura também viu e investiu alto em algumas atividades para fazer bonito perante o mundo, principalmente nas Olimpíadas. A triste curiosidade eram as delegações cubanas nesses jogos. Eram geralmente as maiores, pois para cada atleta havia alguns “seguranças” cuja missão era impedir a fuga do atleta para uma embaixada de um país democrático.

A esquerda em geral costuma dizer que a culpa pelo atraso cubano em todos os setores da vida se deve ao embargo comandado pelos Estados Unidos. Sim, o embargo existe, mas a esquerda, desonestamente, esconde que Cuba, há muito tempo, mantém relações diplomáticas normais com mais de 40 países no mundo, inclusive o Brasil. A razão do atraso é outra, devidamente “esquecida” pelos defensores da ditadura na ilha: Cuba não tem dinheiro para importar produtos que poderiam alimentar e dar mais conforto ao povo cubano. O pouco que tem, oriundo de um incipiente turismo, gasta em segurança, em armamentos e em vida boa para os dirigentes, como qualquer ditadura ordinária que se conheceu no mundo.

Os protestos atuais, que pegaram boa parte do mundo de surpresa, parecem ser mais fortes que os anteriores, que foram menores, se restringiram a Havana e foram duramente reprimidos. Os atuais se espalharam pelas principais cidades do país e vão se constituir num teste para os novos donos do poder na ilha, já que o segundo irmão Castro, que sucedeu ao primeiro, também deixou o principal cargo no país a um sucessor, confiável, claro.

O que vai acontecer daqui pra frente, é uma incógnita.  Pode haver severa repressão com um número de mortos e presos que dificilmente ficaremos sabendo, pois a imprensa é totalmente controlada pelo governo, pode ser uma pequena abertura para satisfazer alguns sem mudar muita coisa – o que é mais provável – mas, quem sabe, pode ser uma derrocada da ditadura e a conquista da liberdade, para que o cubano possa, ele mesmo, decidir seu destino.

O fato de haver, na imprensa do mundo, notícias mais detalhadas dos protestos e farto material fotográfico é um bom sinal de que o controle da ditadura pode já não ser o mesmo. Daí, alguma esperança de mudanças maiores.

Se isso acontecesse – o que é muito difícil, claro – Cuba poderia se tornar finalmente um paraíso real para seu povo e para milhares ou milhões de turistas que poderiam usufruir das maravilhas naturais da ilha e da formidável receptividade daquele povo, transformando essa atividade em real e grande fonte de renda para o país e para o povo. E colocaria fim num dos mais cruéis regimes socialistas da história, que acabou com todas as liberdades, que destruiu tradições, que impôs a fome e a falta de futuro para várias gerações, que prendeu, torturou e matou milhares de cubanos e tentou expandir seu regime de terror para outros países da América Latina.

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Edmilson Siqueira é jornalista

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