Memórias III. Ainda o agitado ano de 1968. Coluna Mário Marinho

MEMÓRIA

Ainda o agitado ano de 1968

COLUNA MÁRIO MARINHO

Em duas das últimas colunas (veja MEMÓRIAS I, CLICANDO AQUI e MEMÓRIAS II, CLICANDO AQUI) falei neste espaço sobre acontecimentos do irrequieto ano de 1968. Da Primavera de Praga, no início do ano, ao famigerado AI5 nos estertores do ano.

Vamos hoje, falar um pouco sobre esportes do mesmo 1968.

Em 1968 foi disputada a Olimpíada do México.

O Brasil, como sempre acontecia, teve discreta participação, conquistando 3 medalhas (uma de prata, duas de bronze), classificando-se em 35º lugar entre 112 participantes.

O Barão de Coubertin, fundador dos Jogos Olímpicos modernos, sempre pregou a paz.

Mas, 10 dias antes do começo dos Jogos do México, a capital, Cidade do México, foi palco de violenta e desigual batalha entre manifestantes, em sua maioria estudantes, que protestavam contra a invasão da Universidade Nacional.

A força policial cercou os manifestantes na Plaza de las Tres Culturas e, impiedosamente, abriu fogo atingindo manifestantes e simples transeuntes que passavam pelo local.

Nunca se soube exatamente o número de mortos. Algumas fontes noticiaram de 200 a 300 mortos; outras, chegaram a mil mortos. As fontes oficiais governamentais contabilizaram de 20 a 40 mortos.

Dez dias depois do Massacre de Tatelolco, os Jogos foram abertos.

Os atletas negros norte-americanos medalhistas aproveitaram para protestar contra o racismo, levantando o punho esquerdo cerrado ao subirem ao pódio.

O Brasil ganhou uma medalha de prata com Nelson Prudêncio no salto triplo e duas de bronze – no boxe, com Servílio de Oliveira; no iatismo com Reinaldo Conrad e Burkhard Cordes. Na foto, ao alto da coluna, Servílio de Oliveira comemora em 1968 e hoje com a medalha.

Naquela época não existia ainda o Campeonato Brasileiro de futebol.

A competição nacional era a Taça Brasil, com os campeões estaduais. O vencedor de 1968 foi o Botafogo que empatou com o Fortaleza no Ceará, 2 a 2, e venceu no Maracanã, 4 a 0.

Em 1968, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, que era uma expansão do Rio-São Paulo, ganhou mais participantes, chegando a estes 17 times, distribuídos em dois grupos:

Grupo A – Palmeiras, Internacional, Corinthians, Cruzeiro, Atlético PR, Bangu, Botafogo, Flamengo e Náutico.

Grupo B – Santos, Vasco, Grêmio, Atlético MG, São Paulo, Fluminense, Portuguesa e Bahia.

O Santos foi o campeão ao vencer o Vasco, no Maracanã, por 2 a 1.

Os campeonatos estaduais eram ainda muito fortes e dominavam o calendário.

Eis alguns dos campeões estaduais:

Pernambuco – Náutico.

Minas – Cruzeiro (que chegou ao quarto título consecutivo).

Rio – Botafogo era bicampeão.

São Paulo – Santos.

Rio Grande do Sul – O Grêmio pela 5º ano consecutivo.

A Seleção Brasileira merece um capítulo mais detalhado.

Na Copa do Mundo de 1966, o Brasil foi um vexame em termos de organização e participação.O técnico foi Vicente Feola, o mesmo do título de 1958 (em 1962, o técnico foi Aymoré Moreira, uma vez que Feola atravessa problemas de saúde).

Foram convocados 44 jogadores para a tumultuada fase de treinos.

Na Inglaterra, o Brasil foi mal: estreou vencendo a Bulgária, 2 a 0, com gols de Pelé e Garrincha. Feola mandou a campo estes time:Gilmar (Santos), Djalma Santos (Palmeiras), Bellini (Vasco), Altair (Fluminense) e Paulo Henrique (Flamengo); Lima (Santos) e Gerson (Botafogo); Garrincha (Corinthians), Alcindo (Grêmio), Tostão (Cruzeiro) e Jairzinho (Botafogo).

No jogo seguinte, com o mesmo time, mas sem Pelé que foi poupado e substituído por Tostão, perdemos para a Hungria, 3 a 1.No terceiro e último jogo, perdemos para Portugal, também por 3 a 1, e fomos eliminados com este time:Manga (Botafogo); Fidélis (Bangu), Brito (Vasco), Orlando (Santos) e Rildo (Botafogo); Denilson (Fluminense) e Lima (Santos); Jairzinho (Botafogo), Silva (Flamengo), Pelé (Santos) e Paraná (São Paulo).

A Seleção Brasileira só voltou a se reunir oficialmente quase um ano depois para disputar a Copa Rio Branco, contra o Uruguai, em Montevidéu, em jogo que ficou 0 a 0.O técnico era Aymoré Moreira que escalou este time:Felix (Portuguesa); Everaldo (Grêmio), Jurandir (São Paulo), Dias (São Paulo) e Sadi (Internacional); Piazza (Cruzeiro) e Dirceu Lopes (Cruzeiro); Paulo Borges (Bangu), Tostão (Cruzeiro), Edu Coimbra (América RJ) e Hilton Oliveira (Cruzeiro).

O primeiro jogo da Seleção em 1968, foi um amistoso contra o Uruguai, no dia 8 de junho, no Pacaembu.O técnico ainda era Aymoré Moreira que colocou em campo este time:Cláudio (Santos); Djalma Santos (Palmeiras, depois Carlos Alberto, do Santos), Jurandir (São Paulo), Joel (Santos) e Sadi (Internacional); Piazza (Cruzeiro) e Rivellino (Corinthians); Paulo Borges (Corinthians), César (Flamengo), Tostão (Cruzeiro) e Edu (Santos).

No meio daquele ano, a Seleção fez importante excursão à Europa que terminou no continente americano.Perdemos para a Alemanha na estreia, no dia 16/06, 2 a 1, em Stuttgart.Vencemos a Polônia, 6 a 3, em Varsóvia.Perdemos para a Checoslováquia, 3 a 2, em Bratislava.

Perdemos novamente para a Iugoslávia, 2 a 0, em Belgrado.Vencemos Portugal, 2 a 0 em Moçambique.Perdemos para o México, 2 a 1, cidade do México.Vencemos o Peru em dois jogos: no dia 14/07, por 4 a 3, e no dia 17/07, 4 a 0.

A viagem foi muito conturbada pontilhada de diversos casos de indisciplina do elenco.O último jogo do ano, o último de Aymoré Moreira, foi no dia 17/12, contra a Iugoslávia, que terminou em 3 a 3, jogo disputado no Maracanã.

Aymoré escalou este time:Picasso (São Paulo depois Alberto, do Grêmio); Carlos Alberto (Santos), Jurandir (São Paulo depois Scala, do Internacional), Dias (São Paulo) e Everaldo (Grêmio); Gérson (Botafogo) e Rivelino (Corinthians depois Dirceu Lopes, Cruzeiro); Luís Carlos (Flamengo), Tostão (Cruzeiro), Pelé (Santos) e Edu (Santos depois Babá, São Paulo).

Naquela época, a Seleção tinha como dirigente maior o empresário de comunicação paulista Paulo Machado de Carvalho.

Insatisfeito com o desempenho da Seleção, João Havelange, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBD) demitiu todo mundo.

E, para surpresa geral, foi chamado para comandar a Seleção Brasileira o jornalista João Saldanha que fez sua estreia no dia 7 de abril de 1969 e mandou a campo este time:Felix (Fluminense); Carlos Alberto (Santos), Brito (Vasco), Djalma Dias (Atlético MG) e Rildo (Santos); Piazza (Cruzeiro) e Gérson (Botafogo); Jairzinho (Botafogo), Dirceu Lopes (Cruzeiro), Pelé (Santos) e Tostão (Cruzeiro).

Este time venceu por 2 a 1 o jogo disputado em Porto Alegre e ficou conhecido como “As Feras do João”.

Mas esta é outra história.


veja MEMÓRIAS I, CLICANDO AQUI

e MEMÓRIAS II, CLICANDO AQUI

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FOTO SOFIA MARINHO

Mário Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
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