O imenso passo do Flamengo. Coluna Mário Marinho

O imenso passo do Flamengo

COLUNA MÁRIO MARINHO

 

Antes de mais nada, é preciso deixar bem claro: não existe placar irreversível no futebol.

Basta, simplesmente, lembrar duas decisões recentes, ambas na charmosa Champions League: o poderoso Barcelona venceu o inglês Liverpool por 3 a 0, em casa. No jogo de volta, na Inglaterra, podia perder até por 2 a 0.

Estava classificado, portanto.

Alguma dúvida?

Nenhuma até a bola rolar.

O Liverpool, da terra dos Beatles, fez 4 a 0 e mandou Messi e sua turma de volta para encantadora capital da Catalunha.

Naquela mesma semana, o modesto Tottenham foi a Amsterdã enfrentar o Ajax. O jogo de ida foi vencido pelo time holandês, 1 a 0.

Missão fácil em casa, claro. Era só empatar.

Ainda mais depois de fazer 2 a 0.

Suave engano, o Tottenham virou em 3 a 2, com três gols do brasileiro Lucas Moura, e vai fazer a final da Champions no próximo dia 3 de junho contra o conterrâneo Liverpool.

Abel Braga, técnico do Flamengo, que não é bobo nem nada, tem de cor e salteado esses dois e outros exemplos para alertar seus jogadores.

Mas, convenhamos, a vitória sobre o Corinthians foi um passo e tanto rumo à classificação na Copa do Brasil.

Os dois gigantes da torcida brasileira fizeram um jogo meio xinfrim na arena do Timão.

Os comandados de Fábio Carille até deram a impressão de que iriam sufocar o rubronegro.

Impressão que durou apenas alguns minutos.

Logo o Mengão passou a comandar as ações, com maior posse de bola e levando mais perigo ao gol do adversário.

O jogo parecia fadado ao 0 a 0 até que, aos 33 minutos, William Arão, ex-corintiano na foto ao alto, marcou um belo gol numa cabeçada sem a menor chance para o goleirão Cássio.

A virada no Rio, no dia 4 de junho, não é impossível, porém, pouco possível.

Bicampeão da Copa do Brasil, o Cruzeiro deixou de dar também importante passo rumo à classificação para as quartas de final ao empatar com o Fluminense, no Rio.

O Cruzeiro fez 1 a 0 aos 12 minutos do segundo tempo e levou o empate aos 48.

É verdade que o empate veio fazer justiça ou, pelo menos, amenizar a injustiça, já que o Fluminense foi melhor o tempo todo.

No Independência, campo do meu América, Atlético e Santos fizeram um belo jogo, bem disputado, cheio de alternativas e de chances de gols de ambos os lados.

O empate foi justo, mas o placar foi injusto com o torcedor: bem que poderia ter sido 2 a 2 pelo volume de jogo.

Saiba mais sobre o futebol da quarta-feira com o “Segue o Jogo”:

https://youtu.be/N-YMkG9JLxI

Caminhada
Rumo ao Tri (1)

A espetacular conquista do tricampeonato no México, em 1970, completará 40 anos no ano que vem.

Mas a caminhada começou bem antes.

A partir de hoje, usarei esse espaço para relembrar com o leitor de cabelos brancos como os meus (ou nem tanto) e também para contar aos privilegiados cabeças pretas essa bela história.

A Copa de 1966 foi um desastre para o Brasil desde a convocação de jogadores (47 ao todo) até o desempenho fraco na Inglaterra.

O Brasil foi eliminado por Portugal, derrota por 3 a 1, no dia 19 de julho de 1966. Foram três jogos: vitória sobre a Bulgária, 2 a 0, e derrota para a Hungria, 3 a 1.

A Seleção só foi convocada novamente um ano depois, em 25 de junho de 1967, para disputar a Copa Rio Branco com o Uruguai, e foi comandada por Aymoré Moreira que convocou jogadores novos, tendo com base o Cruzeiro de onde saíram cinco jogadores: Piazza, Dirceu Lopes, Natal, Tostão e Hilton Oliveira. O centroavante Tostão foi o único remanescente da Copa de 66.

Foram três jogos, três empates e o Brasil ficou com a Copa Rio Branco.

Dois meses depois, nova convocação, desta vez comandada por Zagallo, para um amistoso contra o Chile, em Santiago.

Foram convocados apenas jogadores do Rio.

Em junho de 1968 a Seleção voltou a ser convocada para disputar, mais uma vez, a Copa Rio Branco contra o Uruguai em dois jogos: no Pacaembu, 2 a 0, gols de Tostão e Sadi; no Maracanã, 4 a 0, gols Paulo Borges, Tostão, Gérson e Jairzinho. Técnico: Aymoré Moreira.

Para tentar dar mais organização à Seleção, o presidente da CBD (entidade que comandava o futebol na época), João Havelange, criou a Comissão Selecionadora Nacional, a Cosena, tendo como chefe o empresário paulista Paulo Machado de Carvalho, que havia comandado a Seleção nas vitórias de 1958 e 1962.

Osvaldo Brandão recebeu o cargo de supervisor. Evaristo Macedo e Zagallo foram nomeados assessores técnicos.

Foi um desastre.

Todo mundo dava palpite – havia muito cacique para pouco índio. Nos intervalos dos jogos que se seguiram, era comum encontrar Zagallo conversando com um grupinho de jogadores, Evaristo com outros, Brandão com mais alguns e Aymoré com os poucos sobraram.

Além da interferência de Paulo Machado de Carvalho não só nas convocações como até nas escalações.

A Cosena teve vida curta.

Veio a falecer no dia 14 de janeiro de 1969.

Menos de um mês depois, no dia 4 de fevereiro, a CBD surpreende ao Brasil com o novo técnico da Seleção Brasileira: João Saldanha.

No próximo capítulo, “As Feras do João”.

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FOTO SOFIA MARINHO

Mário Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
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