corinthians 1951 - campeão

Da esquerda para direita: Cabeção, Baltazar, Touguinha, Jackson, Lorena, Murilo, Idário, Carbone, Julião, Luizinho, Cláudio e o técnico José Castelli, o Rato.

Campeão depois de 9 anos. Blog do Mário Marinho

corinthians 1951 - campeão
Da esquerda para direita: Cabeção, Baltazar, Touguinha, Jackson, Lorena, Murilo, Idário, Carbone, Julião, Luizinho, Cláudio e o técnico José Castelli, o Rato.

Faz parte da história do Corinthians longos espaços na conquista de títulos.

Por exemplo, ao conquistar o título paulista de 1951, colocou fim a um pesadelo que durava 9 anos.

Tabu maior aconteceria no intervalo de 1954 a 1977, período que ficou para conquistar o Paulista. Pesadelo que só terminou na noite de 13 de outubro de 1977, com um gol de Basílio que, por isso, ganhou o apelido de Pé de Anjo (vitória sobre a Ponte Preta, 1 a 0).

O Campeonato Brasileiro foi disputado a partir de 1971, mas o Timão só pode levantar esse caneco em 1990 (vitória, 1 a 0, sobre o São Paulo, gol de Tupãzinho).

Outro tabu fez os corintianos sofrerem: 11 anos sem vencer o Santos. O fim do pesadelo aconteceu no dia 6 de março de 1968, com a vitória de 2 a 0, gols de Paulo Borges e Flávio.

A conquista a que se refere o título desse Blog foi o de Campeão Paulista de 1951, e colocou fim a penoso hiato de 9 anos.

O título foi conquistado no dia 13 de janeiro de 1952, com a vitória por 4 a 0 sobre o Guarani, jogo disputado no Pacaembu (o jogo foi o antepenúltimo do campeonato de 1951. Nos dois jogos seguintes para terminar o campeonato, duas vitórias: 3 a 0 sobre o Ypiranga; 3 a 1 sobre o Palmeiras).

Mas a campanha de 1951 teve sabores especiais.

A começar pela contratação de um jovem goleiro, alto, magro e, então, desconhecido: Gylmar.

O Corinthians se encantou pelo futebol do volante Ciciá, então pertencente ao Jabaquara, de Santos.

Mas o Jabuca, como era conhecido, tratou de valorizar a negociação e obrigou o futuro Timão a levar também o desconhecido Gylmar, embora tivesse no seu elenco o goleirão Cabeção, ídolo da torcida, acostumado a fechar o gol.

A estreia de Gylmar foi na tarde do dia 16 de maio de 1951, um sábado, na goleada sobre o carioca Madureira, 8 a 2, jogo amistoso.

Depois da estreia, Gylmar voltou ao banco de reservas e, aos poucos, foi conquistando seu lugar no time titular.

Até o dia 17 de novembro de 1951, quando o Corinthians foi massacrado pela Portuguesa de Desportos, 7 a 3, no Pacaembu, jogo válido pelo Campeonato Paulista.

A torcida – e alguns dirigentes – elegeram Gylmar como o grande culpado.

Ele foi afastado do time e só voltou a vestir a camisa número 1 em abril de 1952.

Mas voltou para ser o dono da posição e entrar na história como o maior goleiro do Corinthians. E, em minha opinião, o melhor da história do futebol brasileiro.

Em 1958 tornou-se campeão do Mundo pelo Brasil na Copa da Suécia. E em 1962, já como jogador do Santos, foi bicampeão no Chile.

Suas atuações no Corinthians, no Santos e na Seleção Brasileira tornaram Gylmar uma lenda.

Uma piadinha, dentre muitas, corria na época.

“Você viu aquele bebê que caiu do sexto andar?

Não, não vi. Morreu?

Não, Gylmar agarrou”.

Eu tive um bom relacionamento com Gylmar em seus últimos anos do Santos, 1968-1969.

Mantivemos um relacionamento bem próximo de uma amizade nos anos seguintes.

Em 1990, trabalhando para a Credicard, eu convidei Gylmar para comparecer a um almoço promovido pela empresa no dia do sorteio dos grupos da Copa de 1990.

O evento se deu na sede da empresa, que ficava em um prédio na histórica esquina

da Avenida São João com Ypiranga.

Terminado o evento, acompanhei o goleirão, que foi meu ídolo nos tempos de criança, até a  avenida onde ele pegaria um táxi.

Estávamos à espera do táxi quando passou um rapaz, parou, voltou e perguntou:

– Você é o Gylmar?

– Sim, sou.

– Você sabe como eu chamo?

Gylmar sorriu e respondeu:

– Gylmar?

E o rapaz tirando do bolso a carteira de identidade, mostrou-a ao goleirão:

– Veja aqui: Gylmar dos Santos Neves Pereira.

Gylmar se emocionou, abraçou o rapaz e depois comentou comigo.

– Eu sei que existe uma quantidade muito grande de Gylmar pelo Brasil. Eu mesmo fui padrinho de algumas dezenas. Mas nunca tinha visto isso: o meu nome completo! Os pais dele certamente eram mesmo meus fãs.

Gylmar conquistou títulos no Corinthians, no Santos e na Seleção Brasileira.

Gylmar morreu no dia 25 de agosto de 2013, aos 83 anos de vida.

gylmar e pelé
Gylmar e o menino Pelé, em prantos, após a conquista do título mundial de 1958.

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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi FOTO SOFIA MARINHOdurante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
 NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
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