Isso não pode acontecer outra vez jamais. Blog Mário Marinho

“…É nosso dever contar essa história para impedir que esse tipo de atrocidade venha a acontecer novamente”.

O amigo leitor já se acostumou a encontrar aqui entrevistas, informações, comentários quase sempre relacionados ao Esporte.

Muitas vezes ao futebol, que é o esporte preferido de dez em cada dez cidadãos brasileiros.

Esporte é vida, frase que ouvimos com frequência.

Mas eu vou tratar aqui de uma outra vida.

O drama, o sofrimento, o heroísmo dos sobreviventes dos campos de concentração na Guerra Mundial de 1939 a 1945.

Esses campos foram imaginados por Hitler em sua sanha maluca de criar um novo mundo com pessoas perfeitas, segundo a ótica dele.

Nesse mundo não haveria espaços para homossexuais, negros, ciganos e, principalmente, para os judeus.

Eu já li, reli e ouvi muitos relatos sobre as atrocidades dos campos de concentração nazistas.

Visitei o Yad Vaschem, o Museu do Holocausto, em Jerusalém, onde, logo na entrada, se depara com essa estátua abaixo, chamada O Grito do Silêncio que retrata uma pessoa, talvez uma mãe, desesperada gritando por seu filho. O detalhe da imagem é que não há um rosto na escultura – somente uma boca escancarada, gritando.

Acabei de ler o livro “Bebês de Auschwitz” da jornalista e escritora Wendy Holden que já foi correspondente de guerra e cobriu acontecimentos em todo o mundo.

A história ali relatada em todos os detalhes, às vezes muito cruel, é o resultado de extensa pesquisa sobre a história de três jovens que vão para o campo de concentração de Auschwitz, um dos mais cruéis daquela época.

Elas não se conhecem, mas têm um importante dado comum: estão grávidas. E como se sabe, segundo a doutrina nazista, judeus não poderiam nascer.

São despejadas no campo depois de longa e cansativa viagem de trem, em vagão destinado ao transporte de gado.

Ao descer do trem, são colocadas em fila para a inspeção nazista – mulheres e homens todos nus.

A primeira inspeção foi comandada por ninguém mais, ninguém menos que o médico-monstro Joseph Mengele.

Se aproxima de uma das jovens e delicadamente pergunta:

– Essa bela jovem está grávida?

É o primeiro de muitos desafios que elas enfrentam. O que responder? De sua resposta, certamente, dependerá seu futuro e o futuro do bebê que traz no ventre.

Ela responde com firmeza:

– Não, não estou.

Mengele aperta e torce o bico de uma dos seios da jovem, sorri, se dá por satisfeito e continua sua inspeção.

Começa aí o martírio das três jovens que, repito, não se conheciam.

Começam a trabalhar em regime de escravidão, mal alimentadas, mal protegidas contra as baixas temperaturas, muitas vezes, mais de 15 graus negativos.

Como alimentar essa criança que vai desenvolvendo em seu ventre se elas mesmo não recebem alimentação?

Esse é o drama que vai se desenrolar a seguir, em seus detalhes mais rudes, grotescos, escabrosos.

As mulheres só vão se conhecer ao fim da guerra, cada uma com seu filho. E os filhos vão se conhecer também mais tarde.

O fantástico trabalho de pesquisas e entrevistas desenvolvido pela Jornalista Wendy Holden durante anos e em várias cidades do mundo, resultou no livro “Bebês de Auschwitz”, lançado no Brasil pela Editora Globo.

A história chega quase aos dias de hoje (2015) com as netas que nasceram no campo de concentração fazendo palestras, trabalhando contra o desumano nazismo.

Eva, um dos três bebês, diz:

“É muito importante lembrar dos milhões de pessoas que morreram, sobretudo daquelas cujas famílias e comunidades foram totalmente destruídas. É nosso dever contar essa história para impedir que esse tipo de atrocidade venha a acontecer novamente”.

Os Bebês de Auschwitz - Holden, Wendy -

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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi FOTO SOFIA MARINHOdurante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

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