Memórias. De Hair ao Panteras Negras. Coluna Mário Marinho

Memórias

De Hair ao Panteras Negras

MÁRIO MARINHO

Foi um ano muito agitado aquele 1968.

O Brasil vivia sob a ditadura militar instaurada com a revolução de 1964, quando os militares assumiram o governo.

O presidente da república era o marechal Arthur da Costa e Silva que assumira no lugar do marechal Castelo Branco.

Costa e Silva assumiu em 1967 e ficou até 1969 quando, vitima de um AVC, foi afastado do governo.

Desde a instauração da Ditadura, o País assistiu a diversos protestos contra, geralmente comandados por estudantes e, quase sempre, reprimidos com muita violência por parte dos militares.

Numa dessas ações militares, o jovem estudante Edson Luiz foi morto do restaurante Calabouço mantido para estudantes pela UNE, União Nacional dos Estudantes.

Mas protestos e conturbações não eram privilégios do Brasil.

Em agosto, aconteceu a Primavera de Praga.

No começo do ano, Alexander Dubcek havia assumido o comando da Checoslováquia que fazia parte da União Soviética.

Dubcek prometeu governo de abertura contrariando as diretrizes de Moscou. Em agosto, forças militares da URSS, invadiram Praga e subjugaram o povo à força e às custas de muito sangue que correu.

Pelo mundo afora tornou-se, na época, comum assistir a muitos protestos contra a guerra do Vietnã, a guerra que os Estados Unidos promovia contra o Vietnã.

No mês de julho, foi a vez dos protestos dos negros.

Disputavam-se, no México, os jogos Olímpicos.

No segundo dia das provas de 200 metros rasos, no dia 16 de outubro de 1968, o atleta americano Tommie Smith justificou seu favoritismo e levou o ouro com o tempo de 19,83 segundos. Já o compatriota John Carlos levou o bronze.

Durante a cerimônia de premiação, Thommie e John manifestaram apoio ao movimento de direitos civis e pela vida do povo negro norte-americano. Os dois subiram ao pódio erguendo o punho fechado com luvas pretas, saudação utilizada pelo movimento Black Power e pelos Panteras Negras. O gesto é considerado o mais emblemático e político na história dos Jogos Olímpicos.

A década de 1960 é reconhecida pela contestação do movimento hippie e a irreverência do rock n’roll. Nos EUA, em abril de 1968, estreava na Broadway o espetáculo Hair, um dos símbolos deste período.

O musical símbolo da contracultura hippie é repleto de elementos contestatórios, principalmente a Guerra do Vietnã. Em termos de comportamento, a apresentação chocou o público com cena de nu explícito no palco e referência ao uso de drogas ilegais. Várias de suas músicas viraram hino dos movimentos pacifistas (Foto ao alto da coluna).

Em abril de 1968, ocorreu a primeira grande greve no Brasil desde que os militares tomaram o poder quatro anos antes. Articulada pelo Sindicato dos Metalúrgicos, a paralisação mobilizou por dez dias cerca de 1,2 mil trabalhadores em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. Os trabalhadores da siderurgia Belgo-Mineira reivindicavam um  reajuste salarial de 25%.

É, foi um ano muito complicado.

Mas ainda iria se complicar muito mais com a edição do Ato Institucional número 5, o famigerado AI5, tema do nosso próximo encontro.

E a Libertadores, quem

diria, teve, enfim, seu campeão.

Quase um mês depois de começada, a final da Libertadores terminou, não em Buenos Aires como era de se esperar, mas em Madri, com a vitória do River Plate.

O jogo, cercado de tantos problemas e de tanta polêmica, foi tecnicamente fraco.

Foi fraco também em emoções, a não ser nos momentos finais da prorrogação.

O primeiro tempo do jogo teve o Boca como vencedor, com Benedetto, ele mais uma vez, marcando o gol único da partida.

O River foi melhor no segundo tempo e conseguiu seu gol de empate, com o goleador Lucas Pratto, que levou a decisão para a prorrogação.

Melhor em campo, com os nervos controlados e beneficiado pela expulsão de Barrios, o River marcou mais duas vezes na prorrogação e fechou em 3 a 1.

O River ainda teve ajuda do goleiro do Boca, Andrada.

No segundo gol do River, ele socou uma bola cruzada sobre sua área, numa jogada em que qualquer bom goleiro seguraria a bola. De seu rebote, nasceu a jogada do segundo gol.

Depois, saiu em desesperada corrida para a área adversária, tentando o que seria o gol de empate. Foi no contrataque que o River chegou ao seu terceiro gol.

Vitória merecida.

Comemoração

no Morumbi.

O título do River Plate foi muito comemorado lá pelas bandas do Morumbi. É que há pouco mais de um ano, Lucas Pratto era jogador do São Paulo e foi negociado com o River por 11 milhões de Euro.

Na negociação, o São Paulo conseguiu exigir mais 3,5 milhões de euros condicionados a títulos que fossem conquistados.

O primeiro milhão de euros chega agora com esse título.

Um bom presente de natal. Justo e merecido para quem soube fazer uma boa negociação.


veja MEMÓRIAS I, CLICANDO AQUI

_____________________________

FOTO SOFIA MARINHO

Mário Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
 NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

 

 

1 thought on “Memórias. De Hair ao Panteras Negras. Coluna Mário Marinho

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Assine a nossa newsletter