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Tudo o que é demais… Por José Horta Manzano

… O bombardeio de opiniões é superior à capacidade de absorção dos seguidores. Tudo o que é demais cansa. E perde vigor…

tudo o que é demais

Estava observando o número de seguidores de certas personalidades da internet. É pra lá de impressionante: chega a ser estonteante. Tem gente – artistas, influenciadores, políticos, esportistas – que exibe incontáveis seguidores. São 60 milhões para fulano, 95 milhões para sicrano, 130 milhões para beltrano.

De repente, a gente para e faz as contas. Adicionando todas essas centenas de milhões de fãs, chega-se a um total que equivale a muitíssimas vezes a população do país, incluindo recém-nascidos e anciãos. Conclusão: cada seguidor está inscrito em mais de um, quiçá em dezenas de canais.

Agora vem a pergunta: será que cada um desses fãs lê, sem falta, todas as postagens de todos os canais em que está inscrito?

A meu ver, é praticamente impossível. Passar o dia (e a noite) olhos grudados na telinha não seria suficiente pra ler tudo de verdade, sem deixar escapar nada.

Ao fim e ao cabo, conclui-se que tomar como base o número de seguidores de cada personalidade é uma informação que deve ser estudada com grande precaução. Cada postagem daquele que tem 70 milhões de fãs não será necessariamente lida por 70 milhões de assinantes. O número de verdadeiros seguidores assíduos é infinitamente mais baixo.

E isso significa o quê? Significa que o alcance verdadeiro da influência deste ou daquele artista (ou esportista, ou político) é certamente bem mais modesto do que pode parecer à primeira vista.

Além disso, a influência de cada personalidade se dilui no caldeirão onde borbulham tantas influências vindas de tantas bocas. O balanço final das diversas influências periga se anular.

O bombardeio de opiniões é superior à capacidade de absorção dos seguidores.

Tudo o que é demais cansa. E perde vigor.

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JOSÉ HORTA MANZANO – Escritor, analista e cronista. Mantém o blog Brasil de Longe. Analisa as coisas de nosso país em diversos ângulos,  dependendo da inspiração do momento; pode tratar de política, línguas, história, música, geografia, atualidade e notícias do dia a dia. Colabora no caderno Opinião, do Correio Braziliense. Vive na Suíça, e há 45 anos mora no continente europeu. A comparação entre os fatos de lá e os daqui é uma de suas especialidades.

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