TRICOLOR CAMPEÃO

Tricolor campeão nos pênaltis. Blog Mário Marinho

TRICOLOR CAMPEÃO

A decisão por pênaltis, ou como quer a Fifa, “decisão através da cobrança de tiros livres a partir da marca penal”, é a forma mais emocionante de se decidir um título.

É também a mais sofrida e mais democrática.

Ela é a mais democrática porque dá aos dois oponentes as mesmas chances, as mesmas oportunidades, sob a mesma lei, a mesma norma.

É também a jogada que, ao mesmo tempo, mexe com as duas torcidas. A torcida do time pelo qual é convertido o pênalti em gol, faz festa, vibra, comemora. Nessa mesma jogada, a torcida que leva o gol, chora, esbraveja, xinga. Tudo ao mesmo tempo.

Defendo a ideia de que o pênalti se cobra com a cabeça. A distância da marca penal para a linha do gol é de cerca de 11 metros.

Qualquer jogador mediano é capaz de chutar essa bola até o gol.

Mas, qualquer jogador top, craque, é capaz de isolar essa bola ou entregá-la nas mãos do goleiro se não estiver bem da cabeça.

Em 1986, o Brasil foi eliminado pela França, na Copa do México, em uma decisão de pênaltis.

Um ano, um ano e pouco depois, eu participava do programa Mesa Redonda, da TV Gazeta, apresentado pelo meu saudoso amigo Roberto Avallone.

Um dos entrevistados daquela noite de domingo, foi o lateral esquerdo Branco, que estava em campo naquele dia. Branco foi um excepcional lateral esquerdo com chute muito forte.

Eu perguntei ao Branco como fora aquela decisão que nos mandou mais cedo para casa.

Branco falou sobre as cobranças do pênalti.

– Eu nunca fiz uma caminhada tão longa quanto aquela do meio de campo até a área adversária para cobrar o pênalti. Eu andava, andava e andava e nada de chegar. As persas vão ficando pesadas. Você sente o peso do olhar de todos os torcedores concentrados em você. É uma loucura.

Branco cobrou e marcou.

Mas, assim é a decisão por pênaltis: carregadíssima de emoção.

Palmeiras e São Paulo foram para a decisão por pênaltis após um 0 a 0 de um jogo bastante fraco, disputado no Mineirão.

No primeiro tempo, o Palmeiras esteve um pouquinho melhor e poderia ter vencido.

No segundo, o São Paulo equilibrou mais o jogo e o resultado acabou refletindo o que foi a partida.

A decisão por pênaltis é também o momento em que se criam heróis e vilões.

Em 2013, o Corinthians jogava pela semifinal da Copa do Brasil contra o Grêmio, que tinha em seu gol Dida, um goleiro especialista na defesa de pênaltis.

Chegou a vez do atacante Pato, milionária contratação do Corinthians, cobrar.

Ele colocou a bola na marca, tomou distância e bateu. Bateu, não: rolou a bola para o goleiro Dida abraçar, sem o menor esforço. Foi uma cavadinha que custou a classificação do Corinthians naquela noite.

Pato, é claro, virou o vilão. Pouco depois ele foi emprestado para o São Paulo e, mais tarde, negociado com o futebol espanhol.

A torcida corintiana, com toda razão, não queria mais ver o Pato.

Mas pênalti é também oportunidade de construir heróis.

E o herói do domingo foi o mineiro, da cidade de Coronel Fabriciano, 34 anos, que tem a árdua e complicadíssima missão de fazer a torcida do São Paulo se esquecer do grande ídolo Rogério Ceni.

Talvez a palavra certa não é “esquecer” e, sim, não fazer as cobranças exigindo que o goleiro seja um novo Rogério Ceni.

Rafael, um ótimo goleiro mesmo antes da façanha desse domingo, foi revelado pelo Cruzeiro e lá esteve desde as categorias de base, onde chegou aos 13 anos, até 2020, quando trocou a Raposa pelo Galo.

Dois anos de Atlético e Rafael chega ao São Paulo.

Além dos dois pênaltis defendidos, Rafael teve excelente atuação no decorrer do jogo e foi um dos responsáveis pelo adversário não marcar.

Parabéns ao São Paulo pela conquista e que Rafael tenha vida longa como herói.


Aonde vai

parar o Corinthians?

Do público de 42 mil torcedores que estiveram na Arena NeoQuímica nesse domingo, pelo menos 40 mil eram corintianos.

Que para lá foram com a certeza de que teriam um domingo alegre, festivo.

Afinal, o adversário é um time modesto. E entre ele e o Corinthians, há uma distância quase tão grande como os 400 quilômetros que separam as cidades de São Paulo e Novo Horizonte, pacata cidade de 38 mil habitantes.

Mas o futebol tem esse poder de inverter papéis ou igualar situações.

E o vencedor foi o Novorizontino, 3 a 1.

Com isso, o Corinthians continua na lanterna de seu grupo no Paulistão, com apenas uma vitória em cinco jogos.

São apenas cinco rodadas, mas todo cuidado é pouco. Quando um time de futebol entra numa rota descendente, sofre muito para reverter a situação – quando consegue.

O Corinthians colocou em campo sua nova contratação, Pedro Raul, com a missão de fazer os gols que, há tempos, Yuri Alberto não consegue marcar.

Deu errado.

Com o jogo empatado em 0 a 0, Pedro Raul perdeu duas chances de marcar e deixar sua marca de artilheiro logo na estreia.

O Novorizontino não tomou conhecimento do gigante adversário e foi marcando gols: 1, 2, 3 – todos marcados pelo mesmo jogador: Jeninson.

O Corinthians só jogou bem nos minutos finais, depois de marcar o seu gol.

Advinha quem marcou? Ele mesmo, Yuri Alberto.

Te cuida, Timão!


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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi FOTO SOFIA MARINHOdurante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

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