
by Igor Kopelnitsky (1946-2019), desenhista ucraniano-americano
Trapaça. Por José Horta Manzano
Trapaça… O objetivo era forjar um rápido enriquecimento ilícito para a numerosa parentada. Apostou-se na certeza de recebimento de cartão amarelo pelo futebolista. Tanto o rapaz fez, que conseguiu chamar a atenção do árbitro. E levou o tal cartão…

Futebolista de um time do Rio de Janeiro convocou família e amigos para organizarem, juntos, uma fraude. O objetivo era forjar um rápido enriquecimento ilícito para a numerosa parentada. Apostou-se na certeza de recebimento de cartão amarelo pelo futebolista. Tanto o rapaz fez, que conseguiu chamar a atenção do árbitro. E levou o tal cartão, fazendo feliz a família toda, cada um embolsando o prêmio correspondente a sua aposta.
Numa primeira apreciação do caso, o promotor havia concluído que essa fraude é comum no futebol brasileiro e que não valia a pena repreender.
Sem ser especialista em futebol (e muito menos em aposta esportiva), discordo do promotor. Não me parece normal que um crime, por ser cometido frequentemente e por muitos indivíduos, seja menos grave. Não estamos aqui falando de futebol de várzea, mas de jogo profissional.
Com a prática da fraude, os infratores estão:
- passando a perna em outros cidadãos que apostaram certinho, sem embuste;
- frustrando a veracidade daquilo que um dia foi “jogo bonito” e que hoje está mais para “me engana que eu gosto”;
- incentivando colegas futebolistas, principalmente os novatos, a seguir o mesmo caminho e perpetuar a trapaça como modo de enriquecimento pessoal.
Longe do entendimento do mencionado promotor, entendo que cidadãos como o ora indiciado jogador devem ser punidos com rigor, incluindo algumas semanas de cadeia firme. Entre as ferramentas da prevenção, um exemplo de firmeza das instituições vale mais que mil ameaças.
- Crime em bando organizado.
- Crime contra a transparência do esporte nacional.
- Fraude visando a lograr o grande público.
Vejam que, para tipificar o “malfeito”, denominações não faltam.
Família que trapaceia unida permanece unida? Nem sempre. Tremai, famílias trapaceiras, tremai!
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JOSÉ HORTA MANZANO – Escritor, analista e cronista. Mantém o blog Brasil de Longe. Analisa as coisas de nosso país em diversos ângulos, dependendo da inspiração do momento; pode tratar de política, línguas, história, música, geografia, atualidade e notícias do dia a dia. Colabora no caderno Opinião, do Correio Braziliense. Vive na Suíça, e há 45 anos mora no continente europeu. A comparação entre os fatos de lá e os daqui é uma de suas especialidades.
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