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Conversas de 1/2 minuto (15). Por José Paulo Cavalcanti Filho

–  Mais conversas, em livro que estou escrevendo (título da coluna)

ADOLFO SUÁREZ (GONZÁLEZ), presidente da Espanha. Com o fim da ditadura do generalíssimo Francisco Franco, o país vivia o caos. Para retomar mínimos de estabilidade econômica e governabilidade, reuniram-se sob sua coordenação todos os partidos, sindicatos e entidades patronais. Até que, em 25/10/1977, nasceu o Pacto de Moncloa (o nome vem de ter sido firmado, o acordo, na sede do governo, o Palacio de La Moncloa). Em Brasilia, perguntei a ele

– Presidente. O que foi, exatamente, o Pacto de Moncloa?

– O pacto foi a negociação do pacto.

 CHICO BUARQUE DE HOLANDA, músico. Entrou num barulho que não era dele. Tudo começou quando seu Luiz Murá, contador antigo, foi até a Receita Federal. Para tirar dúvida de cliente. Lá foi atendido por Carmem Pimentel, como sempre, Auditora Fiscal de Tributos Federais. Depois de lhe dar todas as orientações, e só para fazer graça, cantou um trecho de A Banda

– O velho fraco esqueceu o cansaço e pensou

Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou…

Só não contava é que seu Luiz Murá respondesse à provocação na mesma toada, cantando um outro trecho da mesma música

– E a moça feia debruçou na janela

Pensando que a banda tocava pra ela.

 EVALDO COSTA, servidor público. Clonaram seu celular. E soube disso quando recebeu mensagem, no zap,

– Favor mandar 500 reais, que estou precisando. Assinado, Gustavo Dubeux.

Respondeu

– Agora não posso, que acabei de emprestar 50 mil a João Carlos Paes Mendonça.

Para quem não conhece os personagens, Gustavo e João Carlos são multimilionários. Enquanto Evaldo pena, todo mês, para sobreviver com seu salário. Só os ladrões não acharam graça.

JOSÉ, filho. Mandei, pelo zap, foto de uma codorna assada, crocante, de dar água na boca. Ele

– Isso é codorna?

– Era.

 JOSÉ MÚCIO MONTEIRO, ministro do TCU. Em 1986, foi candidato a governador de Pernambuco. Tendo, como adversário, Miguel Arraes. Em Petrolina, depois de comer buchada, precisou desesperadamente ir ao banheiro. Estava fechado. Um assessor bateu na porta. E ouviu, dentro, voz feminina

– Num tá vendo que tem gente?

– Saia logo que o governador precisa usar o sanitário.

– Dr. Arraia tá aí?

– É o governador José Múcio.

– Agora é que eu não saio mesmo daqui.

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José Paulo Cavalcanti FilhoÉ advogado e um dos maiores conhecedores da obra de Fernando Pessoa. Integrou a Comissão da Verdade. Vive no Recife. Acaba de ser eleito para a Academia Brasileira de Letras, cadeira 39.

jp@jpc.com.br

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